As chuvas que caíram em Feira de Santana nos últimos dias parecem mostrar muita sujeira que foi jogada debaixo dos entulhos. Negócios escusos, lobbys, presentinhos o faz de conta, a promiscuidade entre os poderes públicos e algumas construtoras têm vindo a tona.
Ao longo de décadas, áreas de preservação ambiental, a exemplo de lagoas, foram soterradas em nome do desenvolvimento, do crescimento e porque não dizer da ganância de alguns. Condomínios residenciais e prédios comerciais foram erguidos em locais que deveriam ser preservados para o bem da coletividade, no entanto, a coletividade e a preservação ambiental são, quando muito, colocados em segundo plano. Muitas destas áreas - que deveriam ser preservadas - foram, e continuam sendo, literalmente invadidas por gananciosos que, em esquema fraudulento, conseguem a documentação, ou como dizem "esquentar a documentação".
Fazendo jus a um adágio popular que diz que "Deus sempre perdoa, o homem às vezes perdoa, mas a natureza nunca perdoa e em algum momento ela cobra e segue seu curso ou percurso", tem-se acompanhado em Feira de Santana, com as últimas chuvas, que até condomínio de classe dita média foi invadido pelas águas, mostrando a fragilidade e deixando uma lição clara de que esses locais não deveriam ter sido ocupados pela ação imobiliária. Sendo assim, os recursos que deveriam ser investidos para socorrer os menos favorecidos terão que ser divididos com alguns mais abastados.
Não se quer dizer com isso que essas pessoas também não mereçam, até porque são contribuintes e devem pagar seus impostos. Trata-se, neste caso, de fato no qual a prefeitura deveria cobrar das construtoras responsáveis por tais empreendimentos, além de ser, salvo melhor juízo, cabido ao Ministério Público Estadual (MPE) investigar essas construções em áreas indevidas.
Outrora escrevemos neste espaço perguntando de quem é a culpa por essas enchentes? Hoje podemos afirmar que tem muitos responsáveis: desde os mal-educados que jogam lixo nas ruas, às construtoras e, principalmente, o poder público que não fiscaliza. Alguns desses, inclusive, chegam a ser até complacentes, pois não fiscalizam quando deviam e não punem os culpados quando se faz necessário.
Por Luiz Santos Radiaista e jornalista
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