Era início da década de 90 quando o santo-amarense Caetano Veloso lançou a música intitulada FORA DA ORDEM. No segundo verso, diz o autor:
“Aqui tudo parece
Que era ainda construção
E já é ruína
Tudo é menino, menina
No olho da rua
O asfalto, a ponte, o viaduto
Ganindo prá lua
Nada continua”.
Antes de seguirmos, cabe contextualizar que quando falamos em nova ordem, em escala mundial, grosso modo, estamos nos referindo às configurações gerais das hierarquias de poder existentes entre os países do mundo. Ou melhor, nos referimos ao atual contexto das relações políticas e econômicas internacionais de poder.
* ORDEM MUNDIAL*
Quanto às “ordens mundiais”, segundo alguns autores, em nível internacional, já vivemos em um mundo BIPOLAR, quando um “lado” vivia sob o comando da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), enquanto o outro “lado” seguia as ordens dos Estados Unidos da América (USA). Esse tempo, conta a história, durou entre 1947 e 1991 e ficou conhecido como Guerra Fria. Com a queda do Muro de Berlim (1989) e o fim da URSS, o poder econômico e militar do mundo ficou com os EUA. A partir daí, as considerações eram que vivíamos um mundo UNIPOLAR. Ou seja, dominado pelos americanos do Norte.
O tempo passou, o mundo conheceu o crescimento, sobretudo econômico, da União Europeia, do Japão e da China. Assim, novamente analistas e cientistas políticos voltam a denominar a nova configuração mundial de relações de poder e desta feita a chamam de ordem MULTIPOLAR. Por fim, no que diz respeito a esta contextualização, vale destacar que como nenhum outro país do mundo, sic, possui o poderio bélico e nuclear que os Estados Unidos possuem, vive-se hoje um mundo considerado, segundo o site www.mundoeducacao.com.br, UNIMULTIPOLR. “Uni” no sentido militar, pois os Estados Unidos é líder incontestável. “Multi” em razão das diversas crescentes econômicas de novos polos de poder, sobretudo a União Europeia, o Japão e a China.
ÍNDICES BAIANOS
Voltando à Terra de Todos os Santos, a Bahia, sem esquecer o texto de parte da letra da música de Caetano, no plano local, temos que analisar alguns indicadores baianos os quais são mais “palpáveis”, como se diz no popular. Antes, porém, registro que em 19 de julho pp, escrevi e foi publicado neste espaço um artigo intitulado “Pense num absurdo, na Bahia tem precedente!” disponível aqui https://www.conectadonews.com.br/noticia/9852/pense-num-absurdo-na-bahia-tem-precedente, a quem interessar. Pois, eis que surge algo que parece novo, levando-me a concordar com o que disse Veloso: “Aqui tudo parece”.
Na área Educação, matéria publicada no www.g1.com.br, em 03.09.2018, diz que “Ensino médio da Bahia fica em último lugar em avaliação do MEC”. O site www.correio24horas.com.br de 16.09.2020 traz a matéria intitulada “Ideb 2019: Bahia não atinge meta e tem 3º pior desempenho do país entre alunos do Ensino Médio”. Considerando que estamos vivendo em tempos de educação à distância, ou seja, em tempos de pandemia do novo coronavirus, o site www.bahianoticias.br, de 19 de fevereiro deste ano estampa a seguinte manchete: “Bahia tira nota 0 e fica em último lugar em índice de educação pública à distância”. E pra não dizer que tudo “parece” “Ruim” nesta área, destacamos notícia do site www.aratuon.com.br, de 24 de julho último, que diz “Apesar de melhora no Ideb, Bahia aparece como quinto pior estado em índice que avalia a educação no país”.
Quanto aos índices da Segurança Pública neste estado, de acordo com consulta realizada na rede, em 25 de maio de 2020 ao divulgar dados do Monitor da Violência, o G1 noticiava que “Bahia é o estado com maior número de crimes violentos em março de 2020”. O site www.atarde.com.br em 28.08.2020 publicou “Bahia possui maior número de homicídios no país, aponta levantamento”. A matéria discorria que a Bahia lidera a lista de estados com maior número de vítimas de homicídios no Atlas da Violência 2020, segundo estudo produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Já o site www.bahiajornal.com.br de 06.01.2021, destaca “Bahia segue colecionando indicadores negativos na Segurança Pública”. A matéria, entre outros números, trata sobre a remuneração paga aos policiais. E por aí vai.
CORONAVÍRUS NA BAHIA
Sem mais delongas, entremos na pasta da Saúde. Essa, sem sombra de dúvidas tem sido destaque nos últimos tempos, especialmente com a pandemia do novo coronavírus. Incialmente é preciso dizer que desde março de 2020, mais precisamente em 6 de março, quando foi registrado o primeiro caso de infecção pela doença na Bahia – numa paciente de Feira de Santana -, o governo do Estado, através da Secretaria de Saúde, passou a adotar algumas medidas como forma de “enfrentamento” a pandemia.
Estabelecimento de metas, definição e implantação de normas com suspensão de aulas, flexibilização do transporte intermunicipal (e posterior suspensão por determinados períodos), testagem na população, antecipação de feriados, combate às fake news, suspensão de voos, suspensão de eventos, obrigação do uso de máscaras, implantação de túneis de desinfecção, alteração no funcionamento de órgãos públicos/empresas privadas e até implantação de lockdown, campanhas de prevenção etc., foram algumas entre tantas medidas iniciais adotadas no Estado da Bahia.
A PASTA DA SAÚDE NA BAHIA
A pasta da saúde passou a ser consultada para tantos afazeres neste Estado que, dizem alguns, sua excelência o secretário, Fábio Vilas-Boas Pinto, em alguns casos, parece que passou a se considerar um “rei”. Fato é que a situação teria, e continua tendo, que ser tratada com a devida atenção. Até porque estamos falando de uma doença que somente no Brasil, até esta terça-feira, 03, já ceifou a vida de 558.432 brasileiros e brasileiras, sendo, deste total, 25.828 baianos e baianas.
Mais recentemente, as medidas do governo do Estado em relação ao enfrentamento da pandemia têm sido flexibilizadas. Alguns dizem que isso está sendo possível graças à vacinação da população; outros chegam a atribuir a queda do número de casos e de mortes, na Bahia, à união entre vacinação e medidas adotadas pelo Estado. Particularmente creio na vacinação, pois em finais de 2020 até outro dia, quando os números começaram a diminuir, o Estado chegou a registrar em alguns dias 186 e 160 mortes em 24 horas.
Com raríssimas exceções, ou com limitações, quase tudo na Bahia voltou a funcionar normalmente: ônibus, comércio, praias, alguns eventos enfim. Até o ensino, no que ficou conhecido como segunda fase (híbrida), o governo do Estado decretou que fosse implantada, a partir de 26 de julho próximo passado, as atividades escolares neste formato, híbrido. Segundo a Secretaria de Educação do Estado, as turmas passam a ser divididas pela metade, para seguir o protocolo de manter 50% da capacidade das salas de aulas. Uma parte estuda presencialmente as segundas, quartas e sextas-feiras, e a outra parte, as terças e quintas-feiras, além do sábado. Afinal, parece que é como disse Caetano: “Nada continua”, e com a fase do ensino remoto não seria diferente.
Neste caso, no entanto, vale destacar, que os números de infectados e de mortes na Terra dos Orixás ainda continuam altos, tudo vai depender do período de referência usado. Nas últimas 24 horas foram registradas 43 mortes, por exemplo. Portanto, sendo esta a referência e considerando o que disse certa feita sua excelência o governador da Bahia, Rui Costa, em matéria publicada no site www.correio24horas.com.br, de23 de setembro de 2020, ao falar sobre data para retomada das aulas no Estado Rui afirmou: 'Não quero ser responsável pela morte de alunos e professores'. Rui disse ainda: "Só vamos analisar retorno às aulas, seja particular, seja pública, com redução de mortes". Naquela data a Bahia havia registrado 44 mortes nas últimas 24 horas. Pois bem!
NOVA ORDEM NA SESAB
Ainda sobre a secretaria de Saúde destaca-se que seu comandante, Vilas-Boas, ou melhor, agora, ex-comandante, pois segundo noticiado no final da tarde desta terça-feira, 3, Vilas-Boas pediu exoneração. Narra o noticiário que “Após xingar chef de cozinha de 'vagabunda', secretário de Saúde da Bahia pede exoneração”. "Vagabunda!" foi esse o xingamento usado pelo ex secretário, isso porque a chef Angeluci Figueiredo, dona do Restaurante da Preta, na Ilha dos Frades, não estava no referido local para atendê-lo em evento previamente agendado entre ambos. Fato é que Boas deixa SESAB, secretaria que comandava desde o início do governo Rui Costa (PT), em janeiro de 2015, e o governo da Bahia informou que “o substituto de Fábio Vilas-Boas será anunciado nos próximos dias, mas que, interinamente, a Sesab será conduzida pela subsecretária Tereza Paim”.
No contexto da Nova Ordem na Bahia - aliás, nem tão nova assim -, por “AQUI TUDO PARECE”:
- “parece” que não temos problemas na educação, pois apesar do governo do Estado dizer, quando solicitaram que fossem reabertos estádios de futebol e que as aulas fossem retomadas, ainda em 2020 quando se registrou em 24 horas 44 mortes, Rui disse “morrem três times de futebol em um dia”. E agora, governador, quantos times continuam morrendo? Nas últimas 24 horas morreram 43 baianos e baianas. Qual a referência para o Estado?
- “parece” que o ex-secretário de Saúde da Bahia estava mesmo se sentindo um “rei” e achou que tudo isso, mais uma vez (dizem que não é a primeira vez), não daria em nada.
- “parece” que a atitude do ex-secretário, se contextualizada, não se trata de casos isolados, ou seja, de gente que, investido ou não em determinados cargos públicos, passam a considerar outros como servos.
- “parece” que a ordem neste Estado, que já perdura pouco mais de 14 anos, sob os ditames do mesmo grupo político, precisa ser revista, sob pena de futura e próxima interrupção do poder do grupo.
Parece”, por fim, que a Bahia, como se diz popularmente, seja na administração, seja na política ou como queiram, precisa de um “freio de arrumação”. Essa expressão é usada para explicar uma situação: o ônibus está cheio, o motorista dá uma freada, todos balançam, alguns caem, mas de alguma forma se arruma aquela parcela social que ocupa o chamado “coletivo”. E segue o “BUZU”. Neste caso, após o freio de arrumação, seguirá o Estado, sua política e, sobretudo, seguem baianos e baianas, independente de quem seja, que são dignos de respeito, especialmente RESPEITO das autoridades constituídas. Afinal, “Aqui tudo parece.
Que era ainda construção. E já é ruína...” Melhor, parece que “Alguma coisa está fora da ordem na Bahia”.
Por Carlos Alberto professor e radialista
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