A gente precisa falar, com todas as letras, sobre as fragilidades femininas. Sobre como a carência e a dependência emocional, quando não são reconhecidas e cuidadas, podem nos colocar em situações perigosas.
Essa semana, vimos mais um caso estarrecedor: o tal “macho alfa”, mentiroso, que matou um gari no meio do trabalho por uma futilidade. O assassino é casado, ou ainda é, com uma profissional da segurança pública. E a arma usada no crime? Registrada em nome dela.
Não é a primeira vez que uma profissional da segurança, com acesso a informações privilegiadas, se vê envolvida com um homem de passado sombrio. Não se trata de um caso isolado, mas de um padrão: homens violentos que criam fachadas sedutoras e conseguem enganar, manipular e dominar, até mesmo mulheres fortes, preparadas e independentes.
E agora, no caso do “Super-homem da Shopee” apelido dado porque ele vivia editando fotos no Photoshop para se mostrar mais bonito, másculo e irresistível o histórico também é pesado: violência doméstica, processos, mentiras no currículo. Um personagem falso do início ao fim.
A minha intenção aqui não é julgar mulheres que se envolveram com esse tipo de figura. É alertar. Porque relacionamentos abusivos dão sinais desde o início, mas quando estamos fragilizadas, seja pela carência, seja pela dependência emocional, esses sinais podem se tornar quase invisíveis. E isso não é culpa da vítima: é resultado de manipulação, de isolamento, de uma sociedade que ainda nos ensina a romantizar o sofrimento em nome do amor.
Amigos, familiares e colegas também têm um papel fundamental. É impossível que alguém com um histórico como o desse indivíduo não tenha deixado pistas. A família, principalmente, precisa estar atenta: não basta perceber os sinais. É preciso acolher, conversar, orientar e oferecer suporte para que a mulher não se sinta sozinha. Muitas vezes, ela não consegue enxergar ou reagir sozinha, não por falta de inteligência ou coragem, mas porque está presa em uma rede de dependência afetiva e psicológica.
E aí vem a pergunta que dói: como a carência e a dependência emocional, tão humanas e compreensíveis, podem nos cegar diante de sinais que estavam ali? O problema é que, em vez de apoio, muitas mulheres acabam isoladas, carregando o peso de um relacionamento abusivo sem que a rede ao redor consiga intervir a tempo.
Por isso, nós, mulheres, precisamos cuidar da nossa saúde mental, fortalecer a autoestima e romper com padrões de dependência afetiva. Mas não é só responsabilidade individual: a sociedade inteira precisa assumir o compromisso de proteger as mulheres. Redes de apoio, instituições, famílias e amigos precisam estar atentos. Porque amor não pode ser contrato de risco. Carência não pode ser sentença de morte. E dependência emocional não pode continuar sendo uma prisão invisível para tantas mulheres.
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