Uma operação de fiscalização identificou graves irregularidades nas obras da fábrica da montadora de carros elétricos chinesa BYD Auto em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Ao todo, 163 trabalhadores chineses foram resgatados em situação análoga à escravidão. As condições degradantes incluíam jornadas exaustivas, restrições de liberdade e alojamentos superlotados e insalubres.
A construtora terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda, contratada para as obras, foi responsabilizada pelas infrações. Em resposta, a BYD Auto do Brasil anunciou, na última segunda-feira (23), a rescisão imediata do contrato com a empreiteira. A montadora afirmou em nota que não tolera violações à legislação brasileira e à dignidade humana, e que avalia medidas cabíveis contra a empresa.
Entre as irregularidades apontadas pela força-tarefa do Ministério do Trabalho e Emprego, os alojamentos apresentavam condições desumanas. Em um dos locais, os trabalhadores dormiam em camas sem colchões e dividiam um único banheiro entre 31 pessoas, que precisavam acordar às 4h para conseguir se preparar para a jornada de trabalho. Além disso, os banheiros eram precários, misturando funções de higiene pessoal e lavanderia.
Foto: Reprodução
A auditora-fiscal do Ministério do Trabalho, Liane Durão, destacou a importância de garantir a regularização dos trabalhadores. "Precisamos garantir a integridade desses trabalhadores, começando pelo registro e regularização desses processos migratórios e o registro desses trabalhadores aqui no Brasil. E isso não se aplica apenas aos trabalhadores resgatados, mas também àqueles que estão chegando para trabalhar na obra, como os da construção civil. Eles precisam ser registrados e devem obedecer à legislação brasileira", afirmou.
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O subprocurador-geral do Ministério Público do Trabalho, Fábio Leal, reforçou a importância de responsabilizar os envolvidos. "É essencial que as empresas contratantes tenham o dever de fiscalizar suas cadeias produtivas. Não basta alegar desconhecimento das condições. A BYD também tem responsabilidade solidária e deve adotar medidas para evitar a repetição desses abusos", declarou.
As investigações também revelaram acidentes graves envolvendo operários, além de alimentação e instalações inadequadas. A fiscalização determinou a interdição de alojamentos e trechos do canteiro de obras, e as empresas envolvidas foram notificadas extrajudicialmente.
Por: Mayara Nailanne
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