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Voto impresso e o diversionismo de Bolsonaro: continuo torcendo

Por Carlos Alberto

07/08/2021 19h49 Atualizada há 4 anos
Por: Ana Meire Fonte: Conectado News
Mauro Pimentel/AFP Leia mais em: https://veja.abril.com.br/blog/radar/voto-impresso-e-risco-a-democracia-dizem-servidores-em-manifesto/
Mauro Pimentel/AFP Leia mais em: https://veja.abril.com.br/blog/radar/voto-impresso-e-risco-a-democracia-dizem-servidores-em-manifesto/

 

Que o presidente da República, uma dúzia de políticos e alguns seguidores seus vivem a atacar a urna eletrônica, isso todo mundo sabe. O que talvez muitos não saibam é que o maior defensor da proposta do voto impresso e mandatário-Mor da Nação brasileira, Jair Bolsonaro, em outros tempos, segundo informações colhidas, já denunciou fraude em voto impresso, foi beneficiado pelo voto impresso e até defendeu apuração eletrônica. 

(RE)LEMBRAR

Antes de seguir, não é demais lembrar que a família Bolsonaro sempre foi eleita por intermédio do sistema de captação e apuração de votos atual. Em outras palavras, o pai, Jair Bolsonaro, foi eleito deputado federal por 7 mandatos, e em 2018 foi eleito presidente da República; Flávio Bolsonaro, filho, eleito deputado estadual pelo Rio de Janeiro em 4 mandatos, e recentemente eleito senador da República, primeiro mandato; Eduardo Bolsonaro, outro filho, está no segundo mandato de deputado federal; e, por fim, Carlos Bolsonaro, o terceiro dos filhos políticos, é vereador pelo Rio de Janeiro desde janeiro de 2001, isto é, está no seu sexto mandato; todos eleitos pelo sistema de urna eletrônica.

O QUE FOI NOTICIADO

Matéria publicada pelo site www.brasildefato.com.br nesta sexta-feira, 6, noticia “Em 1993, Bolsonaro denunciou fraude em voto impresso e defendeu apuração eletrônica”. Segundo a publicação, baseada em matéria do Jornal do Brasil de 21 de agosto de 1993, “o então deputado federal de primeiro mandato Jair Bolsonaro (PPR-RJ) participou de um evento no Clube Militar, no Rio de Janeiro, para definir estratégias para a ‘salvação do Brasil’”. Na ocasião, o capitão da reserva defendeu a “informatização da apuração dos votos”.

Ainda de acordo com a publicação, em pronunciamento ao referir-se à composição política do Congresso Nacional da época, Bolsonaro afirmou “Esse Congresso está mais do que podre. Estamos votando uma lei eleitoral que não muda nada. Não querem informatizar as apurações pelo TRE. Sabe o que vai acontecer? Os militares terão 30 mil votos e só serão computados 3 mil.” Ou seja, desde aquela época já era perceptível - pra não citar outra coisa -, a estreita relação do capitão com “hipótese explicativa ou especulativa que sugere que há duas ou mais pessoas ou até mesmo uma organização que têm ‘tramado’ para causar ou acobertar, por meio de planejamento secreto e de ação deliberada, uma situação ou evento tipicamente considerado ilegal ou prejudicial”. Ou seja, com Teoria da Conspiração. 

Voltando um pouco mais no tempo, no que se refere a publicações sobre eleições, votos e apurações envolvendo Jair Bolsonaro, o Jornal do Brasil noticiou, em 17 de novembro de 1994, que o nome do então candidato a deputado, Jair Bolsonaro, estava entre os beneficiados do “Roubo no ‘varejo’”, oportunidade em que o “juiz Nélson Carvalhal descobriu quatro cédulas falsas em urnas da 24ª Zona Eleitoral” para o candidato. As cédulas, segundo noticiado, eram feitas de papel mais fino”. 

BOLSONARO E O VOTO IMPRESSO

Depois de 25 anos da implantação inicial das urnas eletrônicas nas eleições do Brasil, o uso dessas máquinas volta novamente a ser discuto. Fruto do que se pode considerar como obsessão do presidente Jair Bolsonaro que outrora defendeu a implantação da urna eletrônica, desta feita acusa o modelo de não ser confiável e alega que houve fraudes na votação de 2018, o mesmo sistema que, como já dito, tem elegido tanto ele e sua família quanto todos os demais políticos Brasil a fora, durante todo esse tempo. Vale dizer que defender uma ideia é um direito e deve ser respeitado. O problema pode ser notado a partir do momento em que a defesa dessa ideia passa a exercer soberania se confrontada com tantos problemas existentes no Brasil, e que precisam ter maior atenção dos poderes públicos, da classe política, da sociedade enfim, de quem cabe apresentar e implementar soluções com vistas a oferecer vida digna para a população.

Bolsonaro, sic, quer que a partir da eleição presidencial de 2022, os números que cada eleitor digitar na urna eletrônica sejam impressos e que os papéis sejam depositados de forma automática numa urna de acrílico. Segundo a ideia do presidente da República “em caso de acusação de fraude no sistema eletrônico, os votos em papel possam ser apurados manualmente”. Sobre isso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirma que “Desde que foi adotada, em 1996, a urna eletrônica já contabiliza 13 eleições gerais e municipais, além de um grande número de consultas populares e pleitos comunitários, sempre de forma bem-sucedida, sem qualquer vestígio ou comprovação de fraude”. 

Ex-presidentes do TSE, Associação de Magistrados, presidentes de 11 siglas partidárias, procuradores, subprocuradores, ex-presidentes da República Federativa do Brasil, organizações da sociedade civil, a sociedade em particular todos têm defendido o atual sistema eletrônico de votação. Fato é que o presidente da República, Jair Bolsonaro, e alguns dos seus apoiadores têm brigado com o TSE (tendo, inclusive, o presidente Jair Bolsonaro ter xingado de ‘filho das p...’ o presidente do TSE, Luiz Roberto Barroso, nesta sexta-feira, 7), Superior Tribunal Federal, com o próprio poder Legislativo Federal - STF (que tem o poder de mudar as regras do jogo), com outros poderes, enfim, com quem quer que seja que defenda posição em contrário ao voto impresso já para as eleições de 2022.

Enquanto, ao que parece, a única ocupação do presidente da República é defender a proposta de voto impresso que, smj, vai “salvar o Brasil”, assim como disse o capitão em 1993 no Clube Militar, no Rio de Janeiro, quando participou de reunião para “definir estratégias para a ‘salvação do Brasil’”, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados rejeitou, nesta quinta-feira, 5, por 23 a 11, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19, que torna obrigatório o voto impresso.

E AGORA?

Após a rejeição da Câmara dos Deputados à proposta referida, o presidente daquela casa legislativa, Arthur Lira, fez um pronunciamento nesta sexta-feira, 6, prometendo que “Pela tranquilidade das próximas eleições e para que possamos trabalhar em paz até janeiro de 2023, vamos levar, sim, a questão do voto impresso para o plenário, onde todos os parlamentares eleitos legitimamente pela urna eletrônica vão decidir”. Arthur disse ainda que não defenderá “qualquer movimento que rompa ou macule a independência e a harmonia entre os Poderes, e que a questão do voto impresso foi longe demais”.

Recentemente em visita feita a cidade de Presidente Prudente (SP), ao discursar, Bolsonaro disse que havia comentado com alguns parlamentares que o acompanharam, que eram “quatro os problemas que o Brasil estava sofrendo: pandemia, crise hidrológica, geadas...”. Seguindo o discurso, o presidente disse que “não ia revelar o quarto problema”, porém, o considerava como o “mais grave deles e que somente o tinha revelado para os parlamentares que viajaram comigo”, disse Bolsonaro naquela visita em 31 de julho último.

POR QUE CONTINUO TORCENDO?

Depois de assistir numa das dez maiores economias do mundo, o Brasil, cuja população é a sexta maior do planeta (mais de 212 milhões de habitantes) - pra não elencar tantas riquezas deste país -, o presidente da República eleger como única defesa a proposta de voto impresso;

Depois de assistir brigas/xingamentos entre pessoas, instituições, poderes... colocando em risco, inclusive, a Democracia e o Estado Democrático de Direito, devido ao clima tenso criado pelo mandatário desta Nação, com aval de alguns brasileiros e brasileiras;

Depois de ouvir/assistir/ler de um negacionista contumaz frases to tipo “tem de enfrentar o vírus de peito”, “não podemos ser um país de maricas”, “essa vacina n]a tem eficácia”, “está provado que lockdown não funciona”, “eu não vou tomar vacina”, “é só uma gripezinha”, “se você virar jacaré”, “vão ficar chorando até quando”? “basta de mimimi”, “não sou coveiro”, “todo mundo morre um dia”, “quer que eu faça o que”, “quer que eu compre vacina aonde? Só se for na casa da sua mãe”. Tudo isso enquanto milhares de pessoas morriam e continuam morrendo e algumas pessoas continuam a defender isso;

Depois de perceber a insensibilidade de alguns seres humanos, que preferem dar mais atenção à discussão sobre urna eletrônica que urnas funerárias, pois somente no Brasil até esta sexta-feira, 6, já morreram de covid-19 561.762 pessoas, fora tantas outras vidas perdidas para a violência, fome e outras mazelas que afligem a sociedade brasileira;

Depois de ouvir o presidente da República citar três dos quatro grandes problemas brasileiros que ele disse que o país enfrenta, não citando o quarto problema, mas, quiçá, deve ser a “necessidade de aprovação da proposta do voto impresso pelo Congresso Nacional”, e considerar que esse é o mais grave de todos, sem, no entanto, considerar que a morte de tanta gente pela covid é o maior problema do Brasil no momento; 

Depois de acompanhar dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) dando conta que mais de 14.7 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil atualmente;

Depois de acompanhar matéria do g1, de 05 de abril último, a partir de estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), dizer que “Número de brasileiros que vivem na pobreza quase triplicou em seis meses”;

Depois de entender o quanto o Brasil está sendo prejudicado politicamente, economicamente, socialmente... [mente], com tudo o que está acontecendo, sobretudo com as Manobras usadas em reuniões, discussões ou plenárias, que consistem em recorrer a artimanhas, a fim de prejudicar a discussão de um ponto, para evitar sua aprovação, forçar um adiamento. Em outras palavras, sendo prejudicado com o DIVERSIONISMO do presidente da República;

Depois de assistir um presidente da República acuado e preso a um bloco político (conhecido como Centrão) ao qual tanto o presidente quanto ministros seus sempre , inclusive, nominado de “grupo ladra”, e esse mesmo governo se entregar a tal grupo para não sofrer um Impeachment;

Depois de assistir o presidente do Brasil, no exercício do cargo, Jair Bolsonaro, ser investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Polícia Federal (PF), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Supremo Tribunal Federal (STF);

Por fim, depois de acompanhar a defesa intransigente do VOTO IMPRESSO e com o DIVERSIONISMO de BOLSONARO eu CONTINUO TORCENDO. Não para que o Congresso Nacional aprove a proposta em plenário. Jamais. Até porque segundo ratificado por muitos o sistema atual de voto eletrônico atual é confiável e eu defendo essa confiabilidade; mas torcendo para que em sendo pautada a proposta, que seja logo rejeitada tal qual foi na Comissão Especial. E assim o Brasil volte a: ser um país da paz; crescer economicamente, desenvolver-se cada dia mais; oferecer saúde de qualidade aos seus filhos e filhas; enfrentar com seriedade a pandemia da Covid-19 enfim, que voltemos a viver com paz de espírito. E que venham as eleições de 2022. 

FSA-BA, 07.08.2021 - Parabéns ao futebol masculino do Brasil! Bicampeão olímpico.

 

Por Carlos Alberto professor e radialista 

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