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“Uma postura positiva interfere no resultado do tratamento”, afirma psicóloga

Série de reportagens especiais Novembro Azul

06/11/2022 08h22 Atualizada há 3 anos
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Arquivo Pessoal
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“Uma postura positiva interfere no resultado do tratamento”, afirma psicóloga 

O processo de adoecimento tem relação direta com as questões psicológicas. Tabus e preconceitos podem impedir o homem de buscar acompanhamento médico. Em entrevista ao programa Levante a Voz, da Rádio Sociedade News FM, a psicóloga Edvanir Rodrigues explicou que é cientificamente comprovado que os homens têm mais resistência em cuidar da saúde.

“Não é senso comum e nem mito, é comprovado cientificamente que os homens apresentam uma resistência maior em buscar auxílio médico e isso se deve, porque foi implantado na mente deste homem de que ele é um ser inviolável, ele é colocado também como o provedor e o forte, então diante dessas figuras, dessas imagens embutidas na mente desse homem, isso inviabiliza todas as possibilidades de buscar apoio, se permitir ser cuidado muitas vezes. É sobre muitas justificativas como falta de tempo, que não está doente ou de que não está sentindo nada, mas tudo isso é puramente o inconsciente coletivo falando mais alto diante de tudo que foi implantado ao longo de uma história na mente, na vida das pessoas e isso inviabiliza de fato o acesso dos homens aos cuidados médicos.”

Edvanir Rodrigues explicou ainda que no caso do acompanhamento com o urologista a resistência é ainda maior. “Em se tratando do câncer de próstata, além da dificuldade de buscar o auxílio médico ainda vem aqueles tabus, mitos que permeiam a mente e o psicológico de muitos homens, é comprovado cientificamente que o fato do homem ir ao urologista, não afeta em nada a sua masculinidade, a sua virilidade, não vai deixar de ser homem por conta disso. Então isso é algo que precisa ser trabalhado no psicológico com relação a desmistificar esses estereótipos que permeiam esse tema tão importante que é a prevenção do câncer de próstata”.

A psicóloga apontou que medos e tabus não podem impedir os homens de buscar os serviços de saúde. “Atrelado a isso há outros fatores psicológicos que acabam interferindo ou prejudicando o acesso desse homem aos serviços de saúde, aos exames, a prevenção e até mesmo ao diagnóstico de forma precoce, como por exemplo, o caso do exame de toque,  muitos homens deixam de ter acesso, não fazem esse exame por conta de brincadeiras, por medo ou até mesmo porque é embutido na mente dele que a partir do momento que ele faz o exame de toque ele deixa de ser homem, e nós sabemos que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Essas questões são puramente psicológicas, embutidas pelo inconsciente coletivo que tem a função de impossibilitar o acesso aos cuidados médicos e que esses homens têm que trabalhar somente no sentido de não deixar que esses tabus e medos, os impeçam de ter acesso ao serviço de saúde, a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata”, destacou. 

Uma das preocupações dos pacientes diagnosticados com o câncer de próstata é com a questão sexual, boa parte dos homens temem a impotência sexual. “Temos também alguns fatores que podem interferir, como a idade, indivíduos com a idade mais avançada podem ter uma interferência na função sexual ou pessoas com diagnóstico mais tardio também são propensas a interferência na vida sexual. Mas isso não é um fator predominante, mais vale fazer a prevenção, praticar o autocuidado, fazer os exames de rotina, porque dessa forma o homem evitará passar por esse desgaste, medos que permeiam essa questão do câncer de próstata”.

“Após o diagnóstico do câncer de próstata podem ocorrer situações onde o homem recebe o diagnóstico como sendo uma sentença de dano a masculinidade, de interferência na vida sexual ativa, mas sabemos que essa questão física ela tem muito a ver também com fatores psicológicos, como a forma que esse indivíduo recebe a informação, se ele entendeu, se consegue lidar com essa informação, é a forma com que ele absorve, como ele ressignifica essa informação. Isso diz muito sobre o tipo de vida sexual que ele vai ter após o diagnóstico, não é só a questão física que vai interferir, mas principalmente a questão psicológica desse homem. Por isso que é de fundamental importância após o diagnóstico, o homem também receber apoio psicológico, porque junto com o profissional de psicologia encontrará estratégias de lidar com essa demanda de ressignificar, encontrar forças, estratégias de continuar seguindo adiante, firme com pensamentos positivos, isso vai fazer toda a diferença no tratamento e no resultado dos tratamentos”.

Segundo Edvanir, o psicólogo irá auxiliar o paciente a buscar estratégias para enfrentar a doença de forma mais positiva. “A importância do apoio psicológico após o diagnóstico da doença tanto do câncer de próstata quanto de outras doenças se dará da seguinte forma: o profissional irá ajudar o paciente a encontrar estratégias de enfrentamento, estratégias saudáveis sempre prezando pelo positivismo, prezando pela questão de ressignificação nesse momento, que apesar do que está acontecendo, o que posso tirar de positivo ou de melhor nesse momento. Então são essas estratégias que o profissional estará ajudando o paciente a passar de uma forma mais tranquila, por essa fase tão difícil e a partir de quando o paciente aprende a lidar com esse momento, através das estratégias, vai também mantendo sua imunidade em equilíbrio, o que é importante no processo de tratamento do câncer. A partir do momento que a imunidade se mantém, os resultados da medicação serão mais eficazes e o processo de tratamento será mais saudável, mais rápida a recuperação do paciente também”, explicou.

Edvanir Rodrigues reforçou que a busca por acompanhamento médico é um gesto de amor-próprio. “A mensagem que deixo a vocês homens, é que a doença não escolhe sexo, idade, cor de pele, condição social e sim aquelas pessoas que não se permitem ser cuidadas, que não praticam o autocuidado. Então o conselho que dou para vocês, é buscarem os auxílios médicos, fazerem exames de rotina. O homem que busca um apoio médico não é um fraco ou vulnerável, e sim que ele possui o amor-próprio, que ele se preocupa consigo. E além dessas questões dos exames de rotina, temos também outros fatores que podem influenciar diretamente na questão da prevenção, como a prática de atividades físicas, boa alimentação e vários outros fatores que a que influenciam diretamente.”, explicou.

A psicóloga reforçou que pacientes diagnosticados devem buscar auxílio psicológico. “E para aquelas pessoas que não estão sabendo lidar com o diagnóstico, a melhor forma de enfrentar essa situação é buscar um profissional que irá te ajudar no processo de enfrentamento, a ressignificar esse momento. O profissional vai te ajudar a enxergar, não só o lado da demanda, o lado da doença, mas sim o que você pode tirar de positivo disso, e que você pode de certa forma, adquirir habilidade a partir dessa experiência. Então seria também manter pensamentos positivos, manter uma postura positiva perante essa situação, pois a forma com a qual lidamos com a doença interfere diretamente no resultado do tratamento. Uma pessoa que recebe diagnóstico e que lida de uma forma positiva, que tem uma postura positiva, com certeza a recuperação dela vai ser mais rápida. Então busquem sim um apoio psicológico, pratique sim o autocuidado e faça os exames de rotina, porque isso é um ato de amor”, concluiu.

Reportagem: Jéssica Campos

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