Segundo informações colhidas (sic), o poema José de Carlos Drummond de Andrade foi publicado originalmente em 1942, na coletânea Poesias, e ilustra o sentimento de solidão e abandono do indivíduo na cidade grande, a sua falta de esperança e a sensação de que está perdido na vida, sem saber que caminho tomar.
Obviamente que equiparar o José, de Drumond, e o José ao qual fazemos referência no título desse escrito, requer diferenciações, quiçá, muitas delas, consideradas as especificidades, o que achamos melhor deixar pra outra oportunidade. Pra início de conversa, o primeiro José é “figurativo” e, salvo melhor juízo (smj), não se enveredou pela política partidária; já o segundo é “figura ativa” na política da Princesa do Sertão, do estado da Bahia, do Brasil.
Oriundo da pequena cidade que em tupi significa “terra vermelha”, José, o Ronaldo, é filho de Paripiranga, na Bahia, cidade localizada na região Nordeste do Estado da Bahia, dista, aproximadamente, 340 km da capital baiana, Salvador e tem, segundo o IBGE (2018) tinha 28.956 habitantes. O município de Paripiranga está localizado na Zona Fisiográfica do Nordeste, totalmente incluído no Polígono das Secas, ou seja, na região geográfica definida e delimitada pela legislação brasileira nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, marcada pela ocorrência do fenômeno da seca, com baixo regime de chuva, aridez do solo, altas temperaturas e pouca nebulosidade.
É possível, ainda, elencar como diferença entre o José da ficção e o José da vida real e da política feirense, baiana e brasileira que este último nunca deve ter se sentido sozinho, tampouco perdido na vida, sem saber que caminho tomar. Neste momento, se considerarmos os resultados das eleições 2022, caso o José da Princesa do Sertão não consiga galgar qualquer cargo na vida pública nos próximos dois anos, ainda lhe resta disputar, pela 5ª vez, em 2024, a vaga de prefeito de Feira de Santana e suceder seu sucessor, Colbert Martins da Silva Filho, atual prefeito.
Dito isto, e voltado ao poema, com a devida permissão, continuemos parafraseando Drummond:
E agora, José [Ronaldo]?
as eleições 2022 passaram,
as luzes se apagaram,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
o resultado esperado não veio,
e agora, José [Ronaldo]?
e agora, você [Ronaldo]?
você que tem nome,
que foi preterido por ACM Neto,
você, “simples” coordenador de campanha,
que ameaçou protestar?
quando não viu seu nome na “lista”,
e se dizia pronto pra ser titular,
e agora, José [Ronaldo]?
Está sem cargo,
está sem discurso,
está sem a vice-governadoria,
já não pode mais coordenar,
já não pode gritar,
viajar até pode,
para onde quiser,
mas a vitória do seu candidato não veio,
o eleitorado baiano não votou em seu candidato,
como vocês esperavam,
não veio no primeiro nem no segundo turno,
e tudo acabou,
o eleitor fugiu,
e o candidato [ACM Neto] também,
e agora, José [Ronaldo]?
E agora, José [Ronaldo]?
suas justificativas já não colam,
seus instantes de sanidade,
suas falas em busca de voto,
não o elegeram, pois não era candidato:
nem a deputado estadual,
nem a deputado federal,
nem a senador,
sua corrida pelo estado,
o fez continuar em Feira,
E agora, José [Ronaldo]?
Sem cargo na mão,
sem poder abrir portas,
não existe mais porta;
quer correr pro mar,
ou mesmo pro sertão;
quer voltar para Paripiranga?
Paripiranga votou em Lula e Jerônimo.
José, e agora?
Se você voltasse,
se você votasse,
se você aceitasse,
que foi preterido [por ACM Neto],
se você dormisse,
se você acalmasse,
se você conversasse [de verdade],
se você ouvisse [sempre]
mas você não conversa,
você não ouve [exceto quando é entrevistado],
ou lhe é conveniente.
mas você é duro, José [Ronaldo]!
Seu candidato foi derrotado,
no primeiro e no segundo turno,
sem dó nem piedade,
sem reviravolta,
eleitores e urnas se uniram,
sem chances de continuidade do “carlismo”,
que fugiu a galope.
Mas você tem chances, José!
você tem a empatia do eleitor, sobretudo feirense, José!
Soube que o governo recém-eleito na Bahia [do PT],
Disse “está de braços abertos, José”!
Creio que você não está perdido e sabe o que quer.
Mas deixo a pergunta:
E agora, José [Ronaldo]? José, para onde?
Boa sorte, José [Ronaldo].
Por Carlos Alberto Professor e Radialista
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