Feira de Santana Registra Alta nos Acidentes e Adoecimentos Relacionados ao Trabalho

A saúde do trabalhador é uma pauta que exige atenção contínua e ações efetivas para prevenir acidentes e doenças ocupacionais. Em Feira de Santana, a Vigilância em Saúde do Trabalhador, coordenada pelo Cerest - Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, intensifica seu trabalho de inspeção e monitoramento nos ambientes laborais para garantir melhores condições e evitar adoecimentos e acidentes.

Em entrevista, Verena Leal, coordenadora do Cerest, detalha as estratégias adotadas para fiscalizar e promover a segurança no trabalho, os desafios enfrentados na fiscalização de campo e os dados preocupantes sobre o aumento de acidentes em Feira de Santana.

Segundo Verena, as equipes realizam inspeções constantes em diversos ambientes, tanto externos quanto internos, para identificar riscos e orientar sobre normas de segurança. "Temos observado que, por exemplo, trabalhadores que atuam na instalação de internet, especialmente em empresas locais, muitas vezes não seguem as normas básicas de segurança, como o uso correto de escadas e sinalização, o que os expõe a riscos graves, como choques elétricos e acidentes de trânsito", explica.

A coordenadora ressalta que, embora essa categoria chame atenção, outras atividades também apresentam riscos diários e demandam atenção constante da vigilância. "O trabalho é complexo e móvel: às vezes recebemos denúncias sobre um ponto, mas quando chegamos o trabalhador já não está mais ali. Mesmo assim, não deixamos de atuar e ampliar nosso alcance", afirma.

Doenças relacionadas ao trabalho: notificação e acompanhamento

Além dos acidentes físicos, o Cerest monitora o adoecimento mental relacionado ao trabalho, como a síndrome de burnout, depressão e casos de assédio moral. "Todo adoecimento relacionado ao trabalho deve ser notificado para que possamos levantar dados e entender quais ambientes são mais críticos, assim planejamos ações preventivas", destaca Verena.

Ela ressalta que muitos trabalhadores têm medo de buscar ajuda ou denunciar suas condições por receio de perder o emprego ou sofrer julgamento social, o que dificulta o diagnóstico e o acompanhamento desses casos. "Estamos atentos e monitoramos continuamente para mudar essa realidade."

Os números são preocupantes. Em 2024, Feira de Santana registrou 762 acidentes de trabalho, enquanto de janeiro a julho de 2025 já foram notificados 287 casos, indicando uma curva ascendente. "Isso mostra que os acidentes estão aumentando, e precisamos intensificar ainda mais as ações de prevenção para evitar que mais trabalhadores sofram incapacidades ou até mesmo percam a vida", alerta Verena.

Quanto à capacidade do Cerest em fiscalizar toda a região, Verena explica que o serviço é regional e cobre Feira de Santana e outros 27 municípios. "A vigilância não consegue abarcar tudo sozinha, mas conta também com a participação ativa dos trabalhadores, que precisam denunciar irregularidades e situações de risco."

Para facilitar esse contato, o Cerest disponibiliza o telefone para denúncias anônimas: (75) 3617-3247. "A sociedade deve exercer seu papel de vigilância em saúde, pois isso é fundamental para a proteção coletiva", conclui a coordenadora.

A vigilância em saúde do trabalhador é um trabalho constante que depende da ação conjunta entre órgãos de saúde, empregadores e trabalhadores. Com a intensificação das inspeções e a participação ativa da população, é possível criar ambientes laborais mais seguros e saudáveis, reduzindo o número de acidentes e adoecimentos que impactam famílias e a economia local.

Com informações: Luiz Santos 

Por: Mayara Nailanne