Quinta, 30 de Outubro de 2025
(75) 99168-0053
Bahia Denúncia

Família de idoso falecido acusa Hospital de negligência

Pedro Alves faleceu na segunda (22) por conta de feridas no corpo

23/08/2022 15h52 Atualizada há 3 anos
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Divulgação
Divulgação

A família do idoso Pedro Alves, 85 anos, falecido na segunda-feira (22), procurou o Conectado News para denunciar o descaso no Hospital Municipal de São Gonçalo dos Campos-BA. Representando a família, Edilton da Silva Santos, sobrinho do idoso, relatou todo o esforço feito pela família para cuidar do idoso, o que segundo ele não houve por parte do hospital, que deu alta médica ao paciente mesmo sem ter condições, informações desencontradas, entre outros acontecimentos.

"Ele estava internado no Hospital de São Gonçalo dos Campos, passados alguns dias deram alta médica a ele, mandando-o vir para casa, porém não era o caso, porque ele apresentava ferimentos adquiridos dentro do hospital devido ao tempo de internação. Ele não estava bem, passou mal e o levamos novamente ao hospital. Ao  passar dos dias, a família fez uma campanha para arrecadar um valor entre familiares, porque não tivemos apoio do secretário e do prefeito para comprar um colchão que poderia auxiliar na cicatrização dos ferimentos, conseguimos um colchão d'água, levei até o hospital e os profissionais não souberam informar,  disseram que aquele colchão não servia, mandaram comprar um outro tipo de colchão tipo “placa de ovo”, comprei, retornei ao hospital com esse colchão e mais uma vez não aceitaram, disseram a minha prima que o colchão seria o d'água. Retornei ao local mais uma vez e troquei, dessa vez, aceitaram. Porém, cada dia que se passava, os ferimentos do meu tio pioravam, era de partir o coração, os profissionais não davam assistência, os cuidados necessários, a situação piorava cada dia mais, fazendo com que os familiares se juntassem novamente em uma campanha nas redes sociais para arrecadar um valor e contratar uma profissional técnica em ferimentos para tentar resolver o problema das feridas, ele veio a óbito ontem à tarde, não deixaram profissional entrar no hospital. Nesse momento estamos no velório na casa dele, foi um descaso, há outros relatos do pessoal que estavam acompanhando, muitos casos de pessoas que entraram e morreram, famílias que perderam seus entes queridos naquele hospital, o descaso está grande, as pessoas entram e não sabem se sairão vivas do local, acredito que o secretário de saúde e o prefeito estavam sabendo dessa situação, como ele é um administrador do município, penso que essas coisas devem ter chegado até ele", disse.

Ainda segundo Edilton, a Prefeitura de São Gonçalo dos Campos faz propaganda enganosa em suas redes sociais a respeito da saúde no município: "Nas redes sociais da Prefeitura há postagens dizendo que o hospital está equipado, a saúde uma maravilha, mas isso é mentira, porque não é isso que a gente vê", afirmou. 

CN - O que ocasionou a necessidade da internação do seu tio no hospital de São Gonçalo?

Edilton - No hospital os profissionais relataram temperatura alta. 

CN - Ele já possuía problema de saúde?

Edilton - Ele era diabético, hipertenso. 

Cristiane Pereira dos Santos, neta de Pedro Alves, disse que até pediram para transferir o avô, mas foi negado.

"Conversamos para tentar resolver o caso, transferir para outro hospital, nos disseram que não havia possibilidade de transferência para fazer a regulação, ao passar dos dias a situação foi piorando, um caso muito difícil, ferimentos graves, chegaram a dizer que não foi culpa do hospital, mas em casa ele não tinha esses ferimentos nas costas, fizeram uma raspagem no local para ver se cicatrizava, mas piorou ainda mais, infeccionou, comendo a carne por dentro,  ficando podre, com um mal cheiro horrível. Uma médica que veio até mim, falou que chegou para mim falou e a família que não tinha mais esperança no caso dele porque o rim não funcionava mais", disse. 

CN - Quantos dias ele ficou internado no mês de agosto? 

Cristiane - No mês de agosto foram 14 dias internado, recebeu alta e voltou para casa, ao chegar em casa uma médica da unidade disse que ele estava com o oxigênio baixo e a temperatura alta, retornou ao hospital e lá ficou do dia 3 a 22 de agosto, vindo a óbito. 

CN - Vocês pretendem acionar o Ministério Público?

Cristiane - Com certeza, tem que haver providências, porque foi o meu avô, mas também poderia ser outra pessoa passando pela mesma situação. Ele veio a óbito, mas eu creio que com isso, aparecerão outras pessoas que estão precisando, tem que tomar providência, deixar entrar no hospital profissionais para realizar os atendimentos especializados. Referente a profissional que contratamos não tem culpa de nada, era a única profissional, tivemos que contratá-la para poder atender o meu avô, ela não trabalha pelo SUS, Prefeitura, somente particular.

A Prefeitura de São Gonçalo dos Campos se manifestou através de nota sobre o caso.

Sobre os fatos que estão sendo noticiados, cumpre esclarecer que não houve recusa para maiores atendimentos nem negligência no tratamento do paciente. O paciente esteve hospitalizado e recebeu alta no dia 22 de julho. Apenas em 01 de agosto os responsáveis por ele buscaram a Unidade de Saúde de sua região para realização dos curativos necessários ao tratamento. Sabendo da situação do paciente, em 03 de agosto a médica da Unidade realizou visita em domicílio e o levou imediatamente de ambulância para o Hospital Municipal. Após sua entrada no hospital, no mesmo dia, foi verificado que o paciente já estava com os ferimentos no corpo. Durante todo o período que ele se manteve internado, o paciente foi acompanhado pela equipe e recebeu todos os cuidados necessários, inclusive, tendo sido avaliado pelo cirurgião do hospital.

A Secretaria ressalta que tudo o que era de competência e estava ao alcance do Hospital Municipal de São Gonçalo foi feito. Os profissionais adotaram todas as medidas possíveis nos protocolos clínicos pertinentes ao caso. O paciente foi estabilizado, medicado, internado e colocado em tela de Regulação. Como se sabe, a gestão da Regulação é de competência do Estado, cabendo ao hospital aguardar a distribuição de vagas feita por ele.

Em razão da ética, o município não pode detalhar o tratamento do paciente, mas, em contrapartida, não pode permitir que sejam divulgadas inverdades levando insegurança à população.

Ouça a entrevista na íntegra em nosso podcast.

Nenhum comentário
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.