Durante o São João, cresce o número de traumas faciais causados por acidentes com motocicletas e brigas em festas. O Dr. Tiago Leite, cirurgião bucomaxilofacial do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), alerta para os riscos e consequências desses incidentes que se tornam mais frequentes nos períodos de festas populares.
Em entrevista exclusiva ao Conectado News, o cirurgião bucomaxilofacial Tiago Leite falou sobre o aumento expressivo nos atendimentos relacionados a traumas de face durante os festejos juninos. Segundo o especialista, a maior parte dos atendimentos no HGCA tem ligação com acidentes de motocicleta, muitos deles envolvendo uso de bebida alcoólica e ausência de equipamentos de proteção. “Mais de 80% dos pacientes que sofrem traumas de face e chegam ao Clériston são vítimas de acidente com motocicleta. Infelizmente, muitos não usavam capacete, o que agrava ainda mais as lesões”, destaca o médico.
Além dos acidentes de trânsito, o aumento de agressões físicas em ambientes festivos é outro fator preocupante. De acordo com o Dr. Tiago, situações de brigas são comuns em eventos com aglomeração e consumo excessivo de álcool, contribuindo para o crescimento dos casos de fraturas na face.
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O Hospital Clériston Andrade realiza, em média, 90 cirurgias de trauma facial por mês, utilizando materiais de alto custo como placas e parafusos de titânio. A unidade conta com uma equipe composta por 12 cirurgiões bucomaxilofaciais, com atuação todos os dias da semana.
“Essas cirurgias são de altíssima complexidade. Muitas vezes, é necessário internamento prolongado, uso de UTI, transfusão de sangue e acompanhamento multidisciplinar. O impacto sobre a rede pública de saúde e sobre o INSS é enorme, porque os pacientes precisam de um tempo longo de recuperação e afastamento das atividades laborativas”, explica.
As fraturas panfaciais que envolvem múltimos ossos da face, como nariz, mandíbula e maxila são comuns nos acidentes mais graves. Elas exigem reconstrução imediata para evitar sequelas como assimetria facial, diplopia (visão dupla) e problemas de mordida e mastigação. “O paciente que demora a buscar atendimento pode ter complicações graves. Um olho pode ficar mais baixo que o outro, a mordida pode não encaixar. Por isso, qualquer trauma de face deve ser avaliado por um cirurgião bucomaxilo o quanto antes”, alerta o especialista.
Recuperação demorada e impacto social
O tempo de recuperação para pacientes que passam por cirurgia de face pode variar, mas geralmente eles precisam de pelo menos 60 dias de dieta líquida ou pastosa e 90 dias de afastamento do trabalho. “São traumas que mudam a vida das pessoas. Além do custo para o estado, há o sofrimento pessoal e familiar. Por isso, prevenção é fundamental”, enfatiza.
O Dr. Tiago deixa um recado direto aos foliões que vão aproveitar os festejos juninos. “Se for dirigir, não beba. Se estiver em um ambiente com confusão, evite se envolver. Use capacete afivelado, com mentoneira, bem ajustado aquele capacete aberto na frente não protege. Tenha amor por sua vida e por seus familiares. São atitudes simples que podem evitar um trauma grave e salvar vidas.”
Ele ainda lembra que o HGCA é referência no estado da Bahia e está entre os cinco hospitais do Brasil que mais realizam cirurgias bucomaxilofaciais de trauma, reforçando o compromisso da unidade em atender com eficiência, mas alertando para a necessidade de consciência coletiva.
“Aproveite a festa com responsabilidade. Dance seu forrozinho, tome seu licor com moderação e lembre-se: você tem uma vida inteira pela frente. Cuide de você e de quem você ama.”
Com informações: Onildo Rodrigues
Por: Mayara Nailanne
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