Não é surpresa que vivemos tempos difíceis causados pela pandemia da COVID-19 em consequência, também, dos maus exemplos expostos, todos os dias, por aqueles que possuem o dever de cuidar.
Acompanhamos, abismados, a coisificação da vida e da morte. Os mortos perderam suas identidades e se tornaram, apenas, um número. Mil mortos, dez mil mortos, cento e sessenta mil mortos. Friamente, autoridades políticas esquecem que uma pessoa possui uma família e muitos amigos. Cento e sessenta mil pessoas possuem cento e sessenta mil famílias e quantos amigos? Incalculável. Não se pode falar de números. Deve-se lembrar dos amores de alguém que morreram, inicialmente, pela fatalidades e pelo desconhecimento do vírus da Covid-19; posteriormente, pela ignorância associada à estupidez de dirigentes que desprezaram a ciência, aboliram o uso da máscara e minimizaram os efeitos do vírus.
É estarrecedor, para qualquer cidadão, acompanhar debates infrutíferos eivados de sentimentos negativos e de desconhecimento científico sobre a obrigatoriedade ou não da vacina. Aquele que tem a obrigação de cuidar não pode, em hipótese alguma, descartar qualquer possibilidade científica que traga esperança de combate a qualquer doença, de forma especial, à Covid-19.
A Carta Maior declara que o direito à vida é inviolável e a Lei 8080/90 (lei do SUS) apresenta, entre suas garantias, o princípio da Universalidade que determina que todos os cidadãos e cidadãs têm direito à saúde e acesso a todos os serviços de saúde. A vacina é vida! A vacina é saúde! Tais afirmações se fortalecem com a erradicação da paralisia infantil, com o combate à varíola , ao tétano, a difteria, à influenza, a hepatite A e tantas outras doenças que deixaram de assustar a população. Por uma questão de responsabilidade, não pode, o Homem público, desmerecer e despertar a descrença da população no trabalho de nobres cientistas que dedicam suas vidas a salvar milhões de vidas, ainda que em condições adversas. Se alguma autoridade sanitárias não apresenta a inclinação necessária para enfrentar comportamentos políticos que não primam pela vida, cabe, sim, ao judiciário tentar dirimir os conflitos, favorecendo a vida de cada pessoa.
“Maricas” ou não, o que se discute é a vida das pessoas. O que se lamenta é a morte dos amores de 162 mil pessoas.
O mínimo que se espera, de sociedade civilizada, é respeitar as determinações sanitárias (usar máscara, evitar aglomerações, higienizar as mãos, etc.). A Covid-19 ainda ceifará vidas preciosas e, para diminuir isso, todos os cidadãos e cidadãs devem exercer seu papel de cobrança por resultados epidemiológicos que tragam menos aflições a todos.
Enquanto a guerra negacionista persiste, buscando atingir meios de comunicação, ganhando espaço com frases pré-fabricadas que descaracterizam a ciência, desprezando vidas idosas, desrespeitando determinações sanitárias, nós, o povo, acompanhamos mais sepultamentos com urna fechada.
“É só mais uma vida, dizem eles, lamento.”
É o amor da vida de alguém que chora uma dor que não tem cura.
Daqui, da beira do mar, é possível assistir a mais um capítulo de uma luta que está longe de acabar!
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