“Todo equipado, preparado na linha de partida
Daqui a pouco vai ser dada a saída
Todo mundo nervoso e eu não 'to nem aí (o importante é competir)”. (Ultraje a Rigor - Terceiro).
Não se faz necessário ser um expert em análises estatísticas, tampouco comentarista esportivo ou coisa que o valha, para ver que o quadro de medalhas olímpicas, atual ou passado, está diretamente relacionado ao nível de desenvolvimento de nações que participam dos Jogos Olímpicos. Isso, acrescido de outras variáveis que saltam aos olhos: o nível de educação dessas sociedades e as prioridades dadas à educação e aos esportes, em geral.
Com uma diferença de idade não tão grande assim, além de ser cada um de nós que este escreve, de estados diferentes da federação – Pedro Torres é baiano e Carlos Alberto é piauiense -, somos de gerações as quais estudou em escolas públicas. Escolas que, nos idos 60 e 70, mantinham em suas estruturas equipamentos e práticas esportivas consideradas olímpicas, tinham professores e instrutores de Educação Física e outros atrativos que eram utilizados como componentes curriculares.
No caso da Bahia, muitos devem recordar das Olimpíadas Baianas da Primavera, que eram antecedidas por belíssimos desfiles nas aberturas. Evento que se dava sempre no mês de setembro de cada ano e envolvia vários colégios do estado nas mais diversas modalidades, em sua maioria colégios públicos. No Piauí, muitas eram, e ainda são, as delegações que se deslocam para a capital Teresina para participar dos Jogos Escolares Piauiense, uma festa esportiva.
Mas o que se quer mesmo aqui é evidenciar como os países ricos, desenvolvidos, de primeiro mundo [...] conseguem estabelecer forte vinculação educação e esporte. Em rápida pesquisa é fácil perceber que isso [a vinculação] não se dá somente nas escolas de níveis iniciais, mas, também, nas escolas de nível médio, ensino profissional e, principalmente, nas universidades. É possível dizer que, via de regra, os “grandes” atletas surgem nesses ambientes. No Brasil, quando muito priorizam uma ou outra quadra de futebol.
Não se quer nem se pode negar que o esporte no Brasil vem ganhando cada vez mais destaque. E nós, brasileiros, vibramos com cada conquista! Por outro lado, sabemos que se comparados investimento, estrutura organizacional, competitividade, cultura esportiva e formação de atletas - pra não citar outros itens -, logo se conclui que há ainda uma distancia muito grande entre o Brasil e países como Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, etc., sendo que estes últimos dão prioridade ao esporte.
Para ser um país respeitado, dirigentes e brasileiros torcedores precisam entender que somente o futebol não nos dá mais orgulho, é preciso investimento em esportes. Quando falamos esportes nos referimos ao sentido amplo das práticas esportivas, todas as modalidades, pois estas além de fazerem bem ao físico e à mente são instrumentos de inclusão social. Diferente do futebol, modalidade muito mais de exclusão do que de inclusão. Vide as discrepâncias nas diversas categorias e nos salários pagos à boa parte dos atletas.
Por falar em futebol, este tem funcionado à margem do processo de educação formal nas escolas. Quem tem o poder aquisitivo melhor, pais e/ou responsáveis chegam a procurar alguma escolinha de futebol e ali matriculam seus filhos e passam a investir e a torcer pela formação de um futuro jogador/a. No mais, em alguns casos, Brasil afora, alunos fogem do horário escolar para a prática do futebol pelos campos de várzea.
Quando se fala em violência, principalmente na faixa etária de jovens e adolescentes; na evasão escolar; no fraco desempenho das equipes esportivas brasileiras nos Jogos Olímpicos, seja coletiva ou individualmente, uma das muitas explicações, salvo melhor juízo, está na falta de políticas públicas voltadas para estas modalidades olímpicas. Além, é claro, da falta de seriedade com a educação neste país. Basta ver o histórico quadro de medalhas do Brasil.
Há que se questionar, onde então serão formados os atletas olímpicos? Não se tem uma política de estado para essas modalidades esportivas. São esportes de elite, quando muito de alguns clubes que mantém esses atletas. Outros, com muito sacrifício, se dedicam por ser algo vocacional, sem patrocínio de entes públicos ou privados. Contam, muitas vezes, com ajuda de amigos nas famosas “vaquinhas” para comprar equipamentos e participar de competições.
Faltam, ainda, no setor educacional políticas públicas para a prática dos esportes nas instituições de ensino pelo Brasil. Falta vontade política para que as prefeituras priorizem espaços públicos para as práticas esportivas. Assim, em alguns espaços públicos e como preferência, o que se vê é o funcionamento dos famosos kiosques para venda de bebidas, cigarros e outras tantas coisas prejudiciais ao físico e à mente.
“Então 'tá, vamo lá, nem vou me preocupar
Já 'tá tudo armado pra eu me conformar
Eu vou tentar só pra não falar que eu nem sou atleta”. (Ultraje a Rigor - Terceiro).
Por: Carlos Alberto - Professor e Radialista e Pedro Torres - Engenheiro Agrônomo
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