Era para ficar na história, mas resolveram desvirtuar e não entregaram, não presentearam. Refiro-me ao prêmio não entregue aos verdadeiros ganhadores: os forrozeiros. Em todo o nordeste, especialmente, foram esses artistas que lutaram, suaram a camisa para ver o forró ser reconhecido nacionalmente.
Em 13 de dezembro de 2021, data em que se comemora o aniversário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), declarou o Forró como Patrimônio Cultural do Brasil. Em 2022 era pra ser o ápice, motivo para muitas comemorações por dois motivos: 1⁰ porque se passaram dois anos sem a realização dessas festas devido a pandemia do novo Coronavirus; e, 2⁰ - para comemorar o memorável título, o reconhecimento do IPHAN a esse ritmo e a esses artistas que tocam e que defendem o ritmo.
No entanto essa comemoração não aconteceu á altura do que seria um Óscar para os verdadeiros forrozeiros. O que mais se viu e ouviu em centenas de municípios nordestinos que realizaram os festejos juninos foi uma "apropriação" cultural, uma "invasão" de outros ritmos, a exemplo do pagode, reggae, samba, arrocha, e o sertanejo sendo a bola da vez. Como se não bastasse, teve até DJ Alok ocupando espaço antes dedicado ao Forró.
Não se trata de querer ser barreirista. Apenas perceber que o desrespeito foi tamanho que levou ao desabafo do decano forrozeiro Flávio José anunciar o fim da sua brilhante carreira musical até 2024, no máximo. Espera-se que a decisão de Flávio José sirva de reflexão para os governantes quando das contratações e realizações de festas desta natureza. Cada ritmo é um ritmo e têm seu público. Porém, os festejos juninos sempre foram em ritmo de Forró.
Não adianta apenas criar leis, é preciso respeitar as leis. É urgente que se valorize os artistas enquanto estão vivos. Não cabe fazer com os atuais forrozeiros o que fizeram com "Gonzagão", valorizado depois de morto.
Por fim, os lutadores forrozeiros viram a aprovação da concessão do título e o Forró foi reconhecido nacionalmente. Porém, faltou aos governantes, em 2022 durante os festejos juninos, fazerem a entrega deste título a quem de direito: os forrozeiros e o povo nordestino, com a valorização do ritmo no primeiro São João pós reconhecimento e depois de dois anos sem que a festa fosse realizada.
Por Luiz Santos jornalista e radialista
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