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Câncer de Próstata: O preconceito é o maior inimigo do homem

Série de reportagens especiais Novembro Azul

01/12/2022 12h06 Atualizada há 3 anos
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

O câncer de próstata é o mais incidente no homem (excluindo-se o câncer de pele não melanoma) e o segundo que mais mata, atrás do câncer de pulmão. Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde revelam que, de 2019 a 2021, foram mais de 47 mil óbitos em razão desse tipo de tumor. No ano passado, 16.055 homens morreram em consequência da doença, o que corresponde a cerca de 44 mortes por dia.

O preconceito com relação a perda da masculinidade acerca do exame do toque retal ainda é um tabu entre muitos homens. Em entrevista ao Conectado News, o médico urologista Doutor Vitor Pasqualini, afirmou que este tipo de câncer em sua fase inicial é indolor, sendo necessário o diagnóstico precoce.

"O Novembro Azul nada mais é do que uma grande oportunidade que nós homens temos que nos cuidar, imitando as mulheres, que não se cuidam apenas durante o Outubro Rosa, mas sim durante todo o ano, não é a toa que as mulheres vivem mais do que os homens, pelo simples fato de se cuidarem, o Novembro Azul é um alerta a todos os homens da necessidade de se cuidar, não ir somente ao urologista, cardiologista, oftalmologista, endocrinologista. O grande foco do Novembro Azul é o câncer de próstata, tipo de câncer mais comum no sexo masculino. Para se ter uma ideia, em 2022, estima-se que o Brasil tenha 65 mil homens acometidos pelo câncer de próstata".

CN - Quais são os fatores que contribuem para o aumento do número de casos? 

Vitor Pasqualini - O fator que tem mudado o cenário relativo ao câncer de próstata é o diagnóstico precoce, é o grande objetivo do Novembro Azul, fazer com que os homens procurem o urologista, e caso o diagnóstico seja precoce, a chance de cura é de 90%. 

CN - Qual a idade mais comum para o surgimento do câncer de próstata?

Vitor Pasqualini - O câncer de próstata é mais no homem idoso, porém, a abordagem é completamente diferente de um homem com 80 anos e um homem de 50 anos. A história familiar é muito importante, se meu pai, irmão ou avô tem histórico de  câncer de próstata, preciso procurar o urologista aos 40 anos de idade, a história familiar é muito importante, no é porque meu pai teve, que necessariamente terei câncer de próstata, não é uma doença hereditária, assim como a raça negra, sabemos que homens da raça negra também tem maior chance de ter câncer de próstata, por isso, esses homens devem procurar o  urologista partir dos 40 anos, se não tenho histórico familiar, não sou da raça negra, devo ir ao urologista a partir dos 45 anos de idade.

CN - Todo aquele diagnosticado com a doença, precisa ser operado?

Vitor Pasqualini - Não é mais dessa forma, nem todo paciente com câncer de próstata precisa ser operado, submetido a radioterapia, depende muito da idade do paciente, da agressividade do tumor, é um tratamento completamente individualizado, é necessária a observação desses fatores para saber se o paciente precisa operar, submeter-se a algum tipo de algum tipo de tratamento ou apenas ser acompanhado de perto pelo urologista, cada caso é um caso. 

CN - O Homem volta a ter uma vida normal após o tratamento? 

Vitor Pasqualini - O paciente com diagnóstico precoce do câncer de próstata, vai fazer o tratamento necessário, e poderá ter uma vida completamente normal, não é porque operou ou tratou um câncer de próstata que o paciente perderá a ereção, não conseguirá mais ter relação sexual, ficará incontinente, dizem que o paciente que opera do câncer de próstata não consegue mais ter relação sexual, isso é um grande mito, o paciente consegue ter a sua vida normal desde que tenha feito o diagnóstico precoce, quando é feito em estágio avançado, não tem mais chance de cura, esse é o grande alerta, não deixe para procurar um urologista apenas quando você tiver sentindo algo, por que sabemos que o câncer de próstata nas fases iniciais é completamente assintomático, não mostra nenhuma sintoma ao paciente. 

CN - Por que tanto preconceito com o tema?

Vitor Pasqualini - O preconceito tem diminuído bastante por causa do acesso a informação, hoje todos tem acesso à internet. Nós urologistas conseguimos ver isso em nossos consultórios, hoje em dia é muito raro ver um paciente se negar a fazer o toque retal, neste ano de 2022 tive apenas dois pacientes que se negaram a fazer o toque retal, a informação é importante, os pacientes estão se conscientizando, temos mostrado que o exame do toque retal é um exame físico, muito tranquilo, rápido, simples, que não incomoda, machuca. O preconceito ainda existe, mas ele tem diminuído ano após ano.

Reportagem: Emanuele Pilger e Hely Beltrão

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