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Saúde Psicologia

Bahia é o estado do Nordeste com maior registro de mortes por lesões auto infligidas entre jovens

Quase 150 crianças, adolescentes e jovens morreram devido a lesões autoprovocadas entre 2023 e 2024

29/09/2025 07h12
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Foto: Getty Images
Foto: Getty Images

Fonte: G1 Bahia

Entre 2023 e 2024, 143 crianças, adolescentes e jovens entre 10 e 19 anos morreram devido a lesões autoprovocadas na Bahia. Os dados divulgados na segunda-feira (22) fazem parte de uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, e mostram que o estado tem os piores índices do Nordeste quando o assunto são os óbitos por autolesões.

Os registros foram feitos por profissionais que atendem adolescentes nessas condições e que devem, obrigatoriamente, seguir o protocolo de notificação. De acordo com Cefas Gonçalves Pio de Oliveira, pediatra especializado em atendimento a adolescentes e vice-presidente da Sociedade Baiana de Pediatria, nem todo jovem que comete autolesões tem a intenção de tirar a própria vida. Porém, a ausência do diagnóstico e de acompanhamento psicológico pode fazer o quadro evoluir para uma tentativa de suicídio no futuro.

    "Esse paciente tem maior chance de cometer suicídio no futuro. Precisamos ficar atentos a como detectar as autolesões, porque muitas vezes eles não chegam no consultório com essa queixa".

No Nordeste, foram 616 casos de óbitos provocados por autolesões em 2023 e 2024. Bahia, Pernambuco e Ceará são os três estados da região com os maiores números de casos. 

Óbitos por lesões autoprovocadas na Região Nordeste
Estado     Número de casos entre 2023 e 2024
Bahia     143
Ceará     110
Pernambuco     88
Maranhão     72
Rio Grande do Norte     46
Piauí     46
Paraíba     44
Alagoas     38
Sergipe     29
Total     616
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria

Como identificar casos de autolesões

O pediatra conta que os adolescentes costumam chegar no consultório acompanhados dos familiares e com outras queixas de saúde, a exemplo de dor de cabeça. Durante a consulta, ao perceber sinais de autolesão, é orientado que a família procure um psicólogo e um psiquiatra para dar andamento ao tratamento.

Segundo a psicóloga Ana Paula Carregosa, pessoas leigas costumam classificar as autolesões como uma "forma de chamar atenção". Mas, para esses adolescentes, o ato funciona como estratégia compensatória para lidar com situações de conflito.

    "Pode funcionar como uma autopunição, como como uma forma de regular uma sensação ou sentimento desagradável e até como um pedido de ajuda".

Neste contexto, alguns sinais podem ser observados pelos familiares e amigos:

    uso de casacos mesmo no calor;
    marcas de queimaduras e arranhões no corpo;
    mudanças de comportamento de forma abrupta.

Ao perceber as lesões, é importante estabelecer uma comunicação acolhedora com o adolescente, validando seus sentimentos e demonstrando preocupação com a situação. "Não é indicado conversar de forma punitiva ou invasiva, é preciso acolher esse adolescente", ressaltou a psicóloga.

A importância da terapia

Na terapia, o adolescente vai ser acolhido pelo profissional e vai poder conversar de forma aprofundada sobre o que o leva a provocar a autolesão.

    "A terapia vai proporcionar educação emocional, estratégias para manejar crises e aumento do repertório de habilidades sociais. Ele vai aprender como lidar com sensações e sentimentos desagradáveis de forma saudável", pontuou a psicóloga.

Além disso, a especialista destaca a importância dos familiares envolvidos na criação do adolescente também serem acolhidos nesse processo, afinal, assuntos como ansiedade e depressão começaram a ser abordados recentemente e muitos desses adultos não tiveram acesso à educação emocional.

Para Ana Paula, a família deve ser um ponto de apoio e trabalhar junto com o adolescente em prol da melhora da saúde mental.

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