Transcende o esporte, esta recente classificação do tradicional e amado Esporte Clube Vitória, para voltar à honrosa Série B. Os jogadores, comissão técnica, dirigentes e, principalmente, os milhares de rubro-negros que fizeram Salvador tremer, nessas últimas semanas, deixam uma lição pra ficar marcada para sempre na memória de todos nós, que acompanhamos de perto e sentimos todas as emoções vividas, sobretudo no Barradão .
Essa superação que Deus realizou com o Vitória tem um significado que vai muito além da simples ascensão de um time de futebol, de uma Série para outra do Brasileiro. Para compreender o que aconteceu e aprender os valores que essa história nos ensina, basta que tenhamos o interesse de observa-la em seu princípio, meio e fim, evidentemente deixando de lado qualquer preconceito ou preferência.
Aprendemos, com esta guinada histórica, épica, colossal, que jamais devemos desistir dos nossos objetivos, mesmo quando as chances de êxito parecem mínimas, sejam quais forem as nossas causas, inclusive nas nossas vidas pessoais, no nosso trabalho, nas batalhas que temos de travar todos os dias. Que não devemos desistir jamais, mesmo quando quase ninguém mais acredita ser possível que aconteça aquilo que nós desejamos atingir.
E que pragas, profecias negativas, mal olhado e gente torcendo para não dar certo também nada podem contra o poder de Deus. A estes, aliás, deixo uma mensagem: não devemos desejar, nem prever a derrota e o insucesso, de quem quer que seja, mesmo de um time de futebol. Energias ruins não devemos ser transmitidas nem aos nossos adversários ou inimigos, por uma simples razão: Deus não aprova! Sei que, no futebol, é muito difícil evitar esse pecado.
Aprendemos que nunca devemos subestimar ou julgar mal o esforço e a capacidade dos outros. Nós, torcedores, eu inclusive, nos desesperamos, atacamos este elenco do Vitória, desacreditamos completamente nele. Ainda bem que formamos uma minoria.
Porque para rubro-negros mais convictos, mais fiéis e de grande fé, como Gutemberg Cerqueira, o petroleiro aposentado e meu querido amigo de infância a quem chamamos de Berguinho, ou para o meu filho Valmar, nada estava perdido, mesmo quando os matemáticos atribuiam míseros 2,5% de chances de classificação ainda na primeira fase da competição, além de 51% de possibilidades de rebaixamento para a Série D.
E o que dizermos, agora, nós, os descrentes, que jogamos a toalha quando tivemos uma sequencia de três jogos sem vencer, lá no início do campeonato, para esta grande massa, aqueles que encheram o Barradão justamente nos momentos mais difíceis e empurraram o Leão do precipício para a glória?
Constatamos e aprendemos com aqueles milhares de "Berguinhos" e "Valmares", que nunca devemos deixar de ter esperança, enquanto respiramos, mesmo que por meio de aparelhos, ou que estejamos diante de um quadro de falência por múltiplos órgãos, mas o cérebro e o coração insistem em não "apagar".
Ontem, esses mesmos atletas, apedrejados que foram tantas vezes, deram o maior presente que 2022 poderia nos oferecer, em se tratando de futebol: a Série B no ano que vem. Por mim, agora, pouco importa se o Brasil vai ganhar ou perder a Copa. O que nós mais desejávamos este ano, no futebol, era ver o Vitória sair desta terrível e vergonhosa Série C, iniciando uma trajetória de retorno à Série A, da qual somos hóspedes fiéis, cativos e onde sempre representamos o Nordeste com excelente performance.
Alguns (não são todos) rivais do Vitória, que fizeram as mais terriveis profecias, quem sabe até "trabalhos" de encruzilhada por uma queda para a Série D, devem ter aprendido de uma vez por todas que o céu e a salvação existem para todos, não são patrimônio exclusivo do seu time.
E que um ícone do desporto brasileiro, uma das suas mais antigas instituições como o Vitória, Leão bravo, guerreiro, místico e feroz, que enfrentou tantas crises e sobreviveu a todas elas, não morre de véspera nunca, "não teme a quem te adora" muito menos aos desejos "lazarentos" (permitam-me o baianês) de seus desafetos.
Por Jornalista Valdormiro Silva
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