Mercado de trabalho para pessoas acima de 50 anos ganha destaque em Feira de Santana

Por Mayara Nailanne | Indormações: Onildo Rodrigues

O aumento da expectativa de vida no Brasil tem provocado mudanças significativas no mercado de trabalho, especialmente para pessoas com mais de 50 anos. Para falar sobre esse cenário e os desafios enfrentados por esse público, o Conectado News falou com o diretor da Casa do Trabalhador de Feira de Santana, Magno Felzenburg.

Segundo Magno, o mercado começa a valorizar cada vez mais a experiência de vida, que vai muito além do tempo formal de trabalho registrado em carteira. “O que as empresas estão buscando não é só alguém com anos de carteira assinada, mas pessoas que tragam maturidade, equilíbrio, e que saibam o que querem”, afirma. Ele observa que muitos jovens hoje não têm o mesmo interesse pela carteira assinada e pelas responsabilidades que essa formalização do trabalho exige.

Sobre a responsabilidade no cumprimento de horários, Magno destaca que trabalhadores mais maduros costumam ser mais pontuais e comprometidos, ao contrário de uma parcela da juventude que pode demonstrar mais resistência a horários fixos e rotinas rígidas.

Foto: Onildo Rodrigues 

Em Feira de Santana, a maior parte dos trabalhadores com carteira assinada está entre 18 e 24 anos, concentrando cerca de 80% do mercado formal, segundo o diretor. Mesmo entre aqueles com ensino superior, o acesso ao mercado ainda é difícil. Porém, ele já percebe um movimento crescente entre empresas para incluir profissionais com mais de 30 e 50 anos, com programas específicos para esse público.

“Estamos vivendo uma mudança de paradigma. Há muito tempo se pensava que após certa idade as oportunidades acabavam, mas hoje, com a experiência valorizada e a necessidade de profissionais qualificados, essa visão está mudando”, comenta.

Ele ainda destaca situações de pessoas que, após aposentadoria, desejam continuar trabalhando por necessidade financeira ou para se manterem ativas. “A aposentadoria muitas vezes não supre todas as necessidades, e muita gente quer continuar no mercado.”

Magno reconhece que existem alguns mitos em relação à capacidade física e à produtividade das pessoas acima de 50 anos, principalmente em trabalhos que exigem esforço braçal. “Em Feira de Santana, que tem muita atividade comercial e industrial, ainda há tarefas que demandam força física, e a presença masculina se destaca mais nesses segmentos. Mas acredito que isso é questão de tempo e adaptação do mercado.”

Ele relata casos em que mulheres mais velhas aceitaram trabalhos pesados e superaram expectativas, provando que a força e a disposição são mais individuais do que relacionadas à idade.

A Casa do Trabalhador e os programas de inclusão

Sobre as iniciativas da Casa do Trabalhador, Magno explica que a instituição oferece diversos cursos e está atenta à atualização dos trabalhadores, principalmente em relação às novas tecnologias e às modalidades de trabalho remoto, que ganharam força com a pandemia.

“O mundo do trabalho mudou muito, e a possibilidade de home office, por exemplo, já é realidade para muitos setores e vai crescer. Manter o trabalhador atualizado é o grande desafio.”

Quanto às políticas públicas, ele reforça que a mobilização das secretarias municipais e o engajamento das empresas são essenciais para ampliar programas de inclusão e contratação para o público 50+.

Por fim, Magno ressalta que o mercado precisa e vai absorver profissionais maduros, com experiência e equilíbrio. ”A principal recomendação é manter-se sempre atualizado, especialmente em relação às novas tecnologias, como a inteligência artificial, que veio para ficar. Não desistam, pois sua experiência de vida – como pais, líderes e profissionais – é um grande diferencial.”