Será que os artistas tem culpa?

Outrora escrevemos nesse espaço sobre o cuidado que muitos gestores públicos não têm com os recursos públicos. A farra que muitos fazem com os recursos os quais deveriam ser aplicados nas coisas mais importantes como educação, saúde, geração de emprego... alguns preferem oferecer tão somente o chamado "pão e circo". Em outras palavras, promover festas caríssimas para autopromoção. Vide recente contratação de um determinado artista por uma prefeitura da Bahia que vive estado de emergência.

Muitos desses municípios não têm recursos suficientes para sua própria manutenção. Os gestores vivem com a "cuia na mão" à espera de repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para pagarem fornecedores e até funcionários. Por outro lado, em épocas festivas, estes mesmos gestores sempre dão um jeitinho e conseguem dinheiro para promoção de farra, o verdadeiro "pão e circo".

Quando isso acontece algumas pessoas acabam culpando também os artistas pelos cachês astronômicos que cobram. É o caso do sertanejo Gustavo Lima que iria receber da prefeitura de Campo Alegre de Lourdes na Bahia, administrada pelo senhor Enilson Marcelo Rodrigues da Silva (PCdoB). Este gestor, de forma, no mínimo, irresponsável, iria pagar mais de um milhão de reais por uma única apresentação do artista, não fosse o Ministério Público Estadual (MPE) que, sabiamente, recomendou e o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) acatou pela suspensão do referido show.

Repito. Considerando que para algumas pessoas, a culpa, é dos artistas por cobrar valores tão altos por seus shows, resta questionar: será que os artistas são mesmo culpados? Existe a lei da oferta e da procura; compra quem pode; o produto está posto, leva quem quer e pode. Ou seja, nesse quesito, os artistas são trabalhadores e estão para desenvolver suas atividades laborativas e receber por isso. Cabe aos gestores públicos a responsabilidade de não sairem gastando aleatoriamente o dinheiro público.

Por Luiz Santos, Radialista e Jornalista