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“O câncer de mama e tratamento interferem na identidade feminina”, diz especialista

Psicóloga especialista em saúde mental da mulher

26/10/2022 22h12 Atualizada há 3 anos
Por: Ana Meire Fonte: Conectado News
Foto Arquivo pessoal
Foto Arquivo pessoal

 

O câncer de mama promove mudanças drásticas na vida da paciente diagnosticada com a doença. Durante esse processo é possível que ocorram alterações nas relações interpessoais, problemas de autoestima. Em entrevista ao Programa Levante a Voz, a psicóloga especialista em saúde mental da mulher, Camila Caribé, afirmou que a doença e o tratamento torna a mulher mais suscetível a prejuízo da experiência de sentir-se mulher.

“O câncer de mama e seu tratamento interferem na identidade feminina, levando geralmente a sentimentos de baixa autoestima, de inferioridade e medo de rejeição, seja ela em relação ao companheiro, aos filhos, a outros familiares ou amigos. O sofrimento psicológico causada pela descoberta do câncer comporta representações e significados atribuídos à doença ao longo da história e da cultura e adentra as dimensões das propriedades do ser feminino, o que interfere nas relações interpessoais, principalmente nas regiões íntimas e básicas da mulher. Atualmente em nossa cultura o seio é fortemente explorado como ícone de forte apelo sexual, ideia que é reforçada pela mídia, dessa forma a mulher com câncer de mama continua suscetível a  prejuízo de sua experiência de sentir-se mulher, uma vez que seu seio foi atingido pela doença e em muitas vezes mutilado pelo tratamento.”, explicou.

A psicóloga ainda destacou que a cobrança por uma imagem perfeita leva alguma mulheres pode desencadear sentimentos de baixo autoestima e depressão. “Na nossa sociedade só por sermos mulheres seremos cobradas por nossa imagem impecável, seja  por um corpo magro e bonito, seja pelas roupas e cabelos alinhados, mas nesse momento do diagnóstico precisamos olhar para dentro de nós mesmos e encarar esse processo como uma fase difícil e íntima e que ninguém poderá julgar ou nos cobrar algo.  Diante de tantas mudanças causadas pela patologia, o acolhimento de profissionais da saúde e familiares é de extrema importância na vida dessa mulher, não será um período fácil e poder compartilhar as emoções pode ser de grande valia. Precisamos lembrar também da importância do acompanhamento psicológico durante o tratamento, casos de depressão tem sido cada vez mais comuns durante esse processo.”.

Outro ponto que pode afetar o psicológico da paciente é o fator sexual que também acaba sofrendo os impactos da doença. “Durante o tratamento as mulheres podem apresentar o interesse sexual diminuído por causa dos efeitos secundários do tratamento como menopausa precoce, diminuição da libido e a alteração na produção de hormônios sexuais, o que torna o ato sexual muitas vezes doloroso, além de diminuir a excitação e inibição orgasmo. Tudo isso pode afetar a saúde mental do paciente já que o sentimento de rejeição costuma estar em xeque nesse momento. E aí o papel do parceiro, da parceira nesse momento é de escutar, acolher e cuidar dessa mulher. A escuta sem julgamentos e cobranças vai ter um papel importantíssimo nesse processo.”.

Camila Caribé incentivou as mulheres a encararem a situação com mais carinho e autocuidado. “O câncer de mama ainda é um segredo difícil de ser partilhado, narrado e ouvido mesmo para a mulher que culturalmente é mais estimulada a compartilhar, integrar e socializar experiências. E o meu recado para você mulher é que não se culpe, não se puna, olhe para dentro de si com carinho, abrace as suas dores. Estamos aqui de mãos dadas com você, não desistam de fazer o que gostam, de viver novas experiências, não desistam das viagens, não desista de sorrir e se alegrar, não desistam de vocês.”, concluiu.

 

 

 

Reportagem Jessica Campos 

 

 

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