A cidade de Feira de Santana recebe neste domingo, 3 de agosto, a partir das 9h, o lançamento da antologia “Mulheres Negras, Vozes, Olhares e Mãos”, uma obra literária que reúne 64 autoras negras de diferentes regiões do Brasil. O evento acontece no auditório do Colégio Municipal Joselita Amorim, nas imediações do Fórum Filinto Bastos, e promete ser um marco na valorização da produção intelectual e artística de mulheres negras no país.
Organizada por Delma Pereira, a publicação é resultado de um sonho coletivo, construído a várias mãos, e apresenta narrativas sobre identidade, resistência, pertencimento e representatividade. A obra conta com prefácio da professora Cristina Sampaio e foi publicada pela Editora Rubi.
Durante entrevista ao programa Levante a Voz e ao Conectado News, a professora e coautora Helly Pedreira destacou a importância da antologia e a força transformadora desse projeto literário. Segundo ela, a iniciativa surge como uma resposta aos desafios enfrentados por mulheres negras em espaços de visibilidade intelectual e cultural.
“Eu já considero um grande feito para a nossa sociedade e para o segmento da mulher negra. Essa antologia reúne a escrita de 64 mulheres previamente selecionadas, muitas das quais não se viam como escritoras. A minha própria escrita, por exemplo, estava restrita ao campo acadêmico. Esse convite foi um estímulo para traduzir sentimentos, vivências e percepções sobre raça e gênero numa sociedade ainda racista e machista”, afirmou.
O livro traz não apenas textos literários, mas também uma rica iconografia inspirada na cultura africana. A capa da obra exibe o rosto de todas as autoras, um gesto simbólico de reconhecimento e pertencimento.
“A capa já seduz pela imagem das autoras e pelas cores que remetem ao nosso continente-mãe, a África. O interior do livro também traz elementos africanos como Sankofa, Baobá e mapas que ressignificam o local de origem das autoras. E cada narrativa reflete como os atravessamentos do racismo e do gênero impactam a vida dessas mulheres — mas sempre de um lugar de reflexão, e não de vitimismo”, explicou Helly.
Além da proposta estética e política, a obra tem forte caráter pedagógico e poderá ser utilizada como material de apoio na educação básica, colaborando com uma formação antirracista nas escolas.
Apesar do entusiasmo com o lançamento, a professora não deixou de comentar os obstáculos enfrentados para concretizar o projeto.
“Produzir arte e literatura no Brasil é desafiador. Somos nós por nós. Contamos com a solidariedade de muitas pessoas para viabilizar o evento. Outro grande desafio foi fazer com que essas mulheres acreditassem que suas histórias merecem ser contadas e publicadas. Ainda vivemos em uma sociedade epistemicida, que deslegitima os saberes produzidos por mulheres negras. Essa antologia vem para quebrar isso”, destacou.
A expectativa é de que o lançamento seja apenas o início de um movimento literário contínuo. De acordo com Helly Pedreira, novas autoras já estão procurando a organização da obra interessadas em participar de uma possível segunda edição.
O evento contará com uma programação diversa e acessível, incluindo momentos de troca cultural e partilha de alimentos. Durante o lançamento, o livro estará à venda por um valor acessível e também poderá ser adquirido posteriormente pelo site da Editora Rubi.
Com informações: Onildo Rodrigues
Por: Mayara Nailanne
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