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Artigo À espera

À espera da segunda dose: “barriou”

Por Carlos Alberto

29/07/2021 16h55 Atualizada há 3 anos
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Por: Ana Meire Fonte: Conectado News
Foto (SeongJoon Cho/Bloomberg)
Foto (SeongJoon Cho/Bloomberg)

29 de julho. Um dia antes do marcado no cartãozinho de vacinação, por volta das 07h40, pedi a minha esposa que fosse à UBS CASEB 2 (Eduardo Nogueira Filho), Rua Valentim, bairro CASEB, Feira de Santana, mesmo local que tomei a primeira dose, para colocar meu nome no sistema enquanto eu fazia a primeira ceia da manhã e me dirigia à referida Unidade para tentar antecipar a segunda dose. Isso porque depois de ter tentado antecipar no dia de ontem, 28, à tarde na mesma UBS, não logrei êxito.

Não demorou muito e minha esposa estava de volta em casa. Imaginei logo, hoje está tranquilo. Antes, porém, de me dirigir ao local, quis saber se ela foi informada qual seria minha posição "na fila"? Obtive como resposta: “Quando perguntei a atendente, ela respondeu que não poderia informar; que o paciente teria que estar presente e esperar ser chamado pelas pessoas da aplicação”, disse-me.

Pois bem! Após tomar café, dirigi-me ao endereço citado. Chegando ao local avistei um monte de gente e logo pensei: pelo horário que minha esposa veio, creio que não vou esperar tanto. Ledo engano. Ao chegar à recepção, quis saber da atendente se poderia informar quantas pessoas havia na minha frente? Obtive a mesma resposta dada anteriormente. Quis saber, então, se estava correta a informação? “Senhor, é o que posso informar”. 

Educadamente me dirigi à sala de aplicação e fiz a mesma pergunta a uma das atendentes. Saudei-a com um bom dia e após saudá-la com um bom dia, disse-lhe: Senhora, meu nome foi incluído no sistema para tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19, seria possível eu saber qual minha posição “na fila?” Fui informado que naquele momento o sistema estava fora do ar e por isso não poderia me dizer nada. Imaginei que talvez por isso a atendente inicial não pôde prestar a informação. Disse-me, ainda, a segunda senhora, que tão logo fosse possível, me informaria.

Ledo engano. Fui para o lado externo daquela unidade de saúde e aguardei até por volta de 10h55 sem qualquer contato com qualquer atendente. No sol como todas aquelas outras dezenas de pessoas, pois não tem qualquer abrigo (toldo) que possa proteger os usuários daquela UBS das intempéries da natureza (chuva, sol...), pus-me a aguardar o tão esperado chamado.

Do lado de fora, reclamações de toda natureza. Gente reclamando de calor, de fome, dores; que chegaria a hora do almoço e não tinha deixado nada preparado em casa; gente que reclamava do atendimento naquela UBS (alguns diziam, inclusive, “aqui é assim, todo mundo que trabalha, manda; fulano e fulano são cargos de vereador X...) e seguiam as reclamações/conversas enquanto outras pessoas eram chamadas, vacinadas e iam embora.

Numa dessas reclamações/conversas, "sem querer", acabei escutando, devido à proximidade e o "volume" do bate papo entre duas jovens senhoras. "Mulher, como você está?" Quis saber uma delas. "Estou bem, apesar lombalgia que tem me castigado". Lombalgia, sic, é a dor que ocorre na região lombar inferior, ou seja, nas proximidades das nádegas e tem como causa, entre outras coisas, o uso incorreto da coluna, inclusive, usos repetitivos.

Após a intervenção "médica", é preciso dizer que a conversa continuou e a segunda mulher quis saber como estava a primeira. E obteve como resposta o seguinte: "Mulher, eu estou ‘indo’, também sentindo umas dores; 'inda' mais agora que uma vizinha minha fez cirurgia 'barriática' e eu, além de fazer as coisas de casa, estou ajudando a cuidar dela". Com isso, o sol invadiu a sombrinha de uma das árvores que muitos de nós estávamos abrigados e tive que procurar outro canto. (in)felizmente não pude mais continuar ouvindo o papo, que seguiu por longo período.

O tempo passou e como eu estava a escrever estas linhas, esperei pra ver até onde ia a qualidade do atendimento por ali, especialmente porque a senhora da sala da vacinação havia prometido me avisar qual minha posição "na fila". Aproximava-se das 10h50 da manhã, ouvia chamar vários nomes, exceto o meu: Carlos Alberto da Silva Santos. Pensei! Vou aguentar mais um tempinho, minha esposa e filhas estão em casa, chegando lá o almoço estará pronto, portanto, diferente do que disseram algumas pessoas.

Acabei aguardando ser chamado, o que ocorreu por volta das 10h52. Peguei a fila interna,  "mudo/calado", pois fiquei imaginando que se alguém me desse qualquer informação diferente do que é veiculado na mídia pela prefeitura e pela secretária municipal de saúde de Feira de Santana - onde tudo ocorre de maneira perfeita -, eu poderia não gostar e alterar meu comportamento e, com isso, a segunda dose, quiçá, poderia me transformar em um "Jacaré".

Tomei a segunda dose eram 11h04, agradeci a senhora que me atendeu e voltei pra casa. Do exposto, ficam algumas lições: 

- paciência e canja de galinha não fazem mal a ninguém;

- para lidar com o público, o indivíduo tem que deixar os problemas pessoais em casa;

- tem muita gente sendo mal atendida e sofrendo nas filas pelas unidades de saúde deste município/estado/país;

- o poder público municipal deve oferecer melhor (infra)estrutura aos equipamentos de "sua propriedade/responsabilidade", inclusive de melhor qualificar alguns dos seu prepostos, especialmente neste momento em que o município/estado/país/mundo precisa de pessoas com no mínimo mais empatia, eu diria;

- se o município continua defendendo que se evite aglomeração, deve oferecer/proporcionar as condições para tal;

- as pessoas que trabalham nesta UBS não contam com qualquer preposto que possa zelar pela segurança dos visitantes, do patrimônio, dos trabalhadores e prestadores de serviço, tampouco que possa contribuir com o controle da fila, da entrada ao recinto pelas pessoas etc.

Já imunizado, agradeço a Deus e peço que Ele possa continuar iluminando os milhares de homens e mulheres mundo a fora que, muitas vezes, trancados por horas a fio nos laboratórios/institutos/unidades/universidades... sobretudo públicas, desenvolvem  pesquisas e avançam cada dia mais salvando vidas de muitas doenças como a Covid-19; agradecer ao Sistema Único de Saúde (SUS) do nosso país. Apesar de tudo, agradecer, também, àquelas pessoas da UBS CASEB 2 que certamente enfrentam, desde o início desse processo de vacinação, problemas e atendem outras tantas pessoas com vários outros problemas, o que, certamente, são alguns dos muitos fatores que geram estresse e outras doenças. 

Por fim, dizer que ouvir uma conversa, "sem querer", pode gerar bons frutos. Já botar o nome no sistema da vacinação, pelo menos em Feira de Santana, pode até garantir que a pessoa seja vacinada, no entanto, não garante saber que horas, aproximadamente, isso poderá ocorrer. Diferente do dia em que tomei a primeira dose, em que tudo estava tranquilo com pouco tempo de espera, pelo menos desta vez, diante de tudo o que foi relatado, termino considerando parte da conversa daquelas senhoras: a espera da segunda dose na UBS CASEB 2, nesta quinta-feira, 29, no mínimo, eu diria, 'barriou'.

 

Por Carlos Alberto professor e radialista 

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