Em 10 de agosto pp, comecei a escrever um artigo cujo título seria ENTRE A CRUZ E A ESPADA. Naquela oportunidade, o Senador e Presidente Nacional do Partido Progressistas (PP), Ciro Nogueira (PI), um dos líderes do chamado Centrão, tomara posse na Casa Civil do governo Bolsonaro. No entanto, o tempo passou e outros afazeres não permitiram a conclusão.
O objetivo era retratar o quanto dia a dia o governo estava sendo entregue ao bloco chamado Centrão, ou seja, “conjunto” de partidos políticos que, sic, não possuem uma orientação ideológica específica e tem como objetivo assegurar uma proximidade ao poder executivo de modo que este lhes garanta vantagens e lhes permita distribuir privilégios por meio de redes clientelistas. Deixemos de lado o objetivo anterior e utilizemos a frase ENTRE A CRUZ E A ESPADA, noutra perspectiva: (re)lembrar que o termo prisão sempre fez parte da vida do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (sem partido).
Antes de seguir, dizer que a frase é usada para fazer referência ao indivíduo que se encontra em meio a um grande dilema, e necessita fazer uma escolha e essa escolha poderá desencadear grandes e/ou profundas mudanças. Neste caso, o uso da frase refere-se ao que o presidente Jair Messias Bolsonaro tem apresentado como alternativas antes, durante e para o futuro, como ele próprio apontou o que chamou de três últimas “alternativas de futuro”, recentemente em nível nacional. Como uma das três alternativas, consta o termo prisão, que quer dizer “Detenção; ação de prender, de aprisionar alguém que cometeu um crime; Cativeiro; condição de quem está preso”, segundo Dicio - Dicionário Online de Português.
PASSADO
Falando em prisão, nos tempos atuais, em uma rápida “googlada”, é muito fácil encontrar escritos sobre a vida pregressa de uma pessoa, especialmente sendo ela pessoa pública. Numa dessas buscas, está lá à disposição uma citação que diz “Há exatos 35 anos, no dia 2 de setembro de 1986, o capitão de artilharia do 8o. GAC/PQDT, Rio de Janeiro/RJ, Jair Messias Bolsonaro foi preso pela primeira vez”. Um dos motivos, segundo consta em matéria do site 247 de 5 de setembro, foi “ter elaborado e publicado em uma revista semanal (“Veja” - semana 03OUT86), sem conhecimento e autorização de seus superiores, artigo em que tece comentários sobre a política de remuneração do pessoal civil e militar da União”.
Durante campanha eleitoral, em 2018, ao participar de manifestação na Avenida Paulista, o candidato Bolsonaro disse que, se eleito, a esquerda e os comunistas teriam três alternativas: “o exílio, a prisão ou a ponta da praia”. Esta última, sic, faz rereferência a uma base da Marinha na Restinga de Marambaia, no Rio de Janeiro. O local era usado para a execução de presos políticos. As eleições ocorreram normalmente e sem que nenhum partido ou qualquer candidato questionassem o processo, Bolsonaro foi eleito, tomou posse, é o presidente de direito e até o momento, pelo que se tem notícia, ninguém exilado, ninguém preso ou levado para a ponta da praia por ser de esquerda ou comunista. Que permaneça assim. Mais uma vez o termo prisão aparece.
Também em campanha, Jair Bolsonaro prometeu "combater a corrupção", "jamais 'lotear' seu governo" e “prender” corruptos, se preciso fosse, além de “preencher os cargos do governo somente pelo critério técnico”. Nenhum combate à corrupção, pelo contrário, o presidente fez questão de acabar com a “temida” Lava Jato; dizer que não tem corrupção em seu governo; não investigar qualquer suspeita neste sentido no seu governo, até o momento. O governo não foi loteado, mas sim, entregue, sobretudo, ao também “temido”, Centrão. Prisões? Bem, essas ocorreram. Mas foram prisões de aliados do presidente e do governo por incitar atos antidemocráticos, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR) e Supremo Tribunal Federal (STF). Prisão, prisões!
PRESENTE
Em pronunciamento em Goiânia, no início deste mês, na Assembleia de Deus daquela Capital, Bolsonaro fez mais umas das suas costumeiras declarações que, por vezes, geram especulações e “manchetam” o noticiário até que ele apareça com outra e outra declaração. O presidente disse que só teria três opções para ele: “estar preso, ser morto ou a vitória”. Como não destacou tanto as outras duas alternativas como fez ao dizer que “jamais seria preso”, quiçá, estaria aí o X da questão: medo de reviver a prisão 35 anos passados. Desta feita, não somente ele como filhos. São exemplos de como o termo ronda Jair Bolsonaro. Preso, prisão!
Claro que as outras duas alternativas devem ser analisadas. Em não sendo preso, como descartou o presidente, restariam, então, ser morto ou a vitória. Sobre ser morto, em março de 2020 ao responder a repórteres se faria um novo exame para detectar coronavírus, Bolsonaro respondeu: “Depois da facada, não vai ser gripezinha que vai me derrubar”. Bolsonaro foi vítima de um ataque a faca, em 6 de setembro de 2018, durante campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais.
Salvo melhor juízo, restou, então, a “vitória”. Em relação a essa alternativa, é preciso dizer que, segundo a última pesquisa XP/Ipespe, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 40% das intenções de voto caso as eleições presidenciais de 2022 fossem no dia do levantamento. Jair Bolsonaro aparecia em segundo lugar, com 24% das intenções de voto. A divulgação se deu no dia 17 de agosto pp. Pesquisas anteriores apontam que o ex-presidente vem aumentando sua margem em relação ao segundo colocado, com chances, inclusive, de ser eleito ainda no primeiro turno, caso seja candidato.
FUTURO
Há um ditado que diz “o futuro a Deus pertence”. Por isso e por ser muito temente a Deus, não desejo o mal a ninguém. No entanto, ao procurar entender a história política do Brasil recente, confesso temer, também, pelo que possa acontecer daqui pra frente, ainda que a intenção não seja levar terror a ninguém. Se é que exista essa possibilidade.
Após esse 7 de setembro de 2021 no Brasil, quando o sentido de INDEPENDÊNCIA, próprio da história da data, foi “expropriado” por partidos políticos, pra não dizer de outro modo, e causou tudo isso que temos acompanhado. Diante de tudo isso resta perguntar: o que o presidente da República quis dizer com “estar preso, ser morto ou a vitória?” Em outras palavras, o que seria capaz de fazer o mandatário da nação Brasileira, Jair Messias Bolsonaro, para, em sua defesa e/ou de sua família:
a) não ser preso, pela segunda vez, tão logo deixe a presidência da República e não ver seus filhos serem presos até o final do seu mandato? Vide o vereador pelo Rio de Janeiro, inicialmente, por não ter foro privilegiado e que teve sigilos quebrados em investigação sobre “rachadinha” pelo MP-RJ; tudo isso acrescido da confissão do ex-empregado dos Bolsonaros, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos.
b) em sendo candidato em 2022 e perdendo as eleições, por que diz que não sairá da cadeira da presidência? Bolsonaro afirmou recentemente “Só Deus me tira daqui”.
Será que poderíamos juntar as três alternativas de Bolsonaro num desfecho único: perderá as eleições em 2022, porém, não entregará a faixa e somente sairá do Palácio do Planalto “preso ou morto?” Estaria o presidente vivendo ENTRE A CRUZ E A ESPADA?
Ou será que essa história de Prisão na vida de Bolsonaro: passado, presente e futuro, prisão, preso, prisões... não passam de delírios meu?
Por Carlos Alberto professor e radialista
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