Na sequência da série especial sobre acidentes de trânsito envolvendo motocicletas, o Conectado News recebeu o superintendente municipal de trânsito de Feira de Santana, Ricardo da Cunha, para falar sobre os desafios e medidas adotadas na tentativa de reduzir os índices de sinistros com esse tipo de veículo na cidade.
Segundo o superintendente, dados recentes da SMT indicam uma redução tímida no número de acidentes de trânsito com motociclistas de janeiro até o momento, o que contrasta com a tendência nacional de aumento constante desses casos desde a pandemia. "O Brasil grita por soluções. E, apesar do cenário nacional, Feira de Santana conseguiu ir na contramão, com ligeira diminuição. Não é o ideal, mas é significativo", destacou.
Mais de 80% dos acidentes são causados pelas próprias vítimas
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Ricardo apontou um dado preocupante: mais de 80% dos acidentes com motocicletas têm como causa a culpa exclusiva da vítima, o que dificulta ações mais diretas por parte do poder público. “Quando é imprudência do próprio condutor, fica mais difícil agir. Mas não podemos nos acomodar. Estamos atuando com campanhas educativas e mapeamento de pontos críticos para intervenções de engenharia”, explicou.
Pontos críticos e intervenções
Entre os locais mapeados pela SMT, o viaduto da João Durval Carneiro foi citado como um dos trechos mais perigosos. “Já tivemos óbitos ali. Motociclistas insistem em fazer conversões proibidas, e motoristas desavisados acabam colidindo. É questão de comportamento: a pressa não pode valer mais do que a vida”, alertou.
Além disso, a SMT identificou um aumento nos acidentes entre motocicletas, especialmente em avenidas movimentadas, onde o uso de corredores e a permanência nos pontos cegos dos veículos geram colisões entre os próprios motociclistas. "Mesmo uma batida leve pode causar queda e, consequentemente, lesões sérias", acrescentou.
Blitz, radares e integração com outros órgãos
A Prefeitura, segundo o superintendente, vem atuando em conjunto com a Polícia Militar e órgãos como a PRF, SAMU e o DPT. “As blitz da PM têm sido fundamentais para tirar das ruas condutores inabilitados e coibir o excesso de velocidade”, afirmou Ricardo, que também comentou sobre a instalação de radares e redutores de velocidade em regiões da zona rural, como uma área próxima ao aeroporto onde havia alta frequência de acidentes, inclusive com crianças.
Outro ponto em destaque é o oferecimento de um curso gratuito, promovido pelo Governo do Estado, voltado para motociclistas que trabalham com transporte remunerado. A prefeitura de Feira quer se integrar à iniciativa. “Vamos apoiar e, se preciso, ampliar. Queremos repassar conhecimento, inclusive sobre planejamento financeiro, para que o motociclista entenda que correr mais nem sempre significa ganhar mais. E o maior bem que ele tem é a vida”, ressaltou.
Por fim, Ricardo da Cunha se colocou à disposição dos motociclistas. “Se um grupo de motoboys quiser se reunir aqui para um curso, estamos de portas abertas. O que for tecnicamente viável, faremos. Feira de Santana é de todos. O objetivo é zerar acidentes e, sim, isso é possível. Mas depende da colaboração de todos.”
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