Se a disputa pelo Palácio do Planalto fosse hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estaria reeleito para governar o país pela quarta vez, independente de quem fosse o adversário. É o que mostra a nova pesquisa feita pela Quaest em parceria com a Genial Investimentos com 12.150 entrevistados de oito estados do país: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Goiás, que juntos representam cerca de 65% do eleitorado brasileiro.
Os números divulgados nesta quinta-feira (21) mostram o crescimento de Lula no embate direto contra os oito virtuais candidatos à Presidência da República, em comparação com os levantamentos feitos em maio e junho pelo mesmo instituto. Ao mesmo tempo, a pesquisa reforça a queda nos índices de desaprovação do presidente e o avanço na avaliação positiva do petista detectados na sondagem da Quaest divulgados na manhã de quarta-feira (20), a reboque da queda no preço dos alimentos e na reação frente ao tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aos produtos brasileiros.
A vantagem de Lula aparece já no cenário espontâneo, quando não são apresentados nomes de candidatos. No total, o petista desponta em primeiro, com 16% das intenções de voto, contra 9% do segundo colocado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), diferença de sete pontos percentuais. Em maio, o placar foi de 11% para o presidente, ante 9% de Bolsonaro, o que configurava empate técnico dentro da margem de erro de dois pontos para mais ou para menos. Em junho, a distância foi ligeiramente maior, com Lula chegando aos 15% e Bolsonaro aos 11%.
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) têm 1% cada. Os demais citados somaram, juntos, 1%. Indecisos são 66%, queda de nove pontos em relação à pesquisa de maio e de dois à de julho, enquanto nulos e brancos foram 4%, sem alterações significativas no comparativo com os levantamentos anteriores.
Já na estimulada, em que a escolha dos eleitores é feita com base em uma lista de eventuais concorrentes, Lula tem 34%, contra 28% de Bolsonaro, 8% de Ciro Gomes e 7% de Ratinho Júnior no primeiro cenário. Os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), aparecem lá embaixo, com 3% das intenções de voto cada. Outros 4% se disseram indecisos, enquanto 13% afirmaram que vão votar em branco, nulo ou se abster nas próximas eleições.
No segundo, terceiro, quarto e quinto cenários estimulados sobre a preferência eleitoral para o primeiro turno de 2026, sem a presença de Bolsonaro, as intenções de voto atribuídas a Lula praticamente não se alteram, com o petista oscilando entre 34% e 35%. Contudo, as diferenças aparecem em relação ao segundo colocado em cada um dos outros quatro panoramas radiografados pela Quaest. Quando Michelle substitui o ex-presidente no páreo, a ex-primeira-dama soma 21%, sete pontos a menos que o marido.
Com Tarcísio no lugar de Michelle, o desempenho do governador paulista é ainda mais baixo, 17%, dois a mais do que o cenário no qual o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho "03" do presidente, é o candidato que representa o bolsonarismo. Quando é colocado no lugar do irmão, o senador Flávio Bolsonaro, o filho "01", soma 14%, distante cerca de 20 pontos de Lula. Em todos os demais cenários, Ciro, Ratinho Júnior, Caiado e Zema são citados, com seus melhores resultados em 11%, 10%, 6% e 6%, respectivamente.
A Quaest também simulou confrontos diretos de segundo turno com os oito potenciais adversários, incluindo o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD). Nos duelos com Bolsonaro ou Tarcísio, Lula venceria o primeiro por 47% contra 35% e o segundo por 43% a 35%. O presidente se manteve bem à frente de Michelle (47% x 34%), Ratinho Júnior (44% x 34%), Leite (46% x 30%), Eduardo Bolsonaro (47% x 32%), Zema (46% x 32%), Caiado (47% x 31%) e o senador Flávio Bolsonaro (48% x 32%). Indecisos variaram de 15% a 20%, enquanto brancos, nulos e abstenções ficaram em 3% e 4%, a depender do rival do presidente.
Nordeste garante vantagem do presidente
O instituto mediu a temperatura do eleitorado em cada um dos oito estados abrangidos pela pesquisa. Caso Jair Bolsonaro consiga reverter a inelegibilidade, o que hoje é considerado praticamente impossível, Lula venceria o ex-presidente com folga na Bahia (63% x 21%) e Pernambuco (61% x 27%) e perderia também por vantagem elástica em Goiás (33% x 51%) e Paraná (33% x 49%. Em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, ambos aparecem tecnicamente empatados dentro da margem de erro, com 40% x 41% e 40% x 39%, respectivamente. Já no Rio de Janeiro, Bolsonaro aparece com 42% contra 38% do presidente. O que configura empate técnico no limite da margem.
Contra Tarcísio de Freitas, Lula venceria com ampla frente na Bahia (63% x 21%) e em Pernambuco (63% x 24%). Em São Paulo, o presidente perderia do governador de São Paulo por 52% x 35%; no Paraná, por 46% a 32%; em Goiás, por 47% a 32%; e no Rio Grande do Sul, por 47% x 32%. Em Minas, teria 37%, empatando tecnicamente com Tarcísio, que aparece com 39%. No Rio de Janeiro, apontou a Quaest, o empate é numérico, com ambos marcando 35%.
No embate contra Michelle Bolsonaro, Lula está empatado com a ex-primeira-dama quatro estados: São Paulo (40% a 40%), Minas Gerais (40% x 38%), Rio de Janeiro (38% x 40%) e Rio Grande do Sul (40% x 39%). Em contrapartida, o presidente venceria com folga na Bahia (64% x 20%) e em Pernambuco (62% x 27%). Em compensação, Michelle teria vantagem expressiva no Paraná, com 46% contra 34%, e em Goiás, onde aparece com 49%, ante 34% do petista.
Os demais adversários - Ronaldo Caiado, Eduardo e Flávio Bolsonaro, Ratinho Júnior, Romeu Zema e Eduardo Leite - pontuam bem em seus estados de origem, vencem no Paraná e Goiás e perdem nos demais, incluindo o Rio de Janeiro, reduto de origem do bolsonarismo, embora Lula apareça empatado com os irmãos Flávio e Eduardo nas intenções de voto do eleitorado fluminense. Os números confirmam que o Nordeste é o grande trunfo do petista, enquanto as regiões Sul e Centro-Oeste permanecem como calcanhar de Aquiles para ele.
Nos três maiores colégios eleitorais do país - São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, todos do Sudeste - o cenário mostra disputa acirrada com os demais candidatos, à exceção de Tarcísio de Freitas, que aparece com 17 pontos de frente sobre Lula junto ao eleitorado paulista. O retrato esquadrinhado pela pesquisa indica o peso que a região pode ter na próxima corrida presidencial.
Receio do retorno de Bolsonaro vira trunfo para petista
Além da frente maiúscula de Lula no Nordeste, a nova pesquisa da Quaest aponta outra carta de valor para o presidente: o medo da volta de Bolsonaro ao poder. De acordo com o instituto, 47% dos eleitores entrevistados entre os últimos dias 13 e 17 disseram temer o retorno do ex-presidente ao comando do país, enquanto 39% apontaram receio maior com a reeleição do petista, diferença de oito pontos percentuais.
Segundo o levantamento, a maioria dos eleitores, 58%, acha que Lula não deveria ser candidato à reeleição. O percentual é o mesmo registrado na pesquisa feita pela Quaest em julho. Entre os estados, essa opinião é majoritária em todos, fora Bahia e Pernambuco, embora seja expressivo em ambos o índice dos que são contra a candidatura do presidente em 2026 (42%). Em relação ao ex-presidente, não existem diferenças expressivas. Na média nacional, 65% preferem que ele desista e apoie outro candidato, tendência superior a 60% em todas as praças pesquisadas.
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