Gastar até R$ 3 mil para tirar a carteira de habilitação e, mesmo assim, não conseguir dirigir. Essa é a realidade de milhares de brasileiros que enfrentam o medo de pegar no volante — um bloqueio que ultrapassa a lógica, provoca sintomas físicos intensos e compromete a liberdade de ir e vir. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 2 milhões de pessoas no Brasil convivem com a chamada amaxofobia, a fobia de dirigir.
Em Feira de Santana, um grupo de psicanalistas tem apostado em uma abordagem pouco convencional, mas com resultados surpreendentes: a hipnoterapia. A técnica utiliza a hipnose clínica — reconhecida pelo Conselho Federal de Psicologia como prática complementar — para acessar memórias e emoções profundas que influenciam o comportamento atual.
A professora Isabela Leal, 34 anos, viveu por anos esse bloqueio. Mesmo habilitada, evitava dirigir a qualquer custo.
“Era irracional, mas dominava meu corpo. Eu travava, sentia angústia, o coração acelerava. Tentei várias vezes, mas era mais forte que eu. Só depois que comecei a hipnoterapia consegui desbloquear isso. Hoje, já dirijo com tranquilidade. Parece milagre, mas é ciência”, conta.
Para a psicanalista Yvone Cerqueira, fundadora da clínica Sephia Psicanálise, a fobia funciona como um alarme emocional acionado por engano.
“A pessoa sabe que dirigir não é perigoso naquele contexto, mas o corpo reage como se estivesse diante de uma ameaça real. Com a hipnose, conseguimos acessar a memória que originou essa resposta e ensinar ao inconsciente que o perigo já passou”, explica.
Diferente do que muitos imaginam, o processo não envolve reviver o trauma ou perder o controle.
“A hipnose não é um apagão da mente. A pessoa permanece consciente o tempo todo. É como estar imerso em um filme ou leitura. Nesse estado de concentração, conseguimos trabalhar com mais profundidade e de forma respeitosa”, destaca Yvone.
Além da amaxofobia, a hipnoterapia também tem sido utilizada para tratar outros tipos de fobias (como medo de elevadores, agulhas ou animais), transtornos de ansiedade, TOC, insônia, compulsões e dores crônicas.
Apesar dos resultados positivos, os psicanalistas reconhecem que a hipnoterapia ainda carrega estigmas.
“Tem gente que ainda associa hipnose a show de palco ou controle da mente. Mas não tem nada a ver. É uma ferramenta clínica, validada e segura, que pode transformar vidas”, afirma a equipe da Sephia.
E em Feira de Santana, onde o trânsito intenso desafia até os mais experientes, finalmente retomar o volante sem medo tem sido possível para quem busca um tratamento acolhedor e eficaz.
“Tem quem ache que vai conviver com uma fobia a vida inteira. Mas não precisa ser assim. Existem caminhos possíveis. E a hipnoterapia é um deles”, conclui Yvone.
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