Nadadores feirenses relatam dificuldades por falta de patrocínio e apoio do poder público

Os irmãos João Vitor de Jesus e Ana Beatriz Bispo estiveram no Programa Levante a Voz da Rádio Sociedade News FM na manhã desta sexta (1), para contar não só a respeito de suas carreiras vitoriosas na natação, mas também das dificuldades enfrentadas devido a falta de patrocínio de empresas privadas e apoio do poder público. João Vitor e Ana Beatriz não são os únicos atletas feirenses que enfrentam esse tipo de dificuldade.

Em março de 2023, entrevistamos Danilo da Silva Santos, 19 anos, Bi Campeão Baiano de Atletismo, que nos relatou as dificuldades enfrentadas, mesmo tendo uma carreira vitoriosa. Em dezembro também do ano passado, conversamos com a nadadora Laís Santos Cerqueira, de apenas 14 anos,  que conquistou o segundo lugar ao participar pela primeira vez da travessia Itaparica - Salvador, prova de 12 km, onde a mãe nos relatou que arca com todas as despesas da atleta.

Para o técnico Johelio de Santana Barroso, Ana Beatriz e João Vitor são grandes promessas da natação baiana e brasileira."

Ana Beatriz e João Vitor são jovens talentos da natação feirense que vem se dedicando há muito tempo, desde 2016 estão nas competições e obtendo resultados expressivos, no domingo (3), Ana Beatriz completa 3 anos participando da Seleção Baiana, competindo em estados do Norte Nordeste representando a Bahia, João Vitor ano passado conseguiu a Seleção Baiana Escolar,  onde esteve nos Jogos Brasileiros Estudantis junto com sua irmã Beatriz representando muito bem a Bahia, são promessas que tem a crescer e estão se dedicando muito para isso".

Segundo João Vitor, a sua grande motivação é ver sua irmã competindo.

"Comecei a ver que minha irmã ganhava muitos troféus, medalhas, viajava muito, comecei a pensar que, se me dedicasse, tentasse conseguir chegar onde ela está. Agora que consegui, quero mais e mais".

Ana Beatriz se diz uma pessoa muito competitiva

"Sobre o incentivo, sempre fui uma pessoa muito competitiva, em qualquer esporte, por mais que soubesse que não iria ganhar, mas estava lá para competir, como meus pais também são pessoas muito competitivas, quando vão, querem e fazem acontecer, me colocaram na natação. No começo, eu era um peixe fora d' água, quase me afogando, mas eu ia nadando, observava pessoas como Ana Clara Guerra, isso me emocionava a ponto de querer ser como ela, que nada, ganha tudo, viajava. Quando chegava de uma viagem contava todos os detalhes ao João, nisso ele começou a se empolgar e passamos a ir juntos".

Modalidades e Competições

Ana Beatriz - As competições que participei, JEBS (Jogos Escolares Brasileiros), JIFBA (Jogos Integradores do Estudantes do IFBA). Vitor Décima Copa Brasil de Águas Abertas em Petrolina e ganhei o primeiro lugar no geral. João tem como característica uma resistência muito maior, então ele nada provas com características muito mais extensas que as minhas, por exemplo, João nada maratona, ele gosta de nadar longas distâncias, eu sou uma pessoa com a característica de uma prova bem mais curta, nado provas de 50, 100, na piscina, que são competições que eu gosto e me encontro".

Vitor - A que vou participar agora será mais uma Copa Brasil em Petrolina, o gasto com despesas é muito grande para viajar. 

Dificuldades com relação ao Esporte

Johelio relata que João Vitor treinou e participou da mesma competição que a nadadora Laís Santos Cerqueira, tinha a expectativa de fazer uma boa participação, mas ocorreram problemas. Ele relata ainda que o maior problema é a falta de patrocínio.

"Sobre a menina que fez a Travessia Mar Grande, João estava junto com ela, treinaram juntos, ele estava nadando muito bem essa prova, havia expectativa de chegar entre os 10 primeiros, mas aconteceu um problema durante a prova, uma água viva o abraçou, causando queimaduras. Não diria que a natação é mais difícil, mas a oportunidade é menor, atualmente está melhor, mas se voltarmos aos velhos tempos, tínhamos poucos lugares para praticar natação, existia o Feira Tênis Clube, o SESI e o Cajueiro, para participar da natação, tinha de ser sócio de um desses clubes, a grande massa da população não tinha acesso, somente pessoas com bom nível aquisitivo, hoje em dia ficou um pouco mais fácil, porque temos as academias, escolas do município e do Estado com piscina, esperamos que essas piscinas possam ser usadas, uma de 50 metros do município que vai facilitar.  No Ginásio Oyama tinha uma piscina de 25, que se encontra desativada, mas era usada por um grupo de pessoas, tinha natação, hidroginástica, era bem usada pela população, torcemos para esses polos voltarem e os que estão sendo construídos também, porque vai abraçar jovens como João e Bia, que não tem um poder aquisitivo tão grande, conseguiram se incluir na natação, mas que tem dificuldade de sair para competir pela questão do poder aquisitivo".

Ainda segundo o técnico, homens e mulheres podem participar das mesmas competições, ocorrendo apenas uma diferença relativa ao tipo genético.

"Se estiver treinado não importa qual é a prova, vai se sair bem para a competição que treinou, existem diferenças pela questão biológica entre masculino e feminino, mas, o que um faz o outro também consegue, mas vão ter resultados e tempos diferentes pela especificidade genética"

Programas do poder público de incentivo aos atletas

"Nossos atletas ano passado conseguiram se qualificar para ter direito a esses projetos, João na Copa Brasil ano passado ficou em terceiro lugar, nosso objetivo esse ano com ele é participar do Campeonato Brasileiro de Águas Abertas, mas, infelizmente pela questão financeira não conseguimos. Existem dois projetos, em Feira de Santana um que lida com o ISS (Imposto Sobre Serviços), que é o Pró Cultura e Esporte, que infelizmente está desativado desde 2019, infelizmente não retornou, estamos esperançosos pelo retorno porque facilita muito a nossa vida, existe o Faz Atleta, do governo do Estado, que envolve ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços) esse está funcionando, nossos atletas tem condição, fizeram um projeto ano passado para conseguir acessar, porém, infelizmente não conseguimos empresas para dar esse suporte via imposto".

Como ajudar?

"Diretamente, os procurando, vendo quais são os gastos através da mãe deles, a Dona Fran, através das contas de Instagram bia_anabispo e jjdejesus_75, e também através de uma empresa que queira nos ajudar com a parceria para abraçar o projeto deles e dar continuidade nessa carreira linda que eles têm", concluiu

Reportagem: Luiz Santos e Hely Beltrão