“Países que reduziram a escala tiveram aumento nos lucros”, afirma economista sobre redução da jornada de trabalho

Por Luiz Santos e Hely Beltrão

Aconteceram em todo país neste feriado do dia 15 de novembro, manifestações favoráveis à redução da escala de trabalho da atual 6x1 para a 5x2, proposta pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Em Feira de Santana, a manifestação ocorreu em frente ao estacionamento da Prefeitura.

Ao Conectado News, o vereador Jhonatas Monteiro (PSOL) ressaltou a importância do projeto para a saúde, economia, qualificação e vida social do trabalhador.

"Essa manifestação foi convocada pelo pessoal do nosso mandato para se somar a um esforço nacional que acontece em outros municípios, de mobilizações parecidas em favor da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) pelo fim da jornada 6x1 de trabalho em nosso país, a deputada federal Erika Hilton, formalizou uma proposta para jornada de 36 horas semanais, tem coletado assinaturas na Câmara Federal, na quarta (13) já tinha ultrapassado o número mínimo necessário, chegando a quase 200 assinaturas. Essa proposta leva em consideração a ideia de que o trabalho não pode ser algo que consome completamente a vida da pessoa, primeiro, é fundamental resguardar o tempo de descanso, segundo, é preciso considerar que a pessoa tem o cuidado com a família, cuidar de si do ponto de vista da saúde, estudos e qualificação profissional e tudo isso é comprometido se a pessoa trabalha seis dias e tem apenas um de descanso, nem sequer as ocupações outras da sua vida consegue dar conta. Essa é uma tendência mundial, a redução da jornada de trabalho, é importante que o Brasil também entre nesse processo e temos defendido isso, claro que é o início de uma caminhada, essa manifestação é um primeiro passo a fim de reunir pessoas interessadas para ver quem vai mobilizar as outras pessoas, porque se não tiver gente mobilizada não se mobiliza ninguém, esse foi o sentido desse encontro, mesmo em meio ao feriado de 15 de novembro, conseguimos reunir aqui um bom número de pessoas para dar esse passo inicial".

O economista Antônio Rosevaldo afirmou que todos os países ou empresas brasileiras que adotaram a redução da jornada aumentaram a sua lucratividade.

"Existe um provérbio antigo, que diz que “a grama do vizinho sempre é mais verde”, o pior de tudo, é que geralmente é verdade, ou seja, vamos olhar a grama do vizinho? Os países que adotaram essa escala reduzida, mais humana, alguém quebrou? Os países nórdicos, como Dinamarca, Noruega, Suécia, Suíça, todos trabalham com escala abaixo de 40 horas, então não é bem assim como está se falando, ninguém quebra. Karl Max dizia que é o trabalhador que gera riqueza, parece ocorrer aqui uma distorção das coisas, os empresários passaram a defender Karl Max? Por que se eles dizem que o empregado tem que trabalhar um dia a mais em uma escaça perversa de 6x1, eles acabam concordando que quem gera a riqueza é o empregado. Obviamente não é isso que os empresários querem dizer, mas que estão realmente surpresas com a força do movimento da classe trabalhadora no Brasil. Em nosso país, dos 220 milhões de habitantes, 40 milhões de pessoas trabalham  na escala 6x1, não é tão grande assim, existem alguns setores que já trabalham na escala menor e não temos conhecimento de que nenhum setor desses quebraram, como por exemplo os bancos, algum quebrou por trabalhar 30 horas semanais? A Prefeitura, com o mesmo regime de horas de trabalho, quebrou? Não. O que acontece hoje é que os empresários reclamam muito da economia, que o Brasil tem uma das mais baixas produtividades, ou seja, o trabalhador produzir mais no mesmo período de tempo e segundo eles, a diminuição da escala vai derrubar a produtividade, mas, não é tempo de trabalho que faz a produtividade, mas a qualificação. Como qualificar um trabalhador na escala 6x1? Dizem: quando estiver desempregado. Alguns empresários reclamam: tenho que pagar o treinamento para ele vir e ele não quer nem assim. Mas temos de entender que a pessoa desempregada tem baixa renda e o boleto não espera, ele consegue um emprego, abandona o treinamento e vai para o emprego. Se qualifica o trabalhador quando está empregado, assim, melhora a produtividade na empresa, esse dia a mais é para ele se qualificar", concluiu.