“Em boca fechada não entra mosca”. “Boca fechada é ouro, boca aberta é prata”. Tem pessoas que de bocas fechadas são poetas. São tantos os dizeres, existentes ou criados na hora, que a gente se arrisca a fazer isso também, além de deixar já de início o questionamento: até quando se viverá no Brasil essa polarização política que divide pessoas, grupos, famílias?
Muito se fala em Democracia nesse país. Mas ela [a Democracia], ao que parece, em muitos casos, só existe mesmo no papel. Quando os interesses de algumas pessoas são “feridos” as reações são as mais diversas. O direito do outro não é respeitado.
Essa polarização política tem afetado muita gente de todas as esferas, especialmente aquelas pessoas relacionadas ao alto comando deste país e/ou integrantes dos Três Poderes. Como exemplo mais recentes, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que têm sido criticados, algumas vezes injustamente, de maneira individual, noutras tantas vezes são atacados por grupos políticos. Isso tem ocorrido, de certa maneira, dizem, em função de algumas de suas [dos ministros] decisões judiciais ou de suas posições políticas.
Nesta quarta-feira, 12, em Brasília (DF), ao participar de evento político da União Nacional dos Estudantes (UNE), o ministro do STF, Luis Roberto Barroso, fez declarações consideradas, no mínimo, infelizes e que serviram de combustível para que muitos bolsonaristas viessem a público através dos meios possíveis se manifestarem e “atacarem” o ministro pelo seu posicionamento naquele evento. Disse Barroso "Derrotamos o Bolsonarismo. Só Ditadura fecha Congresso e cassa mandatos. Só Ditadura cria censura. Só Ditadura tem presos políticos".
O magistrado falou a verdade. Falou o que muita gente gostaria de falar e não tem coragem ou oportunidade. Mas, o Ministro Luis Roberto Barroso, a nosso ver, errou feio em dois momentos: primeiro, como ministro da Suprema Corte, não deveria estar em um evento como este; segundo, jamais deveria discursar, muito menos dizer o que disse.
Palavras pronunciadas são como penas jogadas ao vento montanha abaixo, ninguém consegue juntar. Mesmo o ministro pedindo desculpas, tentando se refazer do estrago, já foi feito. Barroso simplesmente “jogou gasolina” no fogo num momento muito delicado politicamente que o Brasil atravessa.
E não é a primeira vez. Noutra oportunidade, ao ser questionado por supostos simpatizantes bolsonaristas sobre a segurança do código-fonte das urnas eletrônicas brasileiras, quando estava em Nova York, Barroso reagiu dizendo “Perdeu, mané, não amola”.
Que o senhor Ministro possa pensar mais e falar menos. Que os ministros falem nos altos dos processos, nas suas decisões judiciais, e não nos palanques da vida. Que trabalhem mais e falem menos.
Por Luiz Santos, Radialista e Jornalista
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