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Vendedora baiana diz que foi impedida de vender acarajé em evento nos EUA

Baiana Andréia Santos

10/09/2022 07h33
Por: Fonte: Conectado News
 Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

A baiana Andréia Santos, de 34 anos, disse que foi impedida de vender acarajé no Brazilian Day, evento destinado a brasileiros que moram nos Estados Unidos, realizado na Filadélfia no último domingo (4). A mulher, que é agente de viagens, contou ainda que teve um prejuízo de US$ 10 mil, o que corresponde a cerca de R$ 51 mil.

Em entrevista ao g1 nesta sexta (9), ela disse que o valor investido corresponde aos ingredientes comprados, maquinários, equipamentos e taxa para participar do evento.

Natural de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, Andréia mora há cerca de três anos com a filha, de 11, na Filadélfia, nordeste dos Estados Unidos. Após deixar o Brasil, ela continuou com o trabalho de agente de viagens, mas com atuação no e-commerce (vendas pela internet). No entanto, pensou na possibilidade de ter uma renda extra e escolheu a venda de acarajé para complementar o orçamento.

"Aqui a gente encontra muita escassez de produtos brasileiros. Por necessidade de sentir o gostinho de casa, comecei a fazer acarajé durante a pandemia [da Covid-19]. Tanto para sobreviver, fazer uma renda extra, quanto para mostrar a cultura baiana e brasileira aqui nos Estados Unidos", contou.

No último domingo, o que era para ser a primeira participação em um grande evento no centro da cidade, se transformou em tristeza depois que a Andréia foi proibida de vender os quitutes baianos no Brazilian Day.

“Foram meses de preparação com papéis e licenças, semanas de trabalho e dinheiro investido para no final ir tudo [comida] para o lixo”.

O g1 entrou em contato com a organização do evento para pedir um posicionamento, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Segundo Andréia, ela demorou cerca de duas semanas para comprar todos os produtos necessários para a receita e preparar os acarajés.

"Comprei mais de 15 caixas de camarão fresco, cinco caixas de quiabo, 30 quilos de cebola, entre outros. A expectativa era atender cerca de quatro mil pessoas", detalhou.

Andréia já participou de outros eventos, mas não com a mesma proporção do Brazilian Day. Ela afirmou que foi convidada por um dos organizadores e estava empolgada, assim como os clientes que já costumam comprar acarajé com a baiana.

“A pessoa que fazia parte da organização do evento me chamou no WhatsApp, me passou todas as instruções do que eu deveria fazer para poder participar do evento, me mandou os links da prefeitura da cidade, de como que eu deveria fazer todo o processo. Eu precisava tirar as licenças, sendo que eu já tenho companhia aberta, que no caso é a empresa. Eu já tenho uma empresa aberta aqui e fui atrás dessas licenças", detalhou.

Andréia contou que mesmo depois de cumprir todos os pré-requisitos, ao chegar no evento, foi impedida de vender os acarajés por um fiscal da vigilância sanitária.

"Quando eu cheguei, uma das organizadoras do evento me mostrou aonde seria a minha barraca e me perguntou se eu precisava de energia. Eu disse que sim, porque eu iria levar um freezer para poder manter a temperatura dos alimentos e que eu tinha essa necessidade. Ela me conduziu até a minha barraca e eu comecei a descarregar o caminhão", relembrou.

Quando Andréia iniciou a montagem a barraca e organizou o maquinário para fritar os acarajés, o fiscal da vigilância sanitária chegou ao local.

"Ele falou para mim assim: 'você não vai poder vender, você não tem autorização para estar aqui'. Eu falei: 'não, eu tenho uma autorização para estar aqui, sim'. Aí ele pegou a minha licença e eu mostrei todos os meus papéis para ele. Ele olhou as licenças e falou: 'ok, mas você trouxe os alimentos sem eu falar que já podia'", relatou.

O fiscal disse que a baiana manuseou os alimentos sem estar com um determinado equipamento, o Hand Washing Station, usado para lavar as mãos.

"Eu realmente não tinha esse equipamento, mas eu não tive esse equipamento não foi por falta de conhecimento, foi porque o organizador do evento falou para eu não me preocupar com muita coisa. Ele [organizador] disse que tem coisa que os fiscais falam que é só para pegar no pé e me garantiu que eu seria aprovada", relatou.

Mas não foi o que aconteceu. Andréia foi impedida de vender os quitutes e teve o prejuízo de US$ 10 mil. Após o ocorrido, ela foi para casa e teve que jogar toda a comida no lixo, porque enquanto tentava resolver a situação, a comida ficou azeda.

A baiana disse que não pretende registrar Boletim de Ocorrência, mas decidiu comentar sobre o ocorrido em uma rede social para alertar outros brasileiros que queiram participar de eventos semelhantes nos EUA.

“Não tenho intuito de prejudicar ninguém, nem encontrar culpados, tudo serve de aprendizado”

"Não faço questão de registrar Boletim de Ocorrência, porque aqui as coisas não funcionam dessa forma. Quando o fiscal disse que não tinha o que fazer, teoricamente estava tudo dentro da lei da parte dele. Só quis relatar, porque muita gente não sabe o que acontece. Tem gente que mora aqui há mais tempo e vende um sonho daquilo que não existe", disse.

Apesar de ter passado por essa situação, a baiana pretende continuar nos Estados Unidos.

"Me encontrei aqui e escolhi este país para chamar de lar. Aqui nós temos segurança de andar nas ruas sem preocupação de ser assaltados, morei na capital de São Paulo por 10 anos e vivia com medo. O poder de compra aqui também nos da mais oportunidades", contou.

 

Fonte G1

 

 

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