Ratos de Porão é uma banda brasileira de punk hardcore formada em novembro de 1981, durante a explosão do movimento punk paulista. Com quase 40 anos de carreira, são referência brasileira do gênero e reconhecidos internacionalmente, em particular, na Europa, América Latina e América do Norte. Êpa! Êpa! Êpa! O que isso tem a ver com o que se pretende escrever? Sigamos. Analisemos “as coisas”.
1 - Durante o processo eleitoral, em 2020, nos Estados Unidos da América, que resultou na vitória do Democrata Joe Biden contra o candidato Republicano que buscava a reeleição, Dunald Trump, não somente o perdedor do pleito por lá usou o discurso de que “sofreu um golpe e que as eleições foram uma fraude”. Por aqui, na Terra verde e amarela, se dizendo aliado daquele governo, o presidente Jair Bolsonaro endossou e continua endossando coro, sem prova alguma, que houve “muita fraude” naquele processo.
Segundo informações colhidas, alguns dos estados dos Estados Unidos usam votação eletrônica - mas não a urna eletrônica. Dos 50 estados, por exemplo, somente 07 deles usam a votação 100% eletrônica (sem acompanhamento da clássica cédula de papel). A maioria deles tem formato misto. Mas, de qualquer maneira, dentro de um estado, existem várias cidades - e cada uma delas adota um sistema diferente. O fato é que Trump votou, foi votado e perdeu no sistema de votação eleitoral americano.
2 - No Brasil, desde 1994 até as eleições municipais em 2020 para escolha de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores o coletor eletrônico de voto, ou como é mais conhecida, a urna eletrônica tem sido a máquina de votação utilizada para registro e contagem de votos. Na eleição presidencial de 2018 no Brasil não foi diferente, ou seja, o sistema utilizado e que culminou com a vitória, no segundo turno, do atual presidente, Jair Messias Bolsonaro, sobre o segundo colocado, Fernando Haddad, foi a votação eletrônica.
Quanto à segurança do voto eletrônico no Brasil, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “a urna eletrônica nunca foi invadida durante uma eleição e que o aparelho é inviolável nas condições atuais de segurança”. Para quem não acredita na segurança da urna eletrônica, ainda de acordo com o órgão, “softwares não autorizados resultam no bloqueio da urna, e o tribunal inclusive faz testes públicos de segurança pra que equipes de especialistas tentem burlar a assinatura digital”. Em outras palavras, desde que foi posta em prática no Brasil a “maquininha eletrônica de coleta de votos” vem sendo testada e aprimorada ano a ano.
De acordo com o cientista político Christian Lynch, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, “as reações do bolsonarismo em 2022 em caso de derrota devem ser semelhantes à do presidente americano”, que alegou fraude como motivo para perda do poder. Por aqui, o fato é que Bolsonaro, deputado federal pelo Rio de Janeiro desde janeiro de 1991 até janeiro de 2019, ou seja, por 28 anos até assumir a presidência do Brasil, contou com o voto eletrônico em quase a totalidade das eleições que disputou, incluindo o atual mandato.
Considerando o que disse Lynch; considerando que não posso mais propor nada a Trump; considerando o que disse o presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira, 14, demonstrando preocupação com a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputar a cadeira principal do Palácio do Planalto nas eleições do ano que vem: “que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva só ganhará as eleições de 2022 por meio de fraude”; e mais, “que a turma quer votar ainda neste filho do capeta. Se esse cara voltar, nunca mais vai sair”, proponho ao atual presidente, eleito pelo voto eletrônico com 55.13% dos votos válidos em 2018, que renuncie ao próximo mandato, caso seja reeleito com esse tipo de votação, eletrônica. Assim, não continuará cometendo “fraude” como no mandato atual, e nos anteriores. Ou a fraude se dará somente se outro candidato ganhar?
Antes de dar fim a este escrito cabe (re)lembrar que, segundo a coluna Fatos Nacionais do Jornal do Brasil, edição de 17 de novembro de 1994, “cédulas eleitorais falsas foram identificadas na urna”. Diz a coluna que o “juiz Nelson Carvalhal da 24ª Zona Eleitoral, no Rio de Janeiro, descobriu cédulas falsas” e, segue o texto, “entre os beneficiados consta o nome do candidato a deputado federal Jair Bolsonaro”, na época pelo então Partido Progressista Reformador (PPR). Como bem lembrou outro dia o amigo Pedro Torres Filho, de Cruz das Almas, Bahia, “Se nos falha a memória, recorremos à história, pois ela é implacável”.
Ah! Lembram-se da banda citada no início? Pois é! Ratos de Porão em uma de suas músicas, intitulada Difícil de Entender, diz no refrão: “Um tanto anormal / Besteira, coisa e tal / Difícil de entender / Melhor para você”. Quiçá, seja de fato, para “nós outros”, não somente Difícil de Entender, mas, melhor que não entendamos mesmo.
Por Carlos Alberto – Professor/Radialista
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