Na manhã desta segunda-feira (29), Feira de Santana amanheceu mais triste com a notícia do falecimento de Nilton Rasta, aos 63 anos. Músico, capoeirista, militante cultural e um dos nomes mais representativos do bairro Rua Nova, Nilton foi e continuará sendo símbolo de resistência e amor pela cultura popular.
O irmão de Nilton, Ney de Jesus, concedeu uma entrevista relembrando momentos marcantes da trajetória do irmão e lamentando a perda de um verdadeiro guerreiro.
“Infelizmente, é uma notícia muito difícil de dar. Mas está nas mãos de Deus. Nilton foi um grande guerreiro, até na hora do sofrimento. E agora é mais uma estrela no céu”, declarou Ney, visivelmente emocionado.
Nilton Rasta foi um dos primeiros moradores da Rua Nova, bairro onde construiu não apenas sua história pessoal, mas também sua trajetória como líder comunitário, artista e defensor incansável das causas sociais.
“Ele era muito querido por todos. Um ser humano amigo, marido, pai, irmão e companheiro da comunidade. Era conhecido por lutar pelas causas do povo, sempre ao lado dos menos favorecidos. Um exemplo para todos nós”, afirmou Ney.
Nilton participou ativamente de diversos movimentos culturais da cidade desde a década de 1980. Segundo o irmão, ele esteve envolvido em atividades como a capoeira no SESI, além de ser um dos fundadores do grupo Ban de Malê, junto com nomes como Juca Moraes e Bolão, figuras importantes da resistência cultural feirense.
“Nossa família sempre teve muito orgulho das nossas raízes. Nosso pai, Valquim Portela, foi padeiro e jogador de futebol, e nos ensinou a importância da cultura e da dignidade. Nilton herdou isso e multiplicou”, relembra Ney.
Legado e resistência até o fim
Mesmo doente, Nilton fez questão de participar da última Micareta de Feira de Santana, estando presente na abertura do evento, no palco com representantes da prefeitura, imprensa e artistas locais.
“Ele não desistia. Mesmo com problemas de saúde, estava ali, firme, representando. A imagem dele na Micareta passada é inesquecível. Ele era resistência pura”, contou o irmão.
A data do falecimento de Nilton Rasta também marca outra perda dolorosa para a família: há exatos dois anos, faleceu seu irmão gêmeo, Ginaldo, também conhecido como Naldo Rasta.
“É uma data de muita dor para a gente. Mas Nilton deixou um legado enorme. Quem conviveu com ele sabe do que estou falando. Ele viveu pela comunidade e pela cultura”, concluiu Ney de Jesus.
Reconhecimento em vida
Apesar das homenagens que devem ocorrer nos próximos dias, Ney deixou uma reflexão importante:
“Infelizmente, as pessoas só querem homenagear depois que a pessoa morre. Eu acredito que o reconhecimento tem que ser em vida. Para que a pessoa sinta, veja e se emocione com o carinho da comunidade.”
Com informações: Onildo Rodrigues
Por: Mayara Nailanne
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