Por Emanueli Pilger
Mestra em Comunicação pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
Na era dos influenciadores digitais, indivíduos com carisma e alcance moldam gostos, estilos de vida, valores e até decisões de consumo e voto (SIM, o voto). Sob o brilho do marketing de afeto, porém, opera uma engrenagem silenciosa: a influência de cabresto, que conduz, e adormece o senso crítico de milhares — ou milhões.
A teoria das massas de Sigmund Freud, apresentada em Psicologia das Massas e Análise do Eu (1921), nos ajuda a compreender esse fenômeno. Para Freud, os indivíduos, ao integrarem uma massa, tendem a suspender o juízo crítico e a deslocar afetos e idealizações para uma figura-líder. Essa figura se torna objeto de identificação e desejo.
Freud observa que, dentro de uma massa, o indivíduo abdica de sua autonomia psíquica e passa a adotar condutas moldadas pela figura de liderança, movido por mecanismos inconscientes de identificação. É o poder mágico das palavras de Freud que expressa a força que discursos exercem sobre o inconsciente coletivo moldando comportamentos. Essa dinâmica psíquica ajuda a entender por que tantos se submetem, sem reflexão, às tendências, conselhos e produtos promovidos por esses influencers. Muitos não vendem apenas mercadorias: vendem estilos de vida — fora da realidade para a maioria —, alimentando frustrações e influências negativas.
Pesquisas recentes já apontam a relação direta entre o uso excessivo das redes sociais e o crescimento de transtornos mentais como depressão, ansiedade e distúrbios alimentares, especialmente entre adolescentes. O número de casos de automutilação e suicídio também tem aumentado, segundo dados de organizações internacionais de saúde.
Os influenciadores, é claro, não são os únicos responsáveis. Eles são produto de um sistema que recompensa a visibilidade a qualquer custo. Cabe a nós, enquanto sociedade, desenvolver uma escuta mais crítica, cobrar responsabilidade e buscar — ou ao menos tentar — formas mais conscientes de consumir conteúdo. A influência é, inegavelmente, um poder. E como todo poder, deveria vir acompanhado de consciência, responsabilidade — e limites.
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