E pegou fogo! Debate sobre a mudança de data da Micareta 2026 promovido pelo Programa Levante a Voz

Por Hely Beltrão

Aconteceu na manhã deste sábado (4), no Programa Levante a Voz da Rádio Sociedade News FM, um debate a respeito da mudança da data da Micareta 2026, anunciada em coletiva de imprensa na terça (30), pelo prefeito José Ronaldo (UB), para o mês de novembro.

Sob a mediação do jornalista Luiz Santos, o professor Edilson Veloso, referência no estudo das micaretas, especialmente a de Feira de Santana que é contra a mudança, e o empresário e produtor de eventos Antônio Dyggs, a favor, expuseram em um debate seus posicionamentos. As regras do debate foram combinadas previamente com os convidados.

Veloso disse ser contra, por que segundo ele, os principais seguimentos que atuam na festa não foram ouvidos, citando também a proximidade com outras festas e feriados. Para ele, mudar a data é um "furto à tradição.

"Pessoas que não gostam da festa, inclusive do poder público, sei o que é a Secretaria de Cultura, pois trabalhei lá, onde tem muitas pessoas que não gostam, ou seja, tinha que começar por aí. Essa conversa de que entre fevereiro e abril é um sanduíche, por causa do Carnaval ou proximidade com o São João, a mesma coisa acontece em novembro, saindo de uma Expofeira, proximidade com o natal, ano novo, sem contar que há datas que não podem ser atropeladas, a exemplo do Dia de Finados. Será que haverá Micareta neste dia? Seria um desrespeito. Estou preocupado com a cultura, não sou contra as pessoas ganharem seu dinheiro, na Micareta eu também ganho quando trabalho, colocar isso acima da cultura, entendo que a maneira como está sendo feita, está equivocada, é preciso planejamento de um ano para o outro, acabou uma Micareta, vamos planejar outra. O Carnaval de Salvador, na quarta-feira, a Prefeitura reúne os movimentos e segmentos envolvidos e começa a planejar para o ano seguinte, aqui não, quanto mais se fala, menos dão ouvidos, isso não é argumento plausível, para de uma maneira, onde só foram ouvidas entre cinco a seis pessoas, fazer uma mudança radical dessas, porque é um furto a tradição.

Para Veloso, a pesquisa citada pelo prefeito para fundamentar a mudança da data não tem credibilidade.

"Que pesquisa é essa que não foi publicada? Quem frequentou uma universidade sabe que pesquisa para ter valor deve ser publicada, o prefeito vem dizer que 70% das pessoas pesquisadas queriam a mudança, outra informação que ele citou é que 70% das pessoas acima de 40 anos não vão a Micareta. Está sendo feito uma festa para crianças? São argumentos que não são plausíveis, quero que alguém me convença disso".

Antônio Diggs

Diggs concordou com um dos argumentos apresentados por Veloso sobre a questão do planejamento, afirmando que vem cobrando isso desde 2003, mas nunca foi atendido. Para Diggs, a mudança, que permite o planejamento antecipado da festa é uma reivindicação não só dele, mas de toda a sociedade feirense. Segundo o empresário, somente o argumento de manter a tradição não é um argumento suficiente para fazer a festa na data de sempre.

"Concordo com o professor que a Micareta deveria ser pensada assim que cada festa termina, estou no evento desde 2003, fazendo o tempo todo essa solicitação desde a época em que Maurício Carvalho era o secretário de Cultura, implorando ao poder público que se faça a organização da festa com um ano de antecedência, é uma demanda que era óbvia, que vem sendo pleiteado junto ao poder público ao longo de 20 anos desde que houve a mudança para avenida Presidente Dutra, faço parte disso, pois comecei nos barracões, depois, fui para os blocos, em seguida blocos de camarote, posteriormente não tive negócio nenhum na Micareta, como no ano passado, o que defendo não tem a ver com ganhar ou não dinheiro, mas com entender que esta solicitação de antecedência não foi atendida ao longo dos últimos 20 anos, o poder público sempre deu desculpa para isso, que se resolve no momento em que muda a data da Micareta, sei que mexer com a data, mexe com a tradição, mas, tirando a tradição quais os argumentos para que a data não possa mudar? Se tirarmos isso, quais são os outros argumentos para que essa mudança não aconteça?

Sobre a questão de ninguém ter sido ouvido com relação a mudança, Diggs disse que Velozo deveria questionar ao prefeito e não a ele. O debate na íntegra está disponível no instagram do Conectado News e antoniodyggs.

 

 

 

 

 

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