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Isso é apropriação cultural?

Por Luiz Santos

25/06/2024 08h05 Atualizada há 1 ano
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Foto: Divulgação/Divulgação/Redes Sociais | Arte g1
Foto: Divulgação/Divulgação/Redes Sociais | Arte g1

Todo ano é a mesma coisa, sempre a mesma reclamação por parte de muitos artistas e amantes do gênero musical forró. É que nesse período onde os verdadeiros forrozeiros e forrozeiras deveriam ganhar um dinheiro bem mais "generoso", vê os altos cachês sendo pagos aos artistas da música sertaneja, do pagode, do arrocha, da axé music e tantos outros ritmos, a reclamação é geral.

Algumas pessoas, incluindo o pessoal do forró, chegam a afirmar que isso "é apropriação cultural", palavra empregada por alguns estudiosos a exemplo do antropólogo Rodney William quando afirma  que "apropriação cultural é um mecanismo de opressão por meio do qual um grupo dominante se apodera de uma cultura inferiorizada esvaziando de significados de suas produções, costumes, tradições e demais elementos".

Pensando assim, será que esse pessoal está mesmo se apropriando da nossa cultura nordestina, ao se apresentarem nessas grandes festas, sejam elas de iniciativas privadas ou públicas? Confesso que já pensei assim como alguns artistas, achando que estavam matando a nossa cultura, pensava diferente e até de forma, talvez, radical.

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Já fui contrário à essa musicalidade na festa junina. Porém, ao longo dos anos pude compreender que o Brasil é um país com uma diversidade cultural enorme, produzimos vários ritmos musicais e sempre esses shows musicais são lotados de pessoas e muitas dessas pessoas não têm condições financeiras para pagar ingressos e curtir muitos desses shows apresentados por esses artistas, assim se aproveitam desses momentos, talvez, únicos para curtir os festejos juninos.

Se essa "invasão" de outros ritmos nos festejos juninos pode ser considerada apropriação cultural ou qualquer outra coisa, não sou autoridade no assunto para discutir tal fato. No entanto, entendo que tanto a iniciativa privada quanto a pública - esta mais ainda -, tem que oportunizar aos artistas do forró cachês "generosos" semelhante ao que fazem com os artistas de outros ritmos que se apresentam nessas festas, a exemplo do sertanejo.

Não deve, o poder público,  colocar nas chamadas grades musicais a maioria de outros seguimentos, deixando para trás os verdadeiros representantes das festas juninas, em alguns casos os forrozeiros e forrozeiras tornam-se apenas complemento da programação festiva, e não atrações principais. 

Por fim, entendo que os próprios artistas do forró têm que se unir, se organizarem melhor para poder "disputar" de igual pra igual e tocar o ano inteiro, não só no período de São João. Reclamar, muitas vezes não resolve a causa. A reclamação tem acontecido há quase três décadas, desde o surgimento de bandas musicais como  Mastruz com Leite, Magníficos, Limão com Mel, Calcinha Preta, etc. É preciso união e organização para resolver esse imbróglio.

Por Luiz Santos, radialista e jornalista

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Hélio de Aguiar Há 1 ano Santo Antônio de Jesus - Bahia Parabéns Luiz Santos pela reflexão, sobre a qual vou fazer uma breve análise. Nosso Brasil é plural de cabo a rabo, fato. Ocorre que nas regiões Suldeste, Sul e Centro Oeste existe várias formas de discriminação com o Nordeste e seu povo. Nas festas de peão, de Rodeio, nos Centros de Tradições Gaúchas, ritmos nordestinos, que não só os juninos são rechaçados. Acho horrível sertanejos, pagode, funk e outros ritmos que não tem identidade territorial, cultural e histórico conosco.
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