Quem ordenou baixar o cassetete?

Era pra ser uma segunda-feira como outra qualquer. Em 16 de maio de 2001, o governador da Bahia era César Augusto Rabello Borges, ou simplesmente César Borges (PFL-BA). Mas na verdade, diziam alguns, que quem mandava mesmo era o senhor Antônio Carlos Magalhães, vulgo ACM (de mesma sigla partidária), na época, senador da República, cacique do Carlismo no estado.

Relata a história que estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) protestavam a favor da cassação dos senadores ACM e José Roberto Arruda (PFL-DF), acusados de fraudar o painel do Senado Federal. Em determinado momento a manifestação, considerada pacífica, foi transformada em pancadaria: a PM da Bahia foi ordenada a invadir o Campus da UFBA e espancar os manifestantes.

Passadas duas décadas desse triste episódio, na última quinta-feira, 31 de março, data para lembrar a triste história da Ditadura Militar no Brasil, Feira de Santana protagonizou cenas tristes de espancamento. Nessa segunda-feira, 04 de abril, tivemos acesso a vídeos que mostram com mais clareza e maior tempo de filmagem do ocorrido no Paço Municipal envolvendo agentes da Guarda Municipal, professores, vereadores, servidores municipais enfim. 

As imagens que tivemos acesso mostram nitidamente vereadores e professores na prefeitura de Feira tentando um diálogo sobre a greve, até que, infelizmente, alguns prepostos da Guarda Municipal, despreparados, é bom registrar, começaram a lançar gás de pimenta. Houve muito bate-boca, empurra empurra, quebra quebra, e as cenas lamentáveis da guarda municipal baixando o cassete, a porrada nos educadores.

Dizem que a ordem para a invasão, no caso da UFBA, partiu do então governador César Borges. No caso de Feira, a pergunta que fica no ar é: quem ordenou a guarda municipal espancar os professores, repórteres, vereadores e quem encontrasse pela frente? 

Que os fatos registrados em 2001 e agora em 2022 não se repitam mais, seja lá (Salvador) ou aqui (Feira de Santana); que a Feira que pede paz pratique realmente a paz, e não a guerra. Pois se assim persistir, não custa chamar para reflexão do que já tratamos aqui e que intitulamos de ESTÃO TODOS REPROVADOS.

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Por Luiz Santos radialista e jornalista