Em setembro de 2021 registrei neste espaço algo que denominei de Prisão na vida de Bolsonaro: passado, presente e futuro, disponível em: Prisao-na-vida-de-bolsonaro-passado-presente-e-futuro. Passado pouco mais de um ano desta postagem e após ter conhecimento que, democraticamente, no segundo turno das eleições 2022 realizado neste domingo, 30.10, a maioria do eleitorado brasileiro decidiu que a partir de 1º de janeiro de 2023 o Brasil terá "novo presidente", revisitei os escritos.
Naquela oportunidade, o objetivo do escrito foi discorrer sobre “as três alternativas” que o presidente Jair Messias Bolsonaro (hoje no PL) apontava para seu futuro: “estar preso, estar morto ou a vitória”. A declaração do mandatário da nação - que ainda procurava um partido político para tentar a reeleição -, aconteceu numa manhã de sábado 28 de agosto daquele ano, quando participava do 1° Encontro Fraternal de Líderes Evangélicos de Goiás e foi largamente noticiado.
REMEMORANDO
Falando em “três alternativas”, vale dizer que durante campanha eleitoral em 2018, ao participar de manifestação na Avenida Paulista, o então candidato Bolsonaro disse que, se eleito, a esquerda e os comunistas teriam três alternativas: “o exílio, a prisão ou a ponta da praia”. A ponta da praia, segundo informações colhidas, faz referência a uma base da Marinha na Restinga de Marambaia, no Rio de Janeiro. Era o local usado para a execução de presos políticos.
Também em campanha, no mesmo ano, Bolsonaro prometeu "combater a corrupção, jamais 'lotear' seu governo e prender corruptos, se preciso fosse", além de “preencher os cargos do governo somente pelo critério técnico”. As eleições ocorreram normalmente e sem que nenhum partido ou qualquer candidato perdedor questionasse o processo, Bolsonaro foi eleito, tomou posse e exercerá a presidência do Brasil até 31 de dezembro deste ano. Salvo melhor juízo, até o momento, nenhum esquerdista comunista foi exilado, preso ou levado para aquela Praia e nenhum combate à corrupção, pelo contrário, o presidente fez questão de acabar com a “temida” Lava Jato; disse, repetidas vezes, que não tem corrupção em seu governo, sendo que o que se sabe é que não existe investigação neste sentido.
Quanto ao preenchimento dos cargos, o governo não “loteou”, mas sim "entregou-o", sobretudo, ao Centrão. E as prisões? Bem, essas ocorreram, mas foram prisões de aliados do presidente e do governo por incitarem atos antidemocráticos, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o STF.
Obviamente que ao longo desses pouco mais de três anos muitas coisas aconteceram, recordes foram quebrados. Delegados da Polícia Federal foram afastados, para não investigar a família do presidente; sigilos de 100 anos foram decretados, para proteger amigos; imóveis comprados em dinheiro “vivo”; óleo diesel ficou mais caro que a gasolina; fake news bateram recordes; político condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi perdoado; tentaram mudar o sentido de Independência do 7 de setembro; quiseram usurpar um dos mais importantes símbolos do Brasil: a bandeira; xingaram e xingam as minorias e desrespeitam as mulheres; mais de 33 milhões de brasileiros passam fome, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN); e até um clima “pintou” com meninas venezuelanas de 14 anos.
Do ponto de vista judicial, segundo noticiado, Bolsonaro é investigado em vários inquéritos, que tramitam no STF e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a exemplo do inquérito que investiga o presidente por ataques, sem provas, às urnas eletrônicas e as tentativas de deslegitimar o sistema eleitoral brasileiro. Enfim!
O TEMPO PASSOU
Vieram as campanhas eleitorais 2022 no Brasil e lá estava, tentando a reeleição, o atual presidente Jair Bolsonaro. Como esperado, muito do que foi visto em 2018, segundo o TSE, foi repetido em 2022, no entanto, em versões mais modernas. E no segundo turno das eleições Jair Bolsonaro, continuadamente, atacou o sistema eleitoral brasileiro, desacreditou instituições e, como um cão raivoso, tratou com desdenho todos e todas que não se alinharam com seu discurso, especialmente quando se viu cara a cara com o candidato que, em 2018, foi tornado inelegível, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que chegou ao segundo turno, em 2022, com maior número de votos que o Bolsonaro.
Apurados os resultados das urnas no primeiro turno, Lula (PT) atingiu 57.259.504 (48,43%) dos eleitores, ao passo que Jair Bolsonaro ficou na segunda colocação com o voto de 51.072.345 (43,20%) dos votos válidos. No apurado do segundo turno, afirma o TSE, Lula (PT) obteve 60.345.999 votos, o que correspondeu a 50.9% dos votos válidos contra 58.206.354 votos, ou 49.1%, o que correspondeu a 2.139.645 votos de diferença para mais em favor de Lula. Com isso, não restava outra alternativa ao TSE senão declarar eleito presidente do Brasil, a partir de janeiro de 2023, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). E assim foi feito.
Passada essa fase, enquanto a sociedade brasileira, especialmente a “classe” política e a imprensa, aguardavam pronunciamento do presidente Bolsonaro, como é praxe para quem perde uma disputa eleitoral, eis que a todos assistem a quebra de duas tradições: Bolsonaro passa a ser o primeiro presidente a não se reeleger desde a aprovação da possibilidade de um presidente da República ser reeleito, em 1995, e o primeiro presidente a “sumir” e não se pronunciar após o resultado das urnas, a não cumprimentar o candidato eleito.
Pouco mais de 48 horas tinham se passado desde que o TSE havia proclamado a vitória do ex-presidente Lula (PT), eleito presidente pela terceira vez, e somente na tarde desta terça-feira, 1°, após orientado por assessores “mais chegados”, o presidente Bolsonaro aparece ao lado de alguns de seus ministros e faz o tão esperado “pronunciamento”. Foram necessários apenas 2 minutos e 3 segundos para que Bolsonaro se dirigisse à nação brasileira, ao mundo, sem, no entanto, reconhecer a vitória do adversário político, ou mesmo parabenizar o eleito. Mais uma mostra do Bolsonaro que por mais de 30 anos vive às custas do erário público.
TRÊS ALTERNATIVAS
Retomando as “alternativas” e chegando ao final lembramos que uma delas [das alternativas] está superada em desfavor de Bolsonaro: “a vitória”. Ou seja, através do voto no segundo turno das eleições 2022 o povo brasileiro descartou essa alternativa. Considerando que em encontros, entrevistas, bate-papo com apoiadores, enfim, por onde passa e com quem fala o presidente tem sido taxativo e afirmado “Eu nunca serei preso”, resta perguntar: E agora, presidente Bolsonaro?
Por Carlos Alberto Professor e Radialista
Mín. 17° Máx. 25°
Mín. 17° Máx. 25°
Chuvas esparsasMín. 17° Máx. 24°
Chuvas esparsas