A Bolívia vive um momento histórico. O político Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), foi eleito presidente neste domingo (19), marcando uma guinada à direita após duas décadas de governos de esquerda liderados pelo Movimento ao Socialismo (MAS), de Evo Morales e Luis Arce.
Com 54,5% dos votos, e 91,2% das urnas apuradas, Paz derrotou o ex-presidente Jorge Tuto Quiroga em um segundo turno inédito na história do país. A eleição é vista como um divisor de águas na política boliviana, encerrando um ciclo que começou em 2006, com a ascensão de Evo Morales ao poder.
Durante a campanha, Rodrigo Paz — filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora — prometeu moderação política e estabilidade econômica. Seu discurso atraiu eleitores insatisfeitos com a esquerda, propondo “uma economia forte e justa, voltada para gerar oportunidades a todos os bolivianos”.
“A Bolívia não é socialista. Trabalha com capital, com dinheiro. Não queremos austeridade severa, mas uma economia que funcione para o povo”, afirmou em um de seus comícios.
Apesar de divergências ideológicas, o novo presidente afirmou que pretende manter diálogo com o Brasil e fortalecer a parceria entre os dois países.
“O Brasil é nosso principal parceiro estratégico”, declarou, defendendo a permanência da Bolívia no Mercosul e no Brics.
Em relação aos Estados Unidos, Paz evitou confrontos e defendeu uma “aproximação pragmática”, afirmando que não pautará sua diplomacia por alinhamentos ideológicos.
“Ideologias não colocam comida na mesa”, disse.
Fora da disputa e alvo de um mandado de prisão por uma acusação de tráfico de menor de idade, Evo Morales pediu aos eleitores que anulassem o voto.
“Nenhum dos dois candidatos representa o movimento popular nem o movimento indígena”, afirmou, em Cochabamba, onde vive protegido por uma guarda indígena.
O atual presidente, Luis Arce, que rompeu com Evo, também votou e pediu respeito ao resultado. O racha entre os dois foi determinante para fragmentar a esquerda e deixar o MAS fora do segundo turno.
A vitória de Paz simboliza o fim de 20 anos de hegemonia da esquerda na Bolívia.
Durante esse período, o país passou da prosperidade com a nacionalização do gás, no início do governo Evo, para uma grave crise econômica, com escassez de dólares e combustíveis e inflação superior a 23%.
Hoje, longas filas em postos de gasolina e para a compra de alimentos subsidiados retratam a pior crise enfrentada pela Bolívia em quatro décadas.
Com o resultado deste domingo, o país inicia uma nova fase política, em busca de estabilidade e reconstrução econômica.
Com informações do G1 e vision360
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