Por Emanueli Pilger, Mestra em Comunicação pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
Outro dia, acompanhando um vídeo no TikTok, ouvi um grande empresário brasileiro relatar em um podcast que a maior alegria da sua semana era quando conseguia sentar para almoçar no refeitório de uma de suas empresas, junto aos funcionários da linha de produção. Comia a mesma comida simples, compartilhava um papo saudável sobre o dia a dia da fábrica e saía dali renovado. Essa fala me fez refletir profundamente sobre o que realmente valorizamos na vida e sobre a importância dos momentos simples.
O contraste veio imediatamente à minha mente quando pensei na história do Rei Pelé. Sua primeira mansão, localizada em Santos, está hoje no centro de uma disputa judicial entre seus herdeiros. Enquanto a partilha se arrasta, a casa está se despedaçando, destruída em um processo de inventário que parece não ter fim, simplesmente porque os filhos não conseguem entrar em acordo.
Isso tudo nos faz questionar: o que estamos realmente fazendo aqui? Trabalhamos tanto, economizamos, juntamos patrimônio, construímos uma vida — mas, quando partimos, deixamos para trás não apenas nossos bens, mas também, muitas vezes, discórdias que transformam familiares em inimigos. Pessoas que não contribuíram para construir aquilo que temos acabam se digladiando, brigando por algo que deveria ter sido símbolo de união.
Eu vivi essa dor de perto quando perdi minha mãe. Nossa família se dividiu por causa de uma casa. Irmãos, que deveriam ter na dor da perda um momento de união, tornaram-se inimigos, romperam laços por algo material. É uma ferida difícil de cicatrizar.
Essas experiências, pessoais e que vemos ao nosso redor, nos levam a refletir sobre nosso papel nesta vida e sobre a necessidade de valorizar o presente. Trabalhamos tanto quando jovens, e, ao chegar na terceira idade, muitas vezes estamos doentes, sem saúde, sem disposição para aproveitar o que acumulamos. E mesmo o patrimônio que conquistamos, não raro, acaba servindo apenas de motivo para conflitos entre aqueles que amamos.
Hoje, aos 44 anos, tenho me dedicado a essa reflexão: precisamos aproveitar melhor nossos dias ao lado das pessoas que amamos. Transformar momentos simples em grandes eventos, pois são justamente eles que nos marcam e nos fazem felizes. Estar presente na festinha de aniversário de um amigo, cantar parabéns, comer um pedaço de bolo. São nessas pequenas coisas que se revelam as grandes alegrias da vida, os instantes que se transformam em memórias.
Afinal, nós não estamos aqui para resolver todos os problemas do mundo. Infelizmente, não conseguiremos sanar todas as dores do planeta. Mas podemos cuidar da nossa alma, cuidar do nosso coração, cultivar momentos de amor, de amizade, de presença genuína.
E você, já parou para refletir sobre o que está fazendo para colecionar boas memórias? Não agora, mas para levar consigo daqui a alguns anos, quando olhar para trás? O tempo passa rápido. É preciso observar. Cuidar. E aproveitar.
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