Feira de Santana sedia etapa da IV Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial após 12 anos

Feira de Santana sedia nesta segunda-feira (7) uma importante etapa da IV Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CONEPIR). O evento, realizado no Colégio Estadual de Tempo Integral, das 8h às 18h, reúne representantes da sociedade civil, movimentos sociais, comunidades tradicionais e o poder público para debater e propor diretrizes para as políticas públicas de promoção da equidade racial na Bahia.

Foto: Onildo Rodrigues 

Organizada pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi), em parceria com os conselhos estaduais que representam os povos indígenas, comunidades negras e tradicionais, a conferência marca a retomada de um processo suspenso há 12 anos. A última edição ocorreu em 2013. A secretária da Sepromi, Ângela Guimarães, destacou que esta etapa envolve os territórios do Portal do Sertão, Cisal, Litoral Norte e Agreste Baiano.

Foto: Onildo Rodrigues 

“A conferência é um momento fundamental de escuta e participação social. Estamos reunindo os sujeitos das políticas públicas para que eles próprios participem das discussões e da construção das diretrizes que vão nortear as ações do Estado nos próximos anos. Isso fortalece a democracia”, afirmou a secretária.

Ângela ressaltou que a Bahia é pioneira na promoção da igualdade racial e tem acumulado conquistas nos últimos 18 anos, como a criação do Estatuto Estadual da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa, do Centro de Referência Nelson Mandela e, mais recentemente, da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Racismo e Intolerância Religiosa (DECRIM), em Salvador. Ela também mencionou a importância da municipalização das políticas, já que é nos municípios que os cidadãos enfrentam diretamente os impactos do racismo.

Foto: Onildo Rodrigues 

A conferência também deu voz a lideranças locais e representantes de segmentos historicamente marginalizados. Faraildes Ribeiro, chefe da Divisão de Promoção da Igualdade Racial de Feira de Santana, falou sobre os desafios enfrentados na cidade. “A nossa maior luta é contra o racismo, principalmente o estrutural, que passa despercebido no cotidiano. Recebemos inúmeras denúncias e seguimos empenhados em conscientizar a população. O primeiro passo é denunciar.”

Foto: Onildo Rodrigues 

Representando o povo de terreiro, Jaciara Alves dos Santos falou da importância do espaço para apresentação de demandas das religiões de matriz africana e criticou a falta de efetividade nas políticas públicas existentes. “Avançamos, mas ainda é pouco. Leis como a 10.639, que trata da obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas, não estão sendo implementadas. Precisamos que essas políticas saiam do papel e sejam respeitadas. Nossa cultura precisa ser reconhecida e valorizada.”

Jaciara também reforçou a necessidade de equidade religiosa no Brasil, apontando o privilégio de determinados segmentos religiosos em detrimento das religiões de matriz africana. “Nosso país é laico, mas não tem respeitado todas as expressões religiosas como deveria. Queremos equidade e respeito à nossa identidade. Nossa população é a base do Brasil e não pode continuar sendo invisibilizada.”

A etapa em Feira de Santana faz parte de uma série de conferências territoriais que antecedem a etapa estadual da CONEPIR, marcada para acontecer de 20 a 22 de agosto, em Salvador. Após as conferências realizadas em Valença (Baixo Sul) e Cachoeira (Recôncavo), a agenda segue por Lençóis, Porto Seguro e outras regiões, totalizando 11 conferências territoriais e mais de 80 conferências municipais convocadas até o momento.

Com informações: onildo Rodriges 

Por: Mayara Nailanne