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As Dores que Carregamos

Por Emanueli Pilger, Mestra em Comunicação pela UFRB

12/08/2025 06h55
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
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Outro dia me peguei reclamando das dores causadas pelo excesso de atividade física. Aquele incômodo muscular que tira a mobilidade, que encurta o passo e a paciência. Para alguém como eu, que é ativa e dinâmica, ficar limitada assim é quase um convite à irritação.

Mas, nesse tempo de dor, veio também o tempo de pensar. Pensei nas dores que não têm cura e nas tantas pessoas que, espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, vivem com elas e seguem suas rotinas, porque não existe outra opção. Cada um carrega a sua própria dor: a dor física de um músculo lesionado, a dor invisível de um coração partido, a dor profunda de perder alguém.

Eu, aos 44 anos, conheço bem essa última. Perder minha mãe foi e continua sendo a maior dor da minha vida. É uma ausência que não se resolve com remédio nem terapia, apenas se aprende a conviver. Ela não diminui, não passa. Ela se transforma em companheira silenciosa, lembrando, dia após dia, que certas feridas não cicatrizam.

E então percebo: há dores que se resolvem com analgésicos, fisioterapia, bandagens, ozonioterapia. Há outras que nenhum tratamento ameniza: a dor da mãe que enterra o filho, a de quem perde um ente querido de forma abrupta, a de quem vê alguém amado se afundar na dependência química e não consegue resgatar. São dores que não cabem num diagnóstico.

Quando olho para a minha dor muscular passageira, simples e pequena entendo o quanto, muitas vezes, a gente reclama demais e age de menos. Não é que as dores curáveis não doam. Elas doem, e doem de verdade. Mas é naquelas que não passam que aprendemos o significado de resiliência.

Resiliência, palavra emprestada da engenharia, usada para falar de nós: a capacidade de voltar, de se refazer, mesmo depois de tudo. Às vezes, é na dor que descobrimos que somos muito mais fortes do que imaginávamos.

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