As chuvas que assolaram Feira de Santana no último fim de semana continuam dando o que falar. Em entrevista ao Programa Levante a Voz da Rádio Sociedade News no sábado (27), após a primeira reunião do comitê de crise criado para avaliar os impactos da chuva no município, o prefeito Colbert Martins (MDB), disse que a presidente da Câmara, Eremita Mota (PSDB), tinha uma parcela de culpa pelos danos causados pela chuva no município, por conta da não votação do empréstimo de R$ 165 milhões, que segundo ele, seria utilizado para resolver os pontos mais críticos de alagamento.
Nesta quarta (30), em entrevista ao Programa Levante a Voz, o secretário de Planejamento Carlos Brito, assim como o prefeito, culpou a presidente da Câmara, acusando-a de falta de bom senso. Disse também, que o argumento utilizado por ela, de que o projeto não contém as informações onde será investido o dinheiro não procede.
"Temos dois projetos, o primeiro é um projeto técnico feito pela Fundação Escola Politécnica com uma avaliação hidrológica e hidráulica de cenários e tendências alternativas sobre drenagem, temos também mapas de áreas de risco de inundações, com o cadastro das áreas de riscos nas sedes e distritos, existe área de risco na bacia de Pojuca, bacia do Jacuípe e do Subaé, a Prefeitura de Feira de Santana tem um projeto pronto desde 2021, contratado com a Escola Politécnica sobre um plano diretor de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, ou seja, temos mapeado todos os locais de provável alagamento, enchentes e transbordamento das três bacias, o projeto está pronto. Sobre o comentário do engenheiro no Levante a Voz, dizendo faltar planejamento, que a cidade precisa ser mapeada, é um projeto macro e resolver o problema da cidade pelo amor de Deus, esse projeto foi discutido na cidade através de audiências e consultas públicas desde 2021 começou a ser construído, está pronto, falta conseguir o recurso, porque tem a previsão de mais de R$ 300 milhões, são canais de macro e micro drenagem nas três bacias que nós temos, quando dizem, “ah, é dinheiro jogado fora, ouvi uma pessoa falando sobre o Projeto Centro, que, quando a drenagem funciona não tem enchente, onde foi que encheu com esses 145mm de chuva na área central da cidade? Houve uma retenção na rua Georgina Erismann em função de uma boca de lobo cheia que entupiu, mas o restante funcionou perfeitamente. Quando passava em frente de algumas lojas na Barão de Cotegipe, a água quase invadia os estabelecimentos, nessa última chuva não teve problema nenhum, a drenagem respondeu. Tem uma turma que fica dizendo: “porque o BRT (Bus Rapid Transit) não funciona, o BRT é o nome de um projeto macro, o túnel online, que são exatamente 5 km de uma drenagem profunda, está à disposição e funcionando, faz parte do projeto os dois túneis, onde o que se dizem especialistas que com seis meses na primeira chuva iria transbordar, não entrou água, absolutamente nada, funcionou perfeitamente a drenagem, por isso, o que temos de fazer é unir as forças para que possamos resolver o problema não só do Centro, mas precisamos resolver o problema de Lagoa Grande, Parque Ipê, Feira VII, Feira X que são causados pela ausência de macro drenagem, porque foram construindo, impermeabilizando e as bacias de detenção foram sumindo".
Alvarás para construção de condomínios
"Quem aprova loteamento não é Secretaria de Planejamento, mas a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR), falta dinheiro, não é só planejamento, quando se fala Rubens Francisco por exemplo, foram feitos todos os condomínios, sobre a duplicação, foi feita após os condomínios implantados, isso com suas águas destinadas, drenagem feita. Com relação ao Lagune Ville, por lá passa um afluente que vai para o Pojuca, porque encheu? Por que a saída é muito pequena, tem que colocar galerias, tem que fazer um projeto macro. Porque São Paulo ou Salvador enche? Nenhuma das cidades no Brasil estão preparadas para enfrentar 145 MM de chuva, foi a maior da história, há de se convir também, que ninguém pode se omitir da responsabilidade".
Porque não cobrar das construtoras?
"Sem dúvida que as construtoras tem responsabilidade na questão da drenagem, mas quando na vida prevemos uma chuva de 150mm? Nos projetos, vi um dado histórico em que o limite máximo seria de 150mm nessa região em um passado distante, mas, em alguns lugares choveu quase 280, a realidade climática atual é outra, mas temos a solução em nossas mãos, construir os canais de macro drenagem que nunca se teve nessa cidade, os projetos estão prontos para licitar, é preciso que as pessoas que tem o poder de ajudar a cidade não criem complicações".
Brito afirmou que já tem tudo pronto, falta apenas o dinheiro e que o Legislativo está prejudicando o povo com a não aprovação do empréstimo.
"Por que não liberar? Com discurso de que não vai dar cheque em branco, mas os projetos estão claros, tivemos aprovado na Secretaria do Tesouro Nacional um aval da União para empréstimo no valor de US$ 80 milhões de dólares, Itabuna tomou R$ 300 milhões, aprovado pela Câmara, o estado da Bahia tomou o dinheiro, a Assembleia aprovou, a prefeitura de Salvador, tomou R$ 80 milhões e foi aprovado. Quando dizem cheque em branco, é algo hilário, por que está descrito na carta consulta como será aplicado o dinheiro, essa conversa de que não sabe onde será investido é conversa para boi dormir, tá escrito na carta consulta, são muitos argumentos que não se sustentam, mas não estão prejudicando o prefeito Colbert Martins (MDB), mas o povo da Rocinha, do Tomba, Feira VII, Parque Ipê, os únicos prejudicados nessa coisa de emperrar, é o povo, porque o governo passa, as pessoas passam, mas a comunidade do Tomba continua, e enfrentando alagamentos, é preciso ter bom senso".
Alagamentos em Feira ocorrem desde 1978
"Sim, tínhamos alagamentos, mas não nesta proporção como hoje, tínhamos áreas que não eram impermeabilizadas, por exemplo, a Lagoa do Prato Raso, quando era jovem, no verão, perto dessa Lagoa tinha um campo de futebol, no inverno o campo sumia, porque ali é uma bacia de detenção, toda água que descia da Maria Quitéria, Fonte da Lili, ia toda para o Prato Raso e de lá ia para o Riacho do Fato em seguida para o Rio Jacuípe, o povo invadiu, a água não tem por onde sair, aquela água prejudica o povo das Baraúnas, não adianta dizer que vai resolver o problema das Baraúnas, sem resolver o Prato Raso, porque a água não tem por onde sair e se não tiver um canal de macro drenagem com a urbanização bem perfeita, tem problema. Esse projeto está pronto, orçado, esse argumento que não vai dar cheque em branco é para enganar quem quiser, não o povo, o povo que está sofrendo, na Lagoa Grande, a água subindo até o teto, o que falta? Drenagem pluvial. Falta bom senso".
Reportagem: Luiz Santos e Hely Beltrão
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