Bandido de colarinho branco é menos perigoso que um bandido com arma em punho?

Já escrevemos neste espaço sobre uma pesquisa feita no Brasil na qual 70% da população defende que "bandido bom é bandido morto". Hoje trago alguns questionamentos para aqueles(as) que defendem essa tese: vocês pensam assim para qualquer bandido mesmo? Neste momento refiro-me ao caso dos desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que foram "agraciados" com mais de 65 milhões em propinas com vendas de sentenças. Ou esses merecem um tratamento diferenciado, se considerar que os crimes que cometeram não são tão nocivos e não ceifaram vidas humanas?

Vocês sabiam que esses que assaltam os cofres públicos são considerados piores que aqueles que cometem latrocínio, ou seja, que cometem roubo seguido de morte? Um bandido que mata um paí ou mãe de família para roubar pode destruir dez ou "n" pessoas/famílias; um bandido de toga, um político, um servidor público corrupto pode  destruir centenas ou milhares de outras vidas.

Um promotor de justiça da Bahia certa vez confessou-me:  "Em um júri popular, sou capaz de condenar um corrupto e votar pela absolvição de alguém que praticou um latrocínio". Curioso, quis saber por que o promotor foi taxativo? "Luiz, talvez essa pessoa que tirou a vida de outra pessoa para roubar não teve a oportunidade de trabalhar, de estudar porque alguém tirou-lhe estas oportunidades desviando os recursos que lhe seriam devidos", respondeu-me.

Essa é a triste realidade que vivemos no Brasil, pessoas que tiveram oportunidade de estudar, cursar as melhores faculdades, públicas ou privadas, chegaram no topo da carreira ganhando altos salários com muitas vantagens, bancados com nosso dinheiro suado e, no entanto, não se contentam e metem a mão roubando milhões alheios.

Nós precisamos tratar a causa e não o efeito. É preciso punir exemplarmente os corruptos e corruptas, não importando o cargo que a pessoa ocupe, pois só assim daremos o exemplo e contribuiremos para a diminuição dessas práticas e de quem as praticam, esses ou outros tipos de crimes bárbaros diariamente no Brasil.

Por fim, talvez aqueles que continuam defendendo que "bandido bom é bandido morto", e que muitas vezes atribui tal defesa apenas aos menos favorecidos, miserável, pobre-diabo que não tem estudo, preto, de periferia ou coisa que o valha, talvez possam entender que bandido é bandido. E são todos muito perigosos, todos matam, Independente do modus operandi.

Ou você vai continuar defendendo que bandido de colarinho branco é menos perigoso que um bandido com arma em punho? Bandido é bandido.

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Por Luiz Santos jornalista e radialista