Antes de tudo é necessário dizer que penejar a respeito do último caso envolvendo o deputado federal reeleito, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ou como é chamado por alguns, filho 03 do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), é ato resultante de mensagens recebidas de amigos questionando por que não comentei sobre o assunto. Refiro-me à viagem de Eduardo ao Catar, em época de Copa do Mundo da FIFA, e quando flagrado por câmeras de televisão e após virar meme nas redes sociais, disse ter ido ao país peninsular árabe levar pen-drives com “vídeos em inglês explicando a situação no Brasil”.
A “justificativa” do deputado ocorreu em função da enorme repercussão de um registro em que ele foi flagrado pela transmissão oficial da Fifa curtindo o jogo do Brasil contra a Suíça na última segunda-feira, 28. Nas imagens, Eduardo aparece ao lado da esposa, Heloísa Bolsonaro. Enquanto isso, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato derrotado na última eleição, enfrentam chuvas, se ajoelharam e oraram de frente para o muro de quartéis militares do Exército Brasil afora, pedem intervenção militar, pedem a Deus que salve o Brasil, enfim. Manifestações, inclusive, que contam com total apoio do 03.
Para aqueles que solicitaram algo sobre o caso, digo inicialmente, que a expressão “A emenda saiu pior do que o soneto” nasceu, segundo narra a história, quando o poeta português Manuel Maria Barbosa de Bocage recebeu um soneto de um jovem que lhe pediu que marcasse seus erros com cruzes. Contudo, havia tantas incorreções na escrita do mancebo que o poeta, depois de ler o soneto, devolveu-o tal e qual o recebera, ou seja, sem nenhuma cruzinha a enfeitar-lhe a página.
Incrédulo, imaginando-se o suprassumo da última flor do Lácio, o moço questionou o velho poeta sobre o porquê, pois queria ser incensado com suas palavras. Como não se deve cutucar a fera com vara curta, não tardou a receber a justificativa de que as cruzes seriam tantas, se ali postadas, que “a emenda ficaria pior do que o soneto”.
Vale lembrar que, ainda de acordo com a história, Manuel Maria Barbosa de Bocage era um exímio sonetista e fazia-os como ninguém, o que o tornou muito popular, principalmente quando usava sua veia satírica e espirituosa, daí a sua exigência para com o soneto do frustrado lusitano. O fato é que a expressão “a emenda ficaria pior do que o soneto” viajou no tempo, caiu na boca do mundo, chegando aos dias de hoje com força total.
De acordo com a literatura, Soneto (do italiano soneto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som) é um poema de forma fixa, composto por quatro estrofes, sendo que as duas primeiras são constituídas por quatro versos, cada uma, os quartetos, e as duas últimas de três versos, cada uma, os tercetos. A forma mais comum é a que contém dez sílabas métricas por verso, classificando-se como decassílabo, geralmente com acentuação rítmica na sexta e décimas sílabas (verso heroico) ou na quarta, oitava e décima sílabas (verso sáfico). Resumindo, soneto não é nada fácil. Mas não temos o objetivo de tratar sobre o poema. Deixemos isso para os especialistas. Tampouco, Eduardo Bolsonaro escreve sonetos. Muitas vezes tenta emendar as muitas besteiras que diz/faz.
O fato é que Eduardo Bolsonaro, assim como outros filhos de Bolsonaro, que vivem da política, além de muitos dos “apoiadores” do presidente da República, são adeptos de declarações que em nada contribuem para a política brasileira, para o Brasil. Quanto aos demais, deixo por conta dos leitores pesquisarem sobre o assunto. No que diz respeito ao filho 03 cito, neste momento, dois casos.
1 - Em 2019 quando esteve cotado pelo pai e mais dois ou três políticos para assumir a embaixada do Brasil nos EUA, ao destacar o currículo Eduardo Bolsonaro disse que já havia feito intercâmbio e “fritou hambúrguer nos Estados Unidos”;
2 - Desta feita, após ser filmado em estádio no Catar assistindo à partida entre Brasil e Suíça, ao virar meme, Eduardo disse que levar pen-drives com “vídeos em inglês explicando a situação no Brasil”.
Diante dessa situação, em atendimento ao leitor, resta deixar aqui alguns questionamentos:
a - A viagem de Eduardo Bolsonaro ao Catar foi custeada por ele mesmo ou por nós, contribuintes, via Câmara dos Deputados? No último caso estaria em Missão Oficial, o que ensejaria outro questionamento: existe alguma Missão Oficial do Brasil para o Catar nestes tempos?
b - O deputado está licenciado ou já retornou ao trabalho? Caso contrário, terá os dias de ausências descontados em folha?
c - Caso tenha mesmo ido ao Catar fazer o que disse o deputado, neste(s) pen drive(s) consta(m) que:
c.1 - A Democracia venceu no Brasil?
c.2 - Que existem grupos neonazistas por aqui, além de outros pequenos grupos pedindo intervenção militar?
c.3 - Que em 31 de dezembro próximo o pai do deputado Eduardo Bolsonaro, Jair Bolsonaro, ameaça não passar a faixa presidencial para o presidente eleito democraticamente, Luiz Inácio Lula da Silva?
c.4 - Que no final do mandato, na tentativa de se reeleger, Bolsonaro distribui dinheiro abertamente? Melhor, implantou a política de compra declarada de voto quando aumentou, por tempo limitado (de julho a dezembro de 2022), Auxílio Brasil; “deu” auxílio para caminhoneiro, para taxista, super turbinou o Orçamento secreto...?
c.5 - Que o presidente eleito em 2022 está se esforçando para garantir o pagamento do Auxílio Brasil prometido por Bolsonaro e pelo próprio Lula, mas que Bolsonaro não deixou garantido no Orçamento Anual em 2023 valor para custear as promessas, mas na campanha eleitoral dizia que estava previsto no Orçamento?
c.6 - Que aproximadamente 700 mil pessoas morreram de covid-19 no Brasil, e desse total pesquisas apontam que quase 400 mil poderiam ser evitadas, não fosse a negligência do governo federal em relação às vacinas, por exemplo?
c.7 - Que, sic, desde os anos 90 a família do presidente Jair Bolsonaro (PL) negociou 107 imóveis, dos quais ao menos 51 foram adquiridos com o uso de dinheiro vivo, de maneira total ou parcial?
c.8 - Que a imagem do Brasil no exterior é a pior dos últimos anos?
c.9 - Que Bolsonaro cortou, mais uma vez, orçamento para a educação, especialmente, superior?
c.10-Que Bolsonaro agora pede para cortar Orçamento Secreto após Lula dizer que vai apoiar recondução de Arthur Lira na presidência da Câmara dos Deputados? O orçamento que outrora Bolsonaro disse “ser responsabilidade do legislativo”.
c.11 - [...] o Brasil precisa ter conhecimento do conteúdo deste pen drive, para apoiar ou denunciar na ONU, se for o caso.
Para não finalizar, o que chama a atenção desse(s) fato(s) é que muitas vezes é preciso não tentar remediar certas situações, pois o remendo pode acabar ficando ainda pior, uma vez que a desculpa esfarrapada só faz piorar a situação. Diria que, embora não seja atitude de algumas pessoas, pois requer coragem, o melhor mesmo seria munir-se de um pedido sincero de desculpas, reconhecer o(s) erro(s), e seguir em frente sempre procurando acertar. Não usar o ataque como defesa; não viver de ofensas, de fake news, do ódio. Afinal, “Sábio é o homem que consegue controlar seu gênio, e sua grandeza está em ser generoso e perdoador com quem o ofende!” (Provérbios 19:11).
Por Carlos Alberto - Professor e Radialista
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