Dois Brasis

O Brasil está se tornando um país dividido, um país que usa dois pesos e duas medidas. O fardo que a população da periferia carrega nas costas é bem mais pesado que de outras pessoas das zonas mais abastadas das cidades brasileiras. Já se tornou cena comum a polícia chegar nas favelas e matar um, dois, três ou até dezenas de indivíduos nos famosos "Alto de Resistência", inclusive com comemoração de algumas pessoas. Chegam a afirmar até que "bandido bom é bandido morto".

Neste domingo, 23, como exemplo, assistimos estarrecidos os crimes praticados pelo ex-deputado federal Roberto Jeferson em sua casa luxuosa em Levy Gasparian no Estado do Rio de Janeiro. Após desobediência às medidas impostas pela Justiça por haver xingado e agredido verbalmente a ministra do Supremo Tribunal de Federal (STF) Carmen Lúcia, Jeferson desobedeceu, ainda, a Polícia Federal e deflagrou tiros de armas de fogo e até granada, ferindo dois destes policiais que tinham ordem para prendê-lo.

O tratamento dado ao criminoso Roberto Jefferson foi VIP, digno de um filme de Hollywood com direito a live, ministro da Justiça indo ajudar e até o negociador da PF com o sorrisão estampado no rosto, além do padre "Kelmon Fake" interferindo nas negociações, entrando no apartamento e entregando uma das armas do crime à polícia.

Diante de tudo isso a pergunta que fica é: será que na favela o tratamento seria o mesmo ou a polícia invadiria a casa e matava o elemento? Não estou aqui defendendo a morte de ninguém, mas não se pode aceitar tamanha diferença entre o tratamento dispensado ao senhor Roberto Jefferson e o tratamento dispensado ao povo da periferia, cujas ações de governo que recebem é a policial. Sou daqueles que defende que "o pau que tem dá em Chico tem que dar em Francisco".

Por Luiz Santos Radialista e Jornalista