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Polícia Duplo homicídio

"Todos os envolvidos com este crime serão responsabilizados," afirma delegada sobre duplo homicídio que envolve o Atakarejo

A delegada-geral Heloísa Campos de Brito

05/05/2021 22h33 Atualizada há 4 anos
Por: Fonte: Conectado News
Fotos Gleidson Santos
Fotos Gleidson Santos

A Polícia Civil da Bahia, por meio do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) realizou, na terça-feira (4), novas incursões para aprofundar as investigações do duplo homicídio de Bruno Barros da Silva e Yan Barros da Silva.

A delegada-geral Heloísa Campos de Brito destaca os avanços das investigações. “Estou acompanhando de perto o empenho das equipes do DHPP para elucidação desse caso. Todos os envolvidos com este crime serão responsabilizados, sejam eles quem forem, no rigor da Lei. Com as informações que estão apuradas, conseguiremos identificar e prender os autores”, afirmou. 

Os policiais estiveram no supermercado Atacarejo, no bairro de Amaralina, para coletar mais informações, com diligências diversas, que foram realizadas 

A diretora do DHPP, delegada Andrea Ribeiro, informou que as investigações estão avançadas. “Mais de 10 pessoas já foram ouvidas e seguimos com desdobramentos das apurações”, afirmou. Outras providências não podem ser reveladas para não atrapalhar as investigações. 

Para o secretário de segurança Pública, Ricardo Mandarino, trata-se de um delito resultado desse conceito vil, tosco, desumano, deturpado de que “bandido bom é bandido morto”. "Há, nessa ação abjeta, um componente forte de racismo estrutural e ódio aos pobres. Na cabeça dessa gente torpe todo pobre e preto é bandido. É uma gente perversa, desprovida de qualquer sentimento de empatia e que demonstra claramente que o trabalho da Polícia não satisfaz, porque a polícia não mata, não pode e não deve matar. A polícia prende em flagrante, ou com ordem judicial, e entrega o infrator à justiça". 

"É assim que se procede em todas as sociedades civilizadas, em todos os países que têm uma constituição como a nossa, que somos obrigados a respeitar e a respeitamos, acima de tudo, porque esse é o nosso valor. Se alguém se valeu de milicianos, de integrantes do crime organizado para obter o resultado infame que obteve, é co-autor do delito. Uma vez identificado, será indiciado. Esteja a sociedade certa disso', completou Mandarino.

Entenda o Caso

O duplo homicídio ocorreu na segunda-feira (26-04-2021), horas depois de Bruno Barros da Silva, 29 anos, e Ian Barros da Silva, 19, tio e sobrinho, terem, supostamente, sido flagrados por seguranças do supermercado Atakadão Atakarejo, no bairro de Amaralina, região de classe média de Salvador.

Segundo informações de familiares, Bruno Barros da Silva e Ian Barros da Silva foram entregues a traficantes por seguranças da rede Atakarejo. Os corpos foram encontrados com sinais de tortura e 30 perfurações provocadas por disparos de arma de fogo de diversos calibres.

Familiares das vítimas informaram ao jornal Correio que, pouco após serem pegos, por volta das 15h30, receberam telefonemas de pessoas que se apresentaram como seguranças da loja e pediram R$ 10 mil de recompensa para não entregá-los a traficantes da região.

Em seguida, os dois passariam a ser espancados em uma ala reservada, tanto pelos supostos seguranças quanto por outros funcionários da loja. Após a sessão de tortura, ambos teriam sido entregues a, pelo menos, dez homens que aguardavam do lado de fora, em dois carros.

No final da tarde de segunda-feira, os corpos do tio e sobrinho foram encontrados no porta-malas de um veículo, a quilômetros do local, na comunidade da Polêmica, no bairro de Brotas, com sinais de tortura e cerca de 30 perfurações a bala.

Após perder o contato com os dois, a família então passou a receber fotos da dupla, por meio de um aplicativo de mensagens e obteve a confirmação das mortes no Instituto Médico Legal. O último registro de ambos em vida foi uma foto dos dois sentados no chão do supermercado.

Bruno era pai de uma criança de dois anos, que morava com ele na mesma casa que o sobrinho Ian, em Fazenda Coutos, no subúrbio ferroviário, região que concentra dezenas de bairros com população de baixa renda na capital baiana.

Assembleia Legislativa 

Deputados da Assembleia Legislativa da Bahia cobram da Secretaria da Segurança Pública resposta sobre os assassinatos de dois jovens negros que teriam sido entregues a traficantes por seguranças da rede de mercados Atakarejo, após ambos, supostamente, terem furtado carne em uma das lojas.  Relembre aqui https://www.conectadonews.com.br/noticia/7213/comissao-da-al-ba-apura-relacao-do-atakarejo-com-o-trafico-de-drogas

Tribunal do crime

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado Jacó (PT) classificou a atitude atribuída aos funcionários da loja como “uma barbárie que afronta a democracia, a legislação, por meio da imposição de um tribunal do crime”.

“Roubo de alimentos, numa crise econômica dessas, na qual as pessoas estão passando fome, é inadmissível aceitar a adoção da pena de morte, ao arrepio da lei”, afirmou. “Se eles estavam furtando, que chamassem a polícia, em vez de traficantes ligados ao crime organizado”, continua.

Atakarejo

A rede de supermercados Atakarejo pertence ao empresário Teobaldo Costa, que foi candidato a prefeito de Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, no último pleito municipal, pelo partido Democratas.

Por meio de nota, o Atakarejo informou que é “cumpridor da legislação vigente, e atua rigorosamente comprometido com a obediência às normas legais e não compactua com qualquer ato em desacordo com a lei”.

O texto diz, ainda, que “especificamente em relação aos fatos questionados, tratam-se de fatos que envolvem segurança pública e que certamente serão investigados e conduzidos pela autoridade pública competente”.

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