Por Onildo Rodrigues e Hely Betrão
A saga das mães de autistas de Feira de Santana, usuárias do plano de saúde UNIMED parece não ter fim. Após passarem todo o ano de 2024, lutando para ter o direito ao atendimento dos seus filhos, que de forma arbitrária e sem prévia comunicação foram trocados de clínica, as mães continuam tendo problemas, mesmo com decisões judiciais favoráveis, obrigando o plano de saúde a manter o tratamento.
Em entrevistas anteriores, a líder do coletivo de mães autistas no município, Jaqueline Silva, relatou ao Conectado News, que essa permanência do tratamento com o mesmo terapeuta e mesma clínica, o chamado vínculo terapêutico, é muito importante para o desenvolvimento e que a mudança pode prejudicar a criança autista.
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Nesta segunda (30), Jaqueline acusou a UNIMED de fazer exigências abusivas à clínica que presta o atendimento, com o intuito de fazê-la desistir de atender aos pacientes do plano, de fazer cortes indevidos no tratamento das crianças, como forma de enganar a Justiça.
"Desde setembro de 2024, nossos filhos vinham fazendo o tratamento em uma clínica de Feira de Santana, a UNIMED decidiu por conta própria mudar nossos filhos de clínica, recorremos aos juízes que anteriormente deram liminar a favor dos nossos filhos, que ordenou ao plano de saúde manter nossos filhos em tratamento nos estabelecimentos onde já estavam fazendo terapia. O tratamento foi restabelecido com uma série de exigências antes inexistentes, através de solicitações mensais, onde os terapêutas assinassem esse pedido, algo que é descabido, pois há uma autorização judicial para a realização dessas terapias, por isso, não há a necessidade de solicitar todos os meses, a partir disso, eles nos liberaram guias, que são encaminhadas as clínicas que autorizam os tratamentos das crianças, ou seja, nos tornamos funcionários da UNIMED, onde todo mês realizamos um procedimento que não deveria ser de responsabilidade dos pais, mas do plano de saúde e da clínica. Mesmo assim, aceitamos, pois a prioridade era garantir o atendimento aos nossos filhos. Porém, algumas dessas guias começaram a vir com as terapias cortadas, fazendo com que tenhamos que recorrer, pedir revisão, algo que nem sempre eles fazem, ou seja, se contabilizar de janeiro até agora do que foi cortado de terapia dos meus dois filhos, são quase R$ 27 mil reais de terapias que deixaram de ser feitas, cortes feitos sem justificativas, tendo que sempre fazer ajustes. Agora, fizeram uma nova exigência para a clínica, de que façamos frequências diárias, assinadas todos os dias, terapia por terapia, por nós e pelos terapeutas das crianças, a clínica disse que não tem condições de atender a essa nova exigência, pois são aproximadamente 50 crianças, que passam entre 3 a 4 terapias, a demanda de uma clínica com dois recepcionistas, que nos atendem, localizam a ficha, para assinar. Ao nosso entender, essas exigências após restabelecimento do atendimento, são para forçar a clínica a parar de nos atender, através de exigências absurdas, que a clínica não é capaz de cumprir".
Justificativas
"Esse é um procedimento padrão, o que não é verdade, pois isto está sendo feito somente agora, ao questionar ao atendimento, mesmo com a resposta na tela, fui informada de que são necessários 5 dias para formalizar essa resposta, pois sabem que precisamos disso para acionar os juízes, nos disseram que em até 15 dias estariam suspendendo nosso tratamento, temos 13 dias para evitar que isso aconteça, esses 5 dias são justamente para impedir que consigamos acionar a Justiça em tempo hábil e impedir a suspensão do tratamento dos nossos filhos".
MInistério Público da Bahia (MPBA)
"Demos entrada no MInistério Público da Bahia (MP-BA) em setembro do ano passado, mas até o momento não tivemos nenhum posicionamento do órgão, nos deram apenas relatórios parciais de que investigações estavam sendo feitas, enquanto isso, a UNIMED continua agindo dessa forma".
Próximos passos
"Registraremos hoje o protocolo, infelizmente, temos de esperar 5 dias úteis para a resposta que já aparece na tela do computador do atendente, mesmo sabendo que em 13 dias nossos filhos terão o atendimento suspenso, o plano de saúde não está nenhum pouco preocupado com os danos que isso pode causar às crianças, mas, quando tivermos a resposta, vamos acionar os juízes, com as evidências de que a UNIMED está fazendo exigências absurdas para forçar a clínica a desistir de fornecer o tratamento aos nossos filhos, esperamos que os juízes liberem o tratamento através de depósito judicial diretamente para a clínica, para que não fiquemos a mercê da UNIMED".
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