Eram 10h da manhã de 5 de novembro de 2019, uma terça-feira, quando a reportagem chegou a um condomínio de luxo em Alphaville, na região metropolitana de São Paulo, para uma conversa com Saul Klein, 66. O filho de Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, é conhecido no meio do futebol pelos investimentos no histórico São Caetano vice-campeão brasileiro de 2000 e, atualmente, na Ferroviária, time da primeira divisão do Campeonato Paulista. O assunto do encontro foi seu investimento no futebol e a relação com o clube do ABC.
Logo na entrada do condomínio, a reportagem foi orientada a seguir um carro com seguranças até uma mansão. Na porta da residência, mais três homens faziam a segurança. Um deles conduziu a equipe até uma sala. Repousavam em uma mesa petiscos variados e água mineral da marca francesa Evian. "O patrão está no banho, já vai descer", informou o segurança.
Foram alguns minutos até que os primeiros passos em uma escada a poucos metros dali se tornassem audíveis, e Klein, em trajes extremamente casuais, se aproximasse. No caminho, ele passou por alguns dos vários funcionários - quase todos homens - que ocupavam a residência. E sempre ouvia em boa altura: "bom dia, patrão".
A casa em que a reportagem foi recebida por Klein tem vários dos cômodos apontados para uma piscina, estrutura propícia à realização de grandes festas. Na sala onde ocorreu a reunião, havia uma pilha com dezenas de DVDs piratas. O aparente forte esquema de segurança e o uso prolífico da palavra "patrão" davam o tom da atmosfera regida pela subordinação ao chefe de Estado que comandava aquela monarquia. Em certo momento, um mero aceno de mão foi suficiente para que um dos funcionários viesse rapidamente anotar um número de telefone.
O aparato de segurança, os DVDs piratas e a própria construção da casa, meras peculiaridades ao primeiro olhar, viriam a ser elementos que compunham um suposto esquema de aliciamento, prostituição e abusos de mulheres. Em uma investigação que começou pelo clima particular de um encontro para tratar de futebol e se estendeu por quase um ano, a reportagem obteve detalhes de como funcionava a rotina de dezenas de mulheres que passavam de quinta a domingo nas propriedades do bilionário.
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