Setembro se despede e deixa no ar mais do que a primavera. Deixa também uma pergunta: por que estamos tão ansiosos? Parece que o coração corre antes mesmo dos passos. A mente, sempre acelerada, já está no amanhã quando o hoje mal começou.
A violência que explode nas ruas também invade o silêncio das casas. Pais e filhos se enfrentam em guerras que deveriam ser apenas conversas. As escolas, que já foram refúgio, agora em algumas cidades estampam manchetes de medo com violência e venda de drogas nas entradas pelos atravessadores. E as redes sociais, que prometiam aproximação, se transformaram em arenas de ódio e comparação sem fim o que levam pessoas mais frágeis ao adoecimento.
No mercado, a cesta básica pesa não só no bolso, mas também na alma. A cada aumento, o estômago aperta junto com a cabeça. Ah, e essa semana foi divulgado que o café também terá aumento de valor. Como descansar se o amanhã é sempre uma incerteza?
As cobranças. Vivemos em uma sociedade que exige produtividade, sorriso pronto e sucesso imediato. Mas não nos oferece tempo, acolhimento ou segurança. A ansiedade não é capricho: é o grito de um corpo que não aguenta mais carregar sozinho o peso de um mundo tão instável. A pandemia acentuou ainda mais esse cenário: empurrou milhões para dentro de casa, no isolamento do home office, e muitas pessoas, até hoje, não conseguem voltar. O medo de encarar o outro, de se expor novamente ao convívio social, tornou-se um obstáculo invisível. As doenças mentais já existiam, mas o pós-pandemia foi cruel escancarou fragilidades, aprofundou solidões e deixou cicatrizes que ainda estamos aprendendo a nomear.
Ao encerrar setembro, mês de prevenção e cuidado, fica a lembrança de que saúde mental é direito, não luxo. E que pedir ajuda não é fraqueza, é coragem. Talvez o verdadeiro florescer da primavera esteja em aprender a cultivar, em nós e nos outros, o espaço da escuta, da pausa e do afeto.
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