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E o famigerado imposto? Será?

Por Marco Aurélio, agente de tributos e diretor do Sindsefaz, da Secretaria Estadual da Fazenda

03/09/2025 09h33 Atualizada há 6 horas
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Reprodução
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Há alguns dias, comerciantes de Feira de Santana promoveram um “dia sem imposto”. Foi um dia de festa. Só em um posto de gasolina, próximo à rodoviária, a fila ia até Amélia Rodrigues. Outros comércios também entraram na onda, e a população comemorou. Tudo bem. Mas, diante disso, lanço aqui uma proposta: um dia sem serviços públicos.

Vamos começar sem as forças policiais. Afinal de contas, será apenas um dia, e com certeza não fará falta, não é? Se você for assaltado, não poderá ligar para o 190. Nada de guardas municipais, guardas de trânsito, polícia civil ou rodoviária;

Nada de SAMU, UPA, UBS, SUS ou hospitais públicos. Se precisar, é só chamar os serviços privados de saúde. Coleta de lixo? Nem pensar. Varrer ruas e praças? Esqueça. E você também não poderá colocar o lixo na rua, terá que “se virar”.

Todas as sinaleiras serão desligadas, afinal, quem paga por isso são os impostos.

Idosos, cadeirantes e crianças pagarão suas passagens no transporte coletivo. Para ir à escola ou universidade, nada de merenda, fardamento ou livros distribuídos gratuitamente, tudo será cobrado. Então, será que o problema é só o imposto?

O que precisa acontecer no Brasil é o que já ocorre na maioria dos países civilizados: maior fiscalização sobre quem administra os recursos públicos e uma quantidade maior de contribuintes. Fazendo uma analogia com uma conta de bar: quanto mais gente paga, menos cada um terá que pagar. O que precisa ser feito é cobrar de quem não paga, acabar com privilégios e com a elisão fiscal. Que tal se o Brasil resolvesse “americanizar” os procedimentos e criminalizar de fato a sonegação? Como dizia Raul Seixas: “Ei, Al Capone, vê se te emenda, já sabem do teu furo no imposto de renda”.

No Brasil, sonegar é um grande negócio — coisa de poderosos. Há a certeza de que nada vai acontecer. Quando muito, haverá uma redução de juros e multas e, ainda, a possibilidade de parcelamento para pagamento — o famoso REFIS —, que é um verdadeiro afronta a quem paga corretamente.
Cito alguns exemplos de segmentos que pagam pouco ou quase nada de impostos, mas são utilizados por mais de 90% da população de Feira de Santana:

•Estacionamentos: serviços caríssimos, muitos com apenas um funcionário.
•Salões de beleza: praticamente 99% da população utiliza, sobretudo as mulheres, com custos elevadíssimos.
•Academias: espalhadas por toda a cidade, com mensalidades nada acessíveis.
•Shows artísticos: ingressos que chegam a custar R$ 800, sem falar nos camarotes.

Sem medo de errar, diria que menos de 1% dos usuários desses serviços já recebeu uma nota fiscal. Muitos desses estabelecimentos sequer possuem registro de funcionamento na prefeitura e, quando têm, nunca são fiscalizados. Essa omissão faz com que os gestores permitam tal aberração tributária. Preferem aumentar os impostos de quem já paga a cobrar de quem nunca contribui.

2 comentários
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JOAO MARCELO AZEVEDO GOMESHá 3 horas Feira de SantanaParabéns pelo comentário.
TenorioHá 3 horas Cruz das almasPerfeita reflexão
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