Marcelo Felipe Guerra dos Santos Rocha 18 anos, morto a tiros, em decorrência de intervenção policial em Feira de Santana em 1° de abril, onde, na versão da Polícia Militar o jovem teria resistido a abordagem policial e deflagrado tiros contra os PMs (Auto de Resistência)
Em entrevista ao Conectado News nesta segunda feira 1º, a assistente social e empreendedora, Daniela Guerra 37 anos, mãe de Marcelo, falou muito emocionada sobre a demora das investigações.
"Está uma lentidão as investigações, isso está me matando aos poucos, os policiais foram bem rápidos para matar meu filho, está completando 4 meses e até hoje não tivemos um posicionamento das autoridades”. diz.
"Após a primeira manifestação em 23 de maio, o delegado enviou o inquérito para o Ministério Público da Bahia(MP-BA), não estava concluso, em seguida foi devolvido para a delegacia, fui informada pela promotora de justiça que o caso ainda não tinha chegado ao (MP)".conta
Segundo Daniela, a promotora disse ainda que não teve acesso ao inquérito nem as imagens que são importantes pois comprovam que não houve troca de tiros".
"Eu tenho vídeos, estamos aguardando o posicionamento da justiça, as gravações mostram que Marcelinho estava estacionando o veículo. Ao estacionar, foi alvejado nas costas e morreu no local, ele não tinha arma , nunca teve nem de brinquedo", afirma a mãe.
"O discurso da PM é cansado e feio, além de matar covardemente ainda suja a imagem de uma pessoa que sempre foi íntegra", relata.
"Peço encarecidamente, pelo amor de Deus, para que outros "Marcelo" não são sejam mortos como o meu filho, que outras mães não sofram a dor que estou sentindo. O pior prejuízo foi a morte, não tenho como trazer a vida dele de volta",
"Chega de derramar sangue inocente polícia, cometer crimes em nome da lei. Marcelo não foi abordado e sim executado, meu filho viveu 18 anos, a partida foi precoce, desastrosa e despreparada pela PM", declarou.
"O nível de periculosidade que tenho de um bandido é igual que tenho da polícia, tenho pavor quando vejo a polícia com exceção de alguns policiais . Peço as autoridade que coloquem câmeras nas fardas dos policiais, em outros estados já têm, não foi bandido que matou meu filho, foram policiais".
"Se os policias tivessem com câmera não iriam falar essa mentira que foi troca de tiros, não iria consumar a morte por conta da câmera", diz.
Depois que mataram perceberam que ele não tinha antecedentes criminais, Marcelo estava com as ferramentas de trabalho, o aparelho celular dele e do cliente que iria entregar, o que prova a conduta dele, um jovem empreendedor que tinha sonhos, que foram assassinados pela polícia.
"É revoltante sujar a imagem de Marcelo e o descaso das autoridades, sem contar que o aparelho celular de Marcelinho estava na delegacia para ser periciado, foi dada a senha do mesmo, a polícia emitiu um documento informando que estava sem acesso por falta de senha, sendo que a namorada dele me enviou uma mensagem dizendo que tinha alguém utilizando o celular dele, na sequência amigos e clientes viram também que o número estava on-line, temos prints do momento que o celular estava sendo usado , isso é querer fazer a gente de palhaço", reclama.
"Estou aqui como mãe, meu filho estava falando comigo na noite do crime e disse que estava aguardando a blitz acabar, que iria demorar para chegar em casa", ele morreu sem direito a defesa, até quando vai ter mortes desta forma e carregar a fama que foi troca de tiros com a polícia?. A sociedade não aguenta mais", declarou.
Felipe estagiou no Banco do Brasil, concluiu o ensino médio e "nunca deu trabalho para os pais, ele motivo de orgulho para mim".
Em lágrimas Daniela finalizou fazendo um clamor: "policiais pelo amor de Deus, vocês não estudaram e se formaram para matar inocentes, o serviço de vocês é proteger a população, será que os PMs não têm filhos, sobrinhos, para ter coragem de fazer uma coisa dessa? Não posso trazer meu filho de volta, todos os dias choro e peça a Deus justiça por Marcelinho".
"Parem de matar inocentes , acredito que fizeram isso com meu filho por ele ser negro, se fosse branco com um carrão não fariam, meu Marcelo era um cidadão do bem", concluiu em prantos".
Ouça a entrevista com Daniela Guerra
Reportagem Ana Meire Dias
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